Interlúdio: Sobre família e equívocos

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Eu estava na minha casinha, na terra mãe, minha amada tinha feito carne de porco com ovos para comermos, um café da manhã forte para um bom trabalhador, diria ela.

Mas a menina não havia descido, afinal, e isso era inaceitável.

- Eu chamo – disse a mulher que sabia o que para acontecer estava, a primeira vez não seria.

Mas eu nem sequer respondi, estava especialmente irritado naquele dia, não seria como os outros, como ela se achava no direito de ser uma jovem tão rebelde? Eu subi as escadas, irado como possível.

"Você é sempre assim, nunca me entende! Só grita suas ordens! !"

Discutimos muito naquele dia, não lembro de todas as palavras, era só uma discussão como qualquer outra. Mas estas me marcaram. Profundamente.

"Eu te odeio!" gritou ela por fim.

Enquanto eu me preparava para gritar ainda mais na porta dela, ouvi os gritos ao longe.

Eram invasores quaisquer de terras distantes.

Por fim, deixei aquela briga pela metade, desci correndo as escadas, mandei que minha mulher se trancasse com minha filha no quarto, peguei meu escudo, sempre preso a parede e corri na direção do perigo.

Lá estavam as piores pessoas do mundo, pessoas que nada tinham de especial, exceto a vontade de tomar nossas terras.

Eu tinha o hábito de perder a calma afinal, ataquei sem pensar muito.

Lutei como dava, estavam bem armados, mal consegui segurar até que começassem a vir mais do que eu conseguiria enfrentar. Tão logo vi eles derrubarem a cabaninha de madeira das crianças, acabei percebendo o poder do inimigo e bati em retirada para casa.

Lutamos por alguns longos minutos ali, pra mim eram horas – estavam em maior número. Em grande número, por sinal. Mas começaram a cansar da minha teimosia em continuar. Um entre eles teve a brilhante ideia de usar uma pederneira para atear fogo as paredes, que eram de madeira.

E logo minha casa crepitava. Não vi o que acertou minha nuca, acredito que uma viga, mas eu apaguei ali, cai de cara no chão.

Acho que eu nunca mais acordei daquilo, quando menos vi estava sendo retirado debaixo dos escombros do que sobrou da minha vida.

Dias depois estava marchando junto ao exército, jureilevar o resto da minha vida lutando por aquele fardo, os semifatos que sobraramdas cinzas, o escudo e a raiva cega.

A Estrada IpsocêntricaWhere stories live. Discover now