Talvez eu seja um filósofo
Ou talvez mais um idiota
Pensamentos vem e vão
E estou preso
Na realidade carnal
Tento avançar para o nível intelectual
Mas é difícil sair da cadeia
Sei que não sou só mais uma ovelha
Traumas correm em minhas veias
Minha dor não se compara a sua
Porque a sua é ainda mais absurda
Discernimento
Oblíquo
Real
O que torna o normal
Em fatal
Abismo da inconsciência
Consciente no abismo
Você não enxerga no escuro
Mas sente que aquilo é puro
Se diz inteligente
Mas é estúpido
Se diz auto suficiente
Mas é permanente o luto
Todos somos seres de filosofia
Cada dia nós encaramos no espelho
E cai mais água na pia
Enquanto em um lado ela sorria
Do outro uma sofria
Quem tá aqui
Tá numa fria
Noite ou dia
Perplexidade ativa
Não rima
Não é o clima
Mas as verdades
Nos maiores desastres
São ditas
Você toma o soco
Ou esquiva?
O mundo é uma eterna baliza
Baliza dos infernos
Vivemos e vivemos
E só nos fudemos
Você assinou algum termo?
Para viver no desespero
O mundo é um gigante aterro
Cada palavra que escrevo
Tem mais um no berço
Cada palavra que escrevo
A morte deixa todos surpresos
Somos os seres presos
Somos virados ao avesso
Você me conhece?
Eu não te conheço
Antes que eu me esqueça
Veja bem
A vida é uma só
Com meus rabiscos não estou só
Não entendo o que escrevo
Mas alguém deve entender
O que descrevo
Quem vai sair dessa ileso?
Quando aumentar ainda mais o peso
E crescer o medo
De seguir o mesmo enredo.
