Track 8

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Quatro destinos, fios vermelhos se embaraçam numa trama confusa

Tratava-se do quinto Distrito Policial daquela cidade.

A cela comportava três detentos provisórios e estava com sua capacidade máxima naquela noite.

E-Ming estava deprimido e irritado, sentado num canto praticamente com a cabeça entre as pernas, não bastasse os machucados em seu rosto, as bandagens com sangue seco, a luz do corredor fazia seus olhos doerem.

Que merda...

Ele sabia que aquele assalto tinha tudo para dar errado, mas ele teimava em não ouvir a sua própria voz interior.

Ultimamente tudo andava dando errado... Tudo.

Só faltava mofar agora naquele lugar, ele voltaria para o reformatório? Ele não estava nem cogitando que sua mãe movesse um dedo que fosse para tira-lo da cadeia, safa-lo de qualquer coisa que fosse.

Seus fio de pensamentos se quebrava com facilidade.

E todos os pensamentos eram ruins.

No entanto, ouviu algo estalando contra as barras da cela, era o cassetete de um daqueles policiais cretinos.

Ele não desenterrou a cabeça que estava entre as pernas, apenas a moveu um pouco previamente irritado com a luz fluorescente do corredor.

— E-Ming! Pode sair, por enquanto.

A voz do policial era rouca, daquelas típicas de fumante crônico que em algum momento morreria lento e dolorosamente de câncer em algum lugar do corpo.

Aquilo não era bem o que esperava ouvir, E-Ming levantou a cabeça e seu olhar lacrimejou.

— Quê?... Como assim?

— Alguém livrou tua cara... Pagando uma gorda fiança. — O policial resumiu abrindo a cela.

Quando E-Ming saiu e ouviu o policial tornar a trancar a cela com seu molho de chaves, ele olhou de soslaio para os outros dois meliantes que restaram.

Seus comparsas no assalto frustrado.

Ele quase sorriu, não queria vê-los nunca mais se pudesse.

Mas quem tinha se dado o trabalho de pagar?

Certa vez E-Ming tinha visto um filme em que um criminoso havia tido sua fiança paga por um chefão do crime, ele não se importaria se fosse o seu caso.

A ideia até lhe parecia divertida.

Mas, quando foi conduzido pelo policial... Encontrou um rosto conhecido que não via há anos.

E seu rosto prontamente se fechou.

Aquela figura estava terminando de assinar a papelada de soltura e então, assim que ele terminou seus olhares se cruzaram.

E-Ming caminhou em silêncio taciturno e não disse nada quando se aproximou.

Somente quando saíram do Quinto Distrito que os dois tomaram a iniciativa de falar.

Hua Cheng estava vestido de modo discreto, o cabelo preso e usando um óculos que não tinha grau e a lente era coberta do lado do tapa olho. Ele detestava ser perturbado pela mídia, então sempre que saía na rua tentava se desligar ao máximo da imagem de Calamidade da banda.

— Qual é? Não vai dizer nem um “obrigado”? — Hua Cheng ralhou, olhando de soslaio para seu irmão.

— Eu pedi, implorei alguma coisa a “vossa majestade”? — E-Ming socou fundo as mãos nos bolsos, tão desdenhoso quanto irônico. — Pagou porque quis.

Starlight ☆ | HOB [Modern Au]Where stories live. Discover now