Tenho sede.
Como se estivesse no sertão do Mucuri,
Prostrado pela minha própria coluna de sedentário metropolitano.
Tenho sede como se o ar fosse areia.
Como se os sons fossem de sol.
Como se as horas fossem ríspidas ranhuras.
E tenho sede.
Como se caminhasse num asfalto por meses a fio.
Tenho sede.
Tenho sonhos empoeirados e sede.
O tempo é lento
E seco.
Já ofegante, eu não rogo por água.
Nenhum lago que passar pela minha garganta é suficiente
Sacio-me no seu beijo molhado, completo, contínuo,
Hipnótico, longo e real...
Bebo seus lábios com frescor e ternura,
Por isso,
Derrame em mim um beijo largado,
Selvagem,
Colorido,
Como chuva, vida e florescimento
Me mate a sede dia e noite
Me traga vida.
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Tentativas Desregradas
PoetryTento aqui fazer uma coletânea poética de coisas que escrevo. Embora eu tente dar sentido à confusão de versos livres, sonetos decassilábicos e suspiros num geral, provavelmente será uma sequência meio anárquica de poemas que me inspiram. Espero que...