Capítulo 4

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As Ilhas das Lágrimas eram um lugar úmido, muito grande maior que toda Valia na verdade, um conjunto de Ilhas que era dominado pelos piratas, local de muitos bares onde noites viravam e bêbados permaneciam ali, sujos e fedendo a álcool.

O centro das ilhas era chamado Centurião, onde estava situado o Centro Real, de onde sairiam todos os gastos da Capital e empréstimos ao reino. Ao redor do Centro real se difundiu a cidade de Além-Mar, com ruas estreitas e com comércio baseado em especiarias e ervas. As casas e lojas mais pareciam todas uma só, pois eram realmente grudadas e muito altas com vários andares.

Era noite quando a chuva começou e em uma das cabanas um homem baixinho batia na porta, era Mäustad, o anão que chegara para a reunião.

Dentro da casa uma grande mesa com um grande banquete estava preparada e muitas pessoas estavam conversando. Era a sociedade da Mão Negra que estava retomando as forças.

-Boa noite á todos – disse Mäustad- Recebo informações vindas da Capital.

-E o que seria meu velho amigo? – indaga Amadan.

-Boatos de que um impostor, que se apossou do nome Gelroth participou da escolha da rainha.

Todos cochicham com a noticia.

-Como sabe se é verídico? – questiona Amadan.

-Acabo de vir da Capital, fugindo e desviando dos guardas reais. A Capital está selada, ninguém entra ou sai, a rainha Meredith instaurou uma tirania no castelo de Stone Heart e decretou que todos sejam interrogados. Um Conselho Real foi formado e julgará as sentenças de suspeitos. Não existe escapatória, logo estarão em Centurião e por todas Ilhas das Lágrimas.

-Receio que isso seja imprudente. – exclama uma voz rouca. De repente uma figura encapuzada surge. – O reino de Valia está tomado, um impostor toma meu lugar no Conselho, já desfeito e agora a rainha pretende fazer a verdadeira inquisição.

-Lirath- ele é interrompido pelo aceno de silêncio da figura.

-Nem mais uma palavra. A Mão Negra precisa retomar seu lugar, quando governamos, o reino prosperava, as mentiras fizeram o povo se rebelar. Tzimas morreu e eu estou vivo, eu serei o rei, a coroa deve ser minha. Partiremos esta noite para o extremo leste de Valia.

Amadan se assusta e diz:

-Mas meu senhor, o extremo leste está tomado de canibais e tribos nativas em guerra.

-Os traremos para o nosso lado. Há algumas semanas enviei três sacerdotes para entrar em conversa com líderes da região, estamos retomando nossa força e vamos retomar o reino. Ele é nosso por conquista. Vamos marchar imediatamente, a não ser que queiram guardas reais decapitando todos.

Todos os presentes levantam-se rapidamente em busca de mantimentos para a viagem e recolhendo pertences, uma mulher levantou tão rápido que caiu no primeiro passo.

Lirath, o líder da Mão Negra vinha realinhando forças para retomar o reino da Valia. Lirath era um homem alto, de cabelos castanhos e olhos cor de mel. Segundo boatos, era o último sobrevivente do povo mágico, descendente dos grandes elfos-reis. Seres fantásticos que habitavam Valia antes da tomada dos bárbaros vindos das Terras sem Lei, após as Ilhas das Lágrimas. Sua vida era cheia de segredos, foi o senhor do Centro Real quando Gelroth governava, ele administrava todas as riquezas do reino.

Ainda na sala, Amadan pergunta:

-Lirath, você sabe que a rainha ordenou que os domínios fossem desfeitos?

-Sim. Por isso mesmo irei em frente, para enfrentá-la, arrancar aquela coroa.

-Você sabe que Mäustad me disse que ela está determinada á dizimar com todos os seus inimigos? E você acha que nós temos exército suficiente? Não temos nada. – afirma Amadan.

-Eu sei. É por isso que precisamos começar por algum lugar, e começaremos no extremo leste, tendo as tribos nativas ao nosso lado será um passo dado. Amadan, você já ouviu falar em um dragão adormecido no Palácio de Areia do leste?

-Histórias. Eu ouvia quando era criança.

-E se fosse verdade? E se buscássemos esta criatura, Waxus, o terror do leste.

Amadan observa.

-Mas são só histórias.

-Amadan, não são histórias. Você verá. Quando chegarmos no Palácio de Areia você verá.

***

O Palácio de Areia era uma imponente fortaleza construída com pedras amareladas e enormes pilares. Lar dos bárbaros que colonizaram Valia, abandonado há muito tempo e tomado agora como sede da tribo canibal Orábia, o povo orábio era de uma pele muito escura e olhos verdes como esmeraldas. Quem ousasse pisar em seu território, era devorado por todos da tribo.

Amadan vê o palácio de longe e pergunta:

-Os sacerdotes já pacificaram?

-Segundo informações, sim. – disse Mäustad.

-Não vejo Lirath desde que partimos.

O acampamento montado estava á quilômetros do palácio, para ver a magnitude do império que ali seria instalado.

Na grande tenda montada estavam reunidos os líderes do conselho. Amadan senta-se na mesa e ouve a queixa de uma mulher:

-Fazem dias que estamos parados aqui, dias que Lirath não aparece, os alimentos estão acabando e a água também.

-Exatamente, Lirath nos trouxe para uma emboscada e nos abandonou, pelo jeito para sermos a comida dos canibais. – disse Mäustad.

Amadan olha para o comandante da Guarda:

-Informações comandante?

-Pela manhã foram avistados três orábios espreitando o acampamento. E...

-Obrigado. – diz Amadan.

O guarda ainda interrompe:

-Senhor. Um dos nossos guardas capturou um saco que um dos canibais jogou para perto dele.

O guarda entrega o saco para Amadan que despeja o conteúdo na mesa. Era a uma mão com a tatuagem de duas espadas e uma luva com o mesmo símbolo. Era a mão de um dos sacerdotes.

-É a mão de um dos sacerdotes! – exclama um homem.

-Acalmem-se. Por favor, retire daqui, espere – ele retira um papel – tem uma mensagem aqui.

Não havia mensagem, apenas um "X", o "x" na linguagem dos orábios significava algo como expulsar, afastar, matar.

De repente muito barulho se ouviu do lado de fora, espadas foram desembainhadas, todos foram para a rua. Os orábios estavam cercando a tenda e todos os guardas, foi quando um grande grito ecoou do céu. Era Waxus, o terror do leste e pelo seu tamanho, quase não foi possível perceber que em cima dele estava Lirath domando a fera. Todos os canibais se assustaram, inclusive os refugiados da Mão Negra. O dragão era negro como a noite. Ainda no céu soltou chamas em cima de todos os orábios. Quando pousou em terra partiu ao meio inúmeros canibais.

O dragão fez mais um voo, alçando longe chegando até o palácio de areia, onde foi possível ver as chamas e os corpos que voavam para todos os lados com a violência e imponência que as presas de Waxus tinham. O dragão então voltava fazendo um voo espetacular em cima do acampamento, pousando em frente de todos.

Então, dele desceu Lirath,o domador de dragões. 

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⏰ Last updated: Feb 09, 2016 ⏰

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