Capítulo IV (Luvell)

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As pessoas pensam que sonhos não são reais apenas porque não são feitos de matéria, de partículas. Sonhos são reais. Mas eles são feitos de pontos de vista, de imagens, de memórias e trocadilhos, e de esperanças perdidas.

Neil Gaiman

O corpo de Luvell se debate na cama, são movimentos bruscos

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O corpo de Luvell se debate na cama, são movimentos bruscos. Ela está suada. A respiração é forte. A cena frenética dura minutos. De repente ela se encolhe em posição fetal. Continua a dormir. Seu semblante torna-se pacífico. A respiração toma um ritmo lento.

O menino ruivo corre com ela no jardim. O sol ilumina o gramado.

Ela adora aquele menino. O rosto dele é nítido.

Tudo em volta é desfocado.

Ela faria de tudo para ficar naquele momento.

Vê-lo sorrir, poder brincar naquele jardim.

No fundo um vulto de um adulto.

O vulto chama o menino. Ela pensa em gritar.

Não se vá para longe de mim!

Luvell acorda.

Mais um de seus sonhos repetidos. Ela está acostumada. Às vezes, eles se repetem iguaizinhos, outras vezes alteram-se detalhes. Toda manhã ela se lembra dos sonhos, dos inéditos e dos recorrentes. O menino ruivo tem constância em seus sonhos. Ele é lindo. Corriqueiramente, acorda cansada. Os sonhos cansam mais que a realidade. Uma pergunta ronda sua mente. Toda manhã a mesma pergunta.

Quem sou eu?

A pergunta vem de seu íntimo. Ela acredita que todos se fazem essa pergunta, mesmo que inconscientemente. Todo mundo quer saber quem é. Ninguém sabe realmente. A vida nada mais é que uma odisseia em busca dessa resposta. Outra pergunta lhe surge: Quem seriam aquelas pessoas tão familiares em seus sonhos?

Há anos ela tem dificuldade em distinguir os sonhos da realidade. Quem era aquele ruivo? O que lhe confirma o real é certa rotina, sequências de acontecimentos lógicos, que nos sonhos, às vezes, não duram tanto.

Não é comum, mas a "moça" levantou cedo. Ela sabe que não precisa ir trabalhar, já resolveu as tarefas da semana no dia anterior. Tem facilidade em resolver as coisas, sobra-lhe tempo livre. Ela tira a camisola e se olha no espelho. O incômodo e também adorável pênis continua lá, pendurado como um lustre. Seu corpo miúdo faz o membro parecer maior do que é. Ela segura os pequenos seios, seu orgulho, faz uma cara sensual para a imagem do espelho. Seus cabelos ondulados, negros como uma graúna, descem até próximos das nádegas bem delineadas. A magreza de uma modelo de passarela, a delicadeza de um corpo de adolescente.

 A magreza de uma modelo de passarela, a delicadeza de um corpo de adolescente

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O Outro no EspelhoWhere stories live. Discover now