Digita, escreve, dá voz aos versos à meia-luz,
O desenhista sem traço, o jovem vinteumcentista que cavou nas palavras
Suas curvas de musa.
Escreve querendo ser Vênus,
Ou apenas besouro desvirado no chão.
Digita, escreve,
Ergue uma escultura de corpo quebrado
Em versos e estrofes
Canta a vida e os ventos cardíacos, canta as gentes e, claro,
Como não podia deixar de ser da juventude,
Canta a si mesmo:
Transfigura-se em eu-lírico e mata o próprio autor,
Escreve.
Fala de si e escreve.
Lês as páginas febris de um autor vira-lata,
Contemplas, talvez surpreso, o esforço sutil de um homem
Que tenta transformar em cavalete os desenhos da pena,
E os apresenta com traços de humildade a ti,
Leitor transeunte,
Consumidor de espíritos.
Esperas mais ou menos de algo que se pretende apenas ser
Arte, rosa tocada, perspectiva,
Esperas. Lês.
Lê-me os versos afoitos, espectador curioso,
Dize-me que lerás, dize ao jovem
Que teima em escrever à vida
Como um cisne à morte.
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Tentativas Desregradas
PoetryTento aqui fazer uma coletânea poética de coisas que escrevo. Embora eu tente dar sentido à confusão de versos livres, sonetos decassilábicos e suspiros num geral, provavelmente será uma sequência meio anárquica de poemas que me inspiram. Espero que...