SPELAION - PARTE V

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Chawla acordou assustada agarrando os lençóis com toda a força. O alarme do despertador tocava pacificamente ao seu lado. Pehh! Pehh! Pehh! Sentou na cama desorientada e escondeu o rosto entre as mãos.


Lavou o rosto no banheiro, tentando se recompor e pôr os pensamentos em ordem. Aquele sonho havia perturbado partes de si que nem sabia que existiam. Algo estava muito errado, assustadoramente errado, mas ela não conseguia identificar o que. Afundou o rosto na água e deixou a corrente correr pela sua nuca. Tinha coisas mais importantes com o que se preocupar naquele momento e aquela água teria que ser o suficiente para levar suas preocupações para longe.

Chawla segurou o monitor com as duas mãos, lutando com todas as forças para não arremessá-lo pela janela. "SUCESSO" piscava alegremente na sua frente, preenchendo boa parte do monitor e da sua paciência. Afastou-se do computador e foi para sua mesa bufando. Não podia garantir a integridade física daquele maldito, mas ainda precisava dele. Afundou na cadeira com o relatório em mãos. "O que deu errado agora?", pensou revisando as ondulações de autoconsciência. Perto do fim, os picos foram muito além de testes anteriores, mas nada chegou ao segundo nível. "Será que é impossível passar do maldito primeiro nível?". Chawla batia os pés nervosamente no chão. "Não. Impossível não é. O monge passou. De uma forma estranha, sim, mas passou". Chawla acompanhou os picos de autoconsciência no papel com o dedo, como a linha de um eletrocardiograma. "A minha simulação atingiu, de longe, o maior pico no primeiro nível. O que falta para você passar de nível, sua imbecil? O que aquele maldito monge fez que eu não consigo?" Fez uma rápida pesquisa no computador, imprimiu a página com o relatório do monge e a colocou ao lado da sua. Durante boa parte da vida do monge os picos eram altos, bem acima da média. Então em um ponto não particularmente interessante, atingiu um nível muito alto e depois nada. Apenas uma linha reta até o fim da sua vida. E no exato momento do fim da vida um pico gigantesco atingindo o segundo nível de autoconsciência e depois nada de novo. Como se tivesse saído do primeiro nível para se dissipar. 

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