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31 de agosto de 1980.

O avião do modelo Embraer 721 Sertanejo, voava paralelo à cordilheira dos Andes a mais de 200 km/h e quase 14000 pés de altura, ainda assim viam-se picos brancos banhados de neve acima deles, o piloto Pablo Martins procurava algum ponto que poderia usar de pista de pouso, na cordilheira impossível, e atravessa-la mais impossível ainda, o avião não atingia a altitude suficiente para atravessa-la, o máximo seria em torno de 4500 metros, e as montanhas beiravam os 6000 metros de altura. Por hora teria que achar o lugar mais adequado.

- Pablo, estamos próximos do local? – Perguntou Helena, pois já não aguentava mais o frio dentro da aeronave.

- Si señorita! Es tranquilo! Tranquilo.

Terminando de falar com ela, deu uma guinada à esquerda, e começou a descer. Helena olhou pela janelinha, não viu nada, só um borrão branco muito forte, que doía as vistas. Apesar de estar empacotada de roupas, ainda sentia frio, esfregou os braços para aquecê-los. Olhou novamente pra baixo, agora dava pra ver alguma coisa, lá embaixo, algo parecido com uma estrada.

Ufa! – Pensou e suspirou. Mas estava com um friozinho na barriga ainda, desde a hora de decolou de Terre Lointaine, sua capital Cécile.

Vamos fazer nosso trabalho e ir embora! Nada vai dar errado!

Trabalho este, que lhe foi designado, nada fácil de fazer, precisava escrever uma matéria sobre as situações dos países vizinhos, referente à suas ditaduras, onde o próprio Brasil vivia a sua, também a Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e Bolívia onde cada um destes cooperavam mutuamente com o regime para reprimir qualquer resistência aos regimes ditatoriais implantados, conhecido como Operação Condor. Agora todos os Brasileiros já acreditavam no fim da ditadura, pois até as eleições para senadores já tinha acontecido, sendo assim os editores acharam que era o momento de escrever esta história, provavelmente se fosse nos tempos áureos da ditadura jamais isto seria publicado, até mesmo há de se duvidar se ela estaria viva após o termino disto tudo.

Sobrou pra ela, a mais destemida das garotas, aqui estava ela. Pronta pra entrar no pior cenário da América do Sul, o mais resistente e fechado de todos os países que se encontrava no regime militar.

O avião deu um solavanco, tremeu, balançou e a impressão que desceu em queda livre por uns quatro metros, mais baque! Ela tratou de segurar no banco e fechar os olhos, mais alguns minutos, outro solavanco, outro baque, mas agora diferente, abriu os olhos, tinham pousado na pequena estradinha que ela tinha visto lá de cima.

Desceram, ela pegou a mala, Rubens Mariano o fotógrafo pegou a dele com todos seus aparelhos. Fazia muito frio do lado de fora, Helena olhou a sua volta viu o piloto a alguns metros conversando com um local, estavam um pouco longe para escutar o que eles conversavam. Até que ele veio em direção de Helena e Rubens.

- Helena, o Jeep ainda no ha llegado, vamos a venir a tomar algo caliente, enquanto esperamos. – Disse Pablo arrastando um portunhol apontando para uma pequena casa, a uns quinhentos metros de onde estavam.

- Si, Pablo, por favor! Preciso muito de algo quente. Vamos Rubens! – Falou Helena, já caminhando rápido em direção a casa.

Fronteira da CaveiraWhere stories live. Discover now