A Alcateia

Em coma

   Beatriz saiu correndo pelos corredores. Não se importava se iria cair dos enormes saltos, não dava a minima. Ela passou por outras alunas que a olharam curiosas. Sua bolsa balançava no sue braço e ela a largou. A bolsa caiu no chão e Beatriz a olhou com a expressão vazia. Lagrimas desceram pelo seu rosto, enquanto ela olhava o conteúdo da bolsa espalhado pelo chão. Ela agarrou seu Gloss, seus batons e uma pulseira e jogou dentro da bolsa. Foi quando Beatriz se deu conta que nada dentro daquela bolsa importava muito, antigamente costumava ter uma foto dela e Bianca na carteira ou na bolsa, e agora não existia nenhuma foto ali.

–Beatriz – Guilia, uma das suas amigas perguntou ao se aproximar dela. Beatriz se encontrou na parede e não escondeu as lagrimas - Tudo bem?

–Não – Ela falou olhando para longe.

–O que aconteceu? – Guilia perguntou curiosa.

– Parte de mim está em coma – Beatriz falou triste, deu as costas para Guilia que não havia entendido nada e foi para o seu quarto.

Caminhou até o quarto devagar, lembrando-se de todas as coisas que haviam feito quando crianças. Bianca sempre havia sido a mais alegre. A mais criativa das duas, fazendo sempre Beatriz copiar os gestos dela para que ninguém conseguisse descobri quem eram quem.

"Beatriz meu amor. Sua irmã está no hospital. Oh Meu Deus, Beatriz. Ela está em coma – Ela escutou a voz de choro da mãe que soluçava – Vou processar todos eles. Venha para França, sua irmã precisa de você – e desligou."

Sua cabeça girava. As lagrimas não paravam de inundar seu rosto. Sentia-se estúpida. Cretina por ter deixado Bianca completamente sozinha no Prestigi, ela havia dito que odiava aquele lugar. Se ela tivesse ligado mais algumas vezes, se tivesse ficado ao telefone com elas por horas ou tentado traze-la para o Potenza ela não estaria naquela situação agora. Em coma seu cérebro gritou.

Beatriz pegou um táxi sobre o olhar curioso da metade das garotas do internato. Ela não havia contado nem para Pietra e nem para Izadora. O voo para França foi tranquilo, mas o interior de Beatriz estava um caos. Ela não queria que fosse sua culpa. Mas era a sua culpa o que tinha acontecido. Bianca sempre cuidava dela e Beatriz? Deixou a vida no internato italiano distancia-las. Olhou os cabelos loiros claros e chorou por se lembrar de que nem havia ligado para irmã para comentar. Quando o avião pousou e ela desembarcou havia apenas um motorista a esperando.

Ela não dormiu, foi imediatamente para o hospital em que Bianca estava. Seus pais estavam lá. A mãe estava com uma aparência cansada e furiosa. Fumou, gritou que iria processar cada menininha que estivesse envolvida na brincadeira e chorou. Elizabeth chorou ao terminar, por que ela sabia que mesmo feito isso Bianca ainda estaria em coma. Beatriz se aproximou da cama. O Bip dos aparelhos conectados a Bianca a assustava. O cheio de água sanitária fazia seu nariz arder, Bianca estava mais pálida do que se lembrava. A cabeça envolta de faixas.

–Eles a encontraram dentro de uma piscina vazia – Seu pai finalmente disse. Leonardo tinha a barba por fazer e seus olhos estavam vermelhos – Disseram que foi uma brincadeira por parte das amigas . Que tipo de brincadeira é essa?

Beatriz apertou a mão de Bianca e observou seu pai chorar. Sua mãe estava perto da janela, perdida em seus pensamentos.

–Irmã – Ela sussurrou no ouvido da gêmea, mas, nada ocorreu – por favor, Bia não morra. Sou eu a Beatriz.. - não houve nada diferente.

Duas semanas se passaram. Bianca não mostrava reação ou melhoras. Seus pais haviam entrado em contato com os melhores médicos, porém Bianca continuava sem reagir. Os três passavam dia e noite ao lado de Bianca, até o dia que os pais comentaram que Bianca não iria melhorar tão cedo, e pediram a Beatriz que voltasse ao Potenza.

Beatriz obedeceu, em partes por que se sentia impotente devido a situação de Bianca. Não podia fazer nada e Bianca não reagia a seus pedidos de desculpas, suas promessas e muito menos seus apelos que acordasse. Na mesma noite ela pegou um avião para Itália.

Elizabeth segurava a mão da filha com carinho. Ela tinha que acordar, pensou, e se não acordasse? Leonardo havia ido ao hotel descansar. Ela havia ficado, era sua filha e a culpa não a deixaria descansar até que Bianca abrisse os olhos e a perdoasse. Elizabeth acariciou a mão da filha e de repente a porta se abriu. Era Beatriz.

– Filha - Ela disse surpresa – Você deveria ter pegado o avião...

–Eu peguei mamãe – Beatriz se aproximou de Bianca e colocou seus lábios no ouvido da irmã - Eu sei que você pode me ouvir Bia. Quero pedi perdão mais uma vez. Sei que fui péssima com você. Mas vou arrumar isso – Sussurrou - Vou descobri quem fez isso com você irmãzinha, e vão pagar caro. Lembra que nunca conseguiam nos diferenciar? Aposto que no Prestigi também não conseguirão. Vou fazer isso por você Bia. Eu te amo.

– Tchau mãe – Beatriz se despediu.

– Ligue quando chegar.

–Ligarei - respondeu indo embora. Olhou os documentos de Bianca que havia pegado escondido na suíte dos pais e foi par ao Aeroporto. Prestigi, iria queimar com sua fúria.