Três.

29 3 7
                                    


01 de setembro de 1980.

Deixaram a caverna um pouco antes de raiar o sol, esta manhã estava muito frio, alguns trechos da trilha tinham alguns focos de neve, a medida que foram descendo a montanha, os focos de neves foram ficando cada vez mais raro.

Após quatro horas interruptas de caminhada em cima do lombo das mulas, já podiam avistar vestígios de vida humana, eles margeavam um rio e do outro lado podia ver uma estrada de chão batido.

Logo mais, avistaram uma pequena ponte de madeira, atravessaram por ela até a estrada, seguiram por alguns minutos até que aproximarem de uma pequena cabana.

De uma pequena chaminé saia um fio de fumaça, prenderam os animais, e todos eles entraram. Helena reparou que a cabana tinha um cômodo somente, algo parecido com uma cozinha com fogão a lenha e alguns bancos de madeira.

Enquanto todos almoçavam, algo aconteceu, todos pausaram o garfo no ar para concentrar e escutar o barulho lá fora, barulho de pneus derrapando com freadas na terra batida, no mesmo instante Pablo e Ruan jogaram o que tinha na mão pro alto e saíram da mesa tropeçando no que tinha a frente até o centro da cabana onde tinha um tapete de pele de animal.

Helena e Rubens olharam a cena sem entender nada, viram que os dois homens levantaram o tapete e de um alçapão tiraram duas espingardas. Enquanto os dois empunhavam as armas, surgiram mais dois homens e entraram na cabana e Pablo apontou o alçapão para eles, mas desta vez do buraco do chão saíram duas metralhadoras do estilo usado pelos gangsteres americanos.

De fora da cabana veio uma voz metalizada, provavelmente proveniente de um megafone.

- Aquí es la policía militar de Castela, los hombres se van con las manos en alto.

Dentro da cabana total silêncio, Helena e Rubens olharam um para o outro, em seguida olharam para Pablo, este apontou e pediu para se protegerem.

- Se protegen! – Disse Pablo apontando um canto da cabana.

Sem questionar a ordem, foram para um canto da cozinha entre o fogão a lenha e uma coluna que sustentava o telhado da cabana e ali ficaram sentados.

Enquanto eles se agachavam ouvia-se a voz metalizada repetir a frase:

- Aquí es la policía militar de Castela...

A cabana tinha uma pequena janela, um dos homens rastejou até ela, tirou o chapéu, e olhou rapidamente pra fora, por três vezes, fez alguns sinais com a mão para Pablo, o que Helena entendeu foi que ele gesticulou o número 2 com os dedos, depois fez gesto colocando uma mão sobre a outra e uma das mãos deslizou sobre a palma da mão, depois repetiu o número 4 com os dedos por duas vezes, e gesticulou com dois dedos sobre a palma da mão como se fosse duas perninhas. Helena tentava entender, quando Pablo disse em meia voz para os outros homens.

- Son dos a uno.

Helena entendera perfeitamente agora, tinha dois homens para um, que significava que existiam oito policiais lá fora, e o primeiro gesto provavelmente era que existiam dois veículos lá fora.

Enquanto ela pensava e visualizava toda a cena, o policial lá fora terminava de repetir pela terceira vez.

- ... hombres se van con las manos en alto.

"Vou pedir aumento quando voltar!", "Que merda! Como disse meu chefe: É uma viagem tranquila!", "Não quero nem saber, vou pedir aumento, pelos cagaços que estou passando!". Helena indagava em seu próprio pensamento.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Jan 02, 2017 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Fronteira da CaveiraWhere stories live. Discover now