hate

✿ nine ✿

Ninguém estava cem por cento preparado para a conquista da Campbell. Noah Urrea se mantinha um pouco afastado, com medo das grosserias da de olhos azuis e Eva Collins, nem sequer disfarçava o quanto estava incomodada com aquela presença.

Em um canto, Annabeth conversava com Henrietta sobre assuntos aleatórios e no sofá velho da garagem, Ruel ensinava Harmony a matar alguns zombies. Era claro que Henrietta admirava o carinho que ele tinha com sua irmã mais nova mas ele ainda era um homem e consequentemente, um babaca.

— Ele é um fofo, não acha? — Annabeth abaixou o tom de voz, para que apenas Henrietta a escutasse.

— Não acho. — Ela deu de ombros, tentando não parecer grosseira.

— Não acha mesmo fofo o jeito como ele trata a sua irmã?

— Podemos falar de outro assunto sem ser o bonitinho sem noção? — Henrietta aumentou o tom de voz involuntariamente, logo a risada do Van Dijk se espalhou pelo cômodo.

— Eu ouvi isso.

— Você sabe que eu não estou errada. — Ela deu de ombros, todos já esperavam algum tipo de discussão mas Ruel estava levando tudo como uma brincadeira.

Na verdade todos ali estavam, ou quase todos já que Eva parecia ainda mais irritada do que da última vez.

— Como se não bastasse vir até aqui, ainda ofende os nossos amigos. — Ela cruzou os braços, Henrietta a encarou curiosa.

Desde que chegara ali, já estava percebendo que Eva era muito calada mas só então, conseguiu perceber que a garota não gostava muito dela. Henrietta odiava rivalidade feminina, para ela todas as mulheres deveriam se unir.

— Ela não me ofendeu, Eva.

— Não preciso que você me defenda. — A Morris rebateu, enquanto observava Ruel ajeitar os pequenos dedos de Harmony no controle.

— Acho que todo mundo já percebeu que isso é um joguinho seu, ficou bem claro que você não odeia os homens, caso contrário, não estaria se jogando para o Ruel. — O comentário de Eva fez com que todos ficassem chocados, exceto Henrietta que parecia plena.

— Você definitivamente não me conhece! E se acha que eu estou "me jogando" para alguém, deveria começar observar melhor as coisas.

— Ainda é uma cara de pau! Bem típico de uma atirada.

Todos esperaram outra resposta mas tudo o que Henrietta fez foi paralisar. Algumas lembranças vieram a sua mente de forma confusa, as imagens estavam borradas mas ela percebia que estava passando no corredor de uma escola.

Diversas pessoas a chamavam de vagabunda, interesseira, desesperada por sexo e atirada enquanto apontavam para o seu rosto e mostravam fotos suas. Henrietta sentiu que não iria conseguir segurar o choro e tudo o que conseguiu fazer, foi correr para fora.

— Noah, seja o parceiro da Harmony. — Ruel comentou preocupado, após ver que a garota havia deixado a garagem.

Ele saiu segundos depois, enquanto Eva ficava ainda mais irritada. Do lado de fora, ele conseguiu ver Henrietta sentada no meio-fio, com a cabeça baixa e logo caminhou até ela, sentando-se ao seu lado.

— Você está bem? — Ruel tentou ver seu rosto e assim que ela o escondeu com o longo cabelo preto, ele percebeu que ela estava chorando. — Ei! Pode desabafar, se quiser.

— Eu já teria te chamado, se eu quisesse. — Ela comentou de forma grosseira, enquanto secava suas lágrimas com as mãos. — Quantas vezes mais você vai se meter onde ninguém te chamou?

Henrietta finalmente levantou seu rosto e o encarou. Seus olhos azuis pareciam maiores e completamente marejados, sem contar o seu nariz que estava completamente vermelho.

— Quantas vezes forem possíveis, eu me importo com você. — Ele sorriu fraco, tentando mostrar confiança.

— E eu realmente sinto muito, mas não posso confiar em você.