A vida tem as curvas da Pampulha
E a retidão da Praça Sete.
É tudo, antes de tudo, confuso
Principalmente na minha cabeça de Parque Municipal
Monarquias à parte
Cresci na orla da Lagoa
E na Afonso Pena,
E o que herdei não sei bem de quem foi
É porque não sei se lido bem com estatística
Para provar que as porcentagens flutuam como a praça da Savassi
Sim, de fato a vista é linda da Serra do Curral
De ferro, de terra e de santas perdidas
Como a chuva na Praça da Liberdade, o sol na Igrejinha
E as noites amarelas de cada esquina
Belo Horizonte é a Cidade Jardim.
Eu sou a Cidade Jardim.
De minha Beagá, eu trouxe:
Os clichês de cada dia, que eu ainda amo
O ôns que passaváss (e outras centenas de frases-feitas no meu trem)
A profunda sensação de que ninguém se sente como eu
Um livro do Drummond (Hilda Furacão)
E Mate-Couro das surpresas de domingo
Atrás dos altos prédios e das casas baixas,
Teremos ouro, sotaque e muito funcionarismo público
Teremos roça e seremos mais modernos do que já fomos.
Belo Horizonte talvez seja agora só um pão-de-queijo com doce-de-leite daqui de longe
Mas eu espero que não acabe.
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Tentativas Desregradas
PoetryTento aqui fazer uma coletânea poética de coisas que escrevo. Embora eu tente dar sentido à confusão de versos livres, sonetos decassilábicos e suspiros num geral, provavelmente será uma sequência meio anárquica de poemas que me inspiram. Espero que...