Capítulo 33 - 4 de novembro de 2015

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4 de novembro de 2015.

Assim que eu pisei no saguão do aeroporto JFK de NY, pude sentir uma verdadeira onda de sentimentos me inundarem. Tudo parecia assustadoramente igual à época em que eu ainda reprimia todas as minhas vontades e desperdiçava cada segundo da minha vida. As pessoas, todas muito bem arrumadas, carregavam suas malas apressadamente pelo local, prestando mais atenção em seus celulares do que no próprio caminho em si. Até o cheiro de gordura enjoativo das redes de fast food do aeroporto era igual... como eu sentia falta do aroma do mar.

—Achei vocês! – Eu escutei a voz estridente da Verônica soar e em alguns segundos ela já estava parada na minha frente e da Camila. – Pensei que tivesse chegado atrasada... A minha sogra ogra resolveu fazer uma visita surpresa lá no apartamento e eu demorei a me libertar da naja. – Ela adicionou respirando fundo.

—Deixa a Lucy escutar que você está chamando a mãezinha dela de naja. – Eu brinquei e ela revirou os olhos.

―Lucy sabe que eu e a mãe dela nos odiamos mutuamente, mas no final nós duas nos aguentamos por amor a Lu. – Vero disse dando de ombros. – Mas enfim, como você está Mila? Ficou normal depois da pancada da cabeça ou ainda está maluca e aguentando a Laurenzo todo dia? – Vero perguntou num tom provocativo, enquanto voltava sua atenção para a Camila.

—Verônica! – Eu a repreendi, séria.

―Tudo bem, ela só está brincando, mi amor... – Camila falou soltando uma risada, apertando levemente minha mão. – E eu continuo completamente maluquinha por essa criatura ranzinza de olhos verdes aqui, Vero. – Camila adicionou sorridente e eu cerrei os olhos em sua direção.

—Bom, tudo certo então... Estava com saudades de vocês duas. – Vero disse sorrindo de volta, enquanto nos puxava para um breve abraço.

―Nós também estávamos... – Eu falei retribuindo o abraço, junto com a Camila.

—Eu só não entendi essa visita surpresa de vocês, pensei que continuariam na ilha por um bom tempo, ainda mais depois do acidente. – Vero comentou naturalmente e eu soltei um suspiro alternando meu olhar entre ela e a Camila. – Espera, o que foi? – Ela perguntou interessada notando que havia algo de errado.

―Vamos indo, eu te conto no caminho, ainda tenho muita coisa para acertar hoje. – Eu disse séria começando a caminhar junto com as duas.

Já dentro do carro da Verônica, eu dividia minha atenção entre explicar toda a situação em que meus pais estavam metidos e observar as ruas movimentadas de NY. Era a primeira semana do inverno e algumas pessoas já usavam casacos grossos, enquanto carregavam copos de café quente em suas mãos. Era tudo caoticamente igual... As luzes dos prédios gigantescos, as calçadas espaçosas onde as pessoas caminhavam apressadamente, o som estridente das buzinas dos típicos táxis amarelos, as lojas de marca abarrotadas de gente e que carregavam o odor do consumismo desenfreado. Essa era a minha visão de NY, um lugar completamente frio, agora literalmente, e sem sentimentos... A única diferença agora era que, ao girar minha cabeça em direção à Camila, eu sabia que, talvez, com a pessoa certa, NY não fosse tão ruim assim... Os olhos dela brilhavam encarando o diferente...

—Laur, isso é uma acusação muito séria, mas se você tem tanta certeza assim que foram eles que armaram isso tudo, eu vou ficar do seu lado. – Vero, comentou enquanto dirigia pelas ruas movimentadas.

―Eu sei que sim... e vou precisar da sua ajuda. – Eu disse coçando levemente meu queixo.

—Com o quê? Você não vai querer que eu te ajude no assassinato deles né? – Ela perguntou franzindo a testa.

Mi Ojos Verdes - Camren -Onde as histórias ganham vida. Descobre agora