Casulo - Os Reencarnados

1 - Sussurros Sombrios

⚠️ Advertências ⚠️

- Esta obra de ficção explora de maneira intensa elementos como gatilhos de distúrbios psicológicos, terror, alucinações, morte e obsessão. Se você for sensível a estes temas, evite a leitura e mantenha o seu equilíbrio!

Início do Capítulo 1

- Eu sinto a sua respiração, eu te vejo ao meu lado... seus passos seguem os meus... mas por que? Por que Natanael?

...

Gravação do dia 3 de junho de 2018

"Não sei quanto tempo passei naquele buraco. O maluco me prendeu lá e só me dava comida quando eu fazia o serviço bem feito, sem moleza. No começo, achava que estava cavando um túnel, mas era do tamanho de um quarto, como um esconderijo.

No primeiro dia, eu estava tão apavorado que minhas mãos e pernas tremiam demais, eu mal conseguia segurar a enxada com firmeza. Mas passei o dia cavando. Mesmo assim, dormi sem comida, achei que ia morrer ali. Mas no dia seguinte, redobrei os esforços para ver se ganhava algo, mesmo estando em péssimas condições. Só quando não aguentei mais ficar em pé e caí no chão é que ele me trouxe algo para comer. Ele era completamente lunático!

Nos dias seguintes, continuei me esforçando para que o maluco não me deixasse morrer ali. Eu já não sabia se era dia ou noite, pois tudo o que eu via era aquele buraco cercado de terra, tão abafado e sem passagem de ar. A única abertura era por onde entrei, e esta estava bloqueada com um móvel pesado, vigiada por ele.

Eu ouvia suas risadas e zombarias. Isso me corroía por dentro e me causava um ódio que não consigo descrever.

Em pouco tempo, eu estava terminando o que foi pedido, mas meu pavor só aumentava. Porque... depois que eu não tivesse mais utilidade, o que seria de mim? Decidi então que o mataria com a enxada quando ele viesse me trazer comida. Mas a loucura dele era tanta que naquele dia ele me liberou."

- Então, você foi à polícia, certo? - perguntou Dandá, a jovem estudante de psicologia, pausando a gravação de sua pesquisa para iniciar outra faixa e evitar áudios muito longos.

- Não, não pude. Senão, teria que contar que isso aconteceu porque eu o perseguia primeiro... Mas o Elohim, aquele insano, foi mais esperto e me pegou de surpresa.

- Elohim? - perguntou a estudante, visivelmente chocada.

- Sim, aquele que matou uma jovem inocente afogada e nem foi preso por ter problemas psiquiátricos. Você deve ter visto no jornal, não é? - disse, esperando um gesto de confirmação. E prosseguiu: - E eu ainda me culpo por isso! Pobre Ísis! Não é minha culpa, é daquele maldito, ele que matou a pobrezinha! - revivia a história com pavor.

- Por favor, continue sua história! - disse Dandá, voltando a gravar, mas claramente impactada pelos nomes que lhe eram familiares.

"Há muito tempo eu seguia os passos do Elohim, desde a tragédia fiquei obcecado. A única coisa que ocupava minha mente era elaborar um plano de vingança, mas demorei para colocá-lo em prática. E finalmente naquele dia, eu caminhava silenciosamente com minhas mãos já agarradas na arma presa à minha cintura. Mas ele se virou em uma velocidade incrível e me rendeu, então me fez de escravo, como já contei. Depois descobri que isso durou apenas alguns dias, mas para mim, realmente foram séculos, milenios ou até mais."