O quarto do príncipe

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Adrian acorda com o sino a tocar freneticamente, a disposição e energia surgem do seu corpo como um relâmpago, joga a coberta pequena contra a parede e colocando os pés sobre o chão. Quase bateu a cabeça na parede, não era de se admirar que fosse tão desastrado quando estava nos seus picos de energia. Apoiou-se na penteadeira e se observou no espelho que refletia um belo rapaz, com uma face delicada e jovem, porém algo estava errado, não era preciso tocar no seu cabelo para ver que horror estava:

-"Parece um ninho de pássaros"

Algumas apalpadas sobre ele fizeram-no pensar que poderia ter uma forma de ajeitar aquele problema, abriu todas as gavetas que estava em baixo do espelho até se deparar com uma escova perfeita para a ocasião, limpa e sem nenhum fio, talvez o castelo se preocupasse com a aparência física dos seus empregados. Rapidamente o alinhou e afagou-o. Com a ponta dos dedos foi lentamente desamarrando o laço de cetim que marcava a sua cintura côncava. Agarrou o tecido do "baby doll" branco com detalhes de flores, que deixavam os seus ombros a mostra, assim como o elástico marcava as suas curvas, como o quadril. (Ou seja, “sexy” sem ser vulgar). Estava seminu em frente a penteadeira, repleto de arranhões e hematomas, não doía mais, eram apenas cicatrizes do corpo que já foi usado de forma erótica. Abriu o armário escuro que continha o seu uniforme, deslizou seus dedos ao procurar um vestido pendurado nos cabides, retirou o terceiro cabide e o jogou em cima da cama balançada, mais uma vez acaricia o tecido macio da sua roupa, se observando com empolgação, passando os dedos pelos vários babados que ela tinha e iam até o meio das suas coxas. Amarrou firmemente o seu sapato preto de couro, ao se levantar, posicionou-se em frente a porta, com o balde contendo utensílios de limpeza domésticos. Ao tocar a porta para abrir a maçaneta, a puxa rapidamente, possibilitando que levasse um susto, que o fez perder o fôlego pelo menos por um segundo, uma mulher com a mesma roupa que a sua, um belo sorriso suave estampado na sua face, cabelo castanho amarrado no rabo de cavalo:

-"Olá... Edrian, certo?"

- "Adrian, com A.

- "Está bem, Adrian. Me chamo Natalya. Seja bem-vindo ao castelo, serei sua anfitriã, onde fui designada. Siga-me."

As sardas marcavam suas bochechas róseas, ela estava na frente, levando-o para os aposentos do príncipe, para puxar assunto, fez uma série de perguntas:

- "Você também foi escolhido, Adrian,como foi para você?"

- "Escolhido? Eu..."

Um nó formou-se em sua garganta, sentindo como se não devesse falar sobre os seus motivos pessoais, talvez os outros pensassem que ele fosse perigoso apenas pelo fato do seu passado ou como foi encontrado, assustado e engaiolado. As pessoas têm vidas infelizes, mas, pelo menos naquela época, era injustificável se envolver com a arte demoníaca e qualquer coisa que viesse da mesma.

- "Foi agradável,não tive dificuldades"

- "Pff,Sortudo!Tive que me curvar perante o rei e quase caí em sua frente, mas aparentemente nem ele percebeu."

O loiro estava um tanto submerso em relação aos diálogos da garota, então acenava com a cabeça e sorria algumas vezes, com a leve preocupação de ser descoberto como um "divergente".

- "A boa notícia é que te verei diariamente, já que sirvo a senhorita Anna! Uma princesa encantadora, por assim dizer" -morde o lábio inferior- " Os seus quartos estão só a alguns metros de distância"

Cessam seus passos, agora ambos estavam em frente a porta de Dmitry. Natalya saiu de fininho, esfregando as suas sapatilhas contra o chão garapeira. A mão do rapaz apertou o balde de plástico, o coração a latejar deixava o clima mais confuso do que já estava, era como se toda a animação e esperança de uma nova vida digna fosse substituída pelo medo da "primeira vez".

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(Continua...)

Entre monstros Where stories live. Discover now