Entre monstros

Memórias

Assim que seus encantadores olhos Verde-oliva se abrem, se depara com alguém em sua frente, o observando atentamente. Logo retira seu rosto pressionado contra as mãos machucadas que tanto deslizaram pelo chão sujo daquela prisão. O príncipe parece estar alegre com a disposição do garoto ao acordar, o mesmo não pode ser dito pelo loiro, que demonstrava medo e nervosismo com a aparição repentina do homem, se afastando dele repetidas vezes:
-"Shhh..."
Pega algo de tom escarlate  em seu bolso, uma maça perfeita diante dos olhos de quem estava a dias sem comer, logo então se ouve um som de um ronco, dele, cujo olhar estava focado na fruta pecaminosa (de acordo com a Bíblia). Não da um passo a diante, então Dmitry passa os dedos pela grade, deixando a maça submersa no chão, apenas a esperar as próximas ações do outro. Agarrando a fruta, várias mordidas violentas impressionaram o herdeiro, se perguntava a quanto tempo ele estava assim, magro e desesperado, pensamentos assim invadiram seu coração, o dando pontadas de compaixão.
- "Hey."
O rapaz, de boca cheia a deixa jogada em um canto e presta atenção na vossa graça que veio a falar. Engolindo com força e rapidez, move o quadril ao se aproximar do moreno.
- "Rapaz, consegue falar?"
Acena com a cabeça, tocando o ferro gelado se próxima, os deixando a alguns metros de distância.
-"Sim, senhor "-gagueja ao falar- " muito obrigado, estava faminto!"
-"Não é de se admirar, você a engoliu, pensei que fosse comer o tronco também "-inclina a cabeça ao sorrir-"Qual seu nome?"

Deixa a testa sob a grade, franzindo-a, apenas responde que não se recorda, a desanimação dele intriga Dmitry, logo se perguntando o motivo pelo qual estava naquela situação abominável de fome e frio.
-"Que tal... Adrian? Acho um belo nome."
-"Sim, é um belo nome... Adrian "
Seus olhos pareciam distantes, como se estivesse pensando em algo paralelo, logo tenta cortar o clima, dando-lhe uma pergunta:
-"Me disseram que você foi encontrado procurando algo de comer no lixo. Onde estão seus pais? Se não for  algo óbvio."
-"Não sei dizer ao certo, apenas sei que fui separado deles... Pessoas ruins me desuniram de minha família "

Era como se algo estivesse preso em sua garganta, não conseguia pronunciar as palavras corretamente, pois algo o impedia. Com certeza tais homens o abusaram, já que havia marcas em todas as partes visíveis no seu corpo, profundas em sua pele. Murmúrios de dor flutuaram pela sua voz, enquanto levantava seu rosto, coberto por lágrimas e vermelho rubor.
-"Aqui, pegue"
Oferece um lenço branco que estava contido no bolso de seu terno.
-"Sinto muito por tudo o que você passou, Adrian. Foi por isso que tens agora uma marca demoníaca?"
-"Sim"-Enchuga as lagrimas- "Usei toda a minha lucidez para empurrar quem estava em cima de mim e sai correndo. Vivi por muito tempo na escuridão, com medo e solitário!"

Dmitry estende a mão para receber o lenço que logo é entrege a ele, as luvas que usava impediam que tocasse diretamente no objeto sujo. O guarda novamente e pensa sobre, não se encaixava em sua mente o fato de que ele teria sido usado para tais atos, já que aparentava ser um humano comum.
-"Rapaz... Você é de onde?"
-"Siberiano, porém, por causa dos conflitos que deixaram meu lar em condições precárias, minha família refugiou-se aqui. "
-"Não à alguém que possa cuidar de você? "
-"Não, senhor. Apenas minha mãe e pai, que não sei onde estão. Por que alguém iria querer me acolher? Já sou um adulto. "
Se recordar de seus rosto era impossível, fazia anos que não os vía, apenas as lembranças de alguém o penetrando enquanto dizia coisas horríveis pairavam sobre sua mente. A dor quase insuportável, as velas fervendo que eram queimadas profundamente e inúmeros cortes que eram feitos para oferenda a algum ser.
-"Qual sua idade exatamente?"
-"Tenho dezenove anos, um completo inútil que sabe apenas servir a outros"

O esfregar de suas mãos demonstrava seu sentimento de desamparo, sem a quem recorrer. O brilho nos olhos voltaram, como uma luz incandescente quando vossa alteza se levantou e o encarou profundamente com seus olhos marinhos, prestes a propor a oferta que mudaria sua vida:
-"Adrian, meu caro colega, gostaria de servir aos desejos do príncipe mais esbelto desta Rússia?"

(Continua...)