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Julia

O dia está lindo lá fora quando eu... espera. Vocês querem saber do Harvey e da Brianna, não é? É meio difícil dizer que eu não sei o que aconteceu. Quero dizer, sei que ele entrou e ela estava fingindo que não se importava que ele estava ali, o que significa que ela sabia que ele viria atrás dela, mas pelo tom dela ao dizer que ele tinha uma reunião importante esta noite, achava que não tão cedo. Sei também que o Dustin me fez dar privacidade a eles, e aí entra o que eu não sei. Ele me distraiu tanto que só fui lembrar deles na manhã seguinte e já tinham ido embora então, suponho que há horas. O que tive de notícias dele foi que o Harvey imediatamente terminou com a Nara, assim que chegou ao conhecimento dele o que ela fez, e assim que soube que não conseguiria reverter a situação em que se meteu sem a Brianna, veio atrás dela. Apesar de saber que com certeza voltarão a me atazanar, escolhi não opinar na decisão dela de não se demitir. Não sei o que ele falou para ela pra isso acontecer, mas a julgar pelos ruídos que ouvi antes de apagar... é melhor eu não saber.

Voltando ao dia lindo lá fora. Está lindo de verdade, com algumas nuvens, um Sol brilhante e uma sentença no meu e-mail. A mulher que tentou me matar ficará quinze anos na prisão por tentativa de homicídio qualificado. É menos que o meu pai, que nunca feriu ninguém e passará o resto da existência dele lá, porém, mas é um alívio. Encaminho ao Dustin a sentença e ele me liga no mesmo segundo.

Está na cama onde eu deixei ele há duas horas.

— Você ainda não levantou? — pergunto surpresa.

— Não tem graça levantar sem você aqui para eu acordar.

— Ah, que fofinho. Ele fica triste por não ser o cuco. Meu pai tinha um e meu sonho era arrancar aquele passarinho da casinha e deixar ele voar pela janela, se você quiser saber.

— Nah, não quero. Você chega que horas hoje?

— Entre sete e oito, mesmo horário de sempre. Por quê?

— Acho que tenho que viajar. Preciso estar em um lugar à noite.

Huh.

— Achei que estivesse trabalhando de casa?

— Estou, é para outra coisa.

Não tenho como ficar com ele à tarde porque tenho mais outro julgamento em Las Vegas, mas tento não deixar ele saber que fiquei um pouco triste porque a vida será assim. Terão dias que ainda chegarei em casa e não terá ninguém, é uma coisa que não posso controlar. Sou grandinha o bastante para saber lidar com isso.

~~~

Conhecer o juiz deste julgamento não faz ser menos chato ver que ele me atrasa toda vez e eu sempre perco o voo. É o julgamento da indenização do estado ao meu cliente, e ele se prolonga o quanto pode, e ao finalmente falar o valor da indenização, meu voo já saiu há vinte minutos. O cliente perguntou como foi, por mensagem duas horas atrás, e explico que acabou agora, o valor, como ele vai receber e tudo mais. Ele pergunta se quero ficar no hotel, e, sem ter o que fazer, aceito. Vejo um anúncio de uma luta de UFC no caminho para lá e penso no Hunter e na Cheryl, e faço um lembrete mental de visitá-la da próxima vez que estiver aqui.

Envio uma mensagem ao Dustin falando que só chego amanhã, entro no hotel e vou para o quarto quase que imediatamente, mas sabendo que vou ficar muito entediada aqui sem fazer nada, desço para o bar para pelo menos ver outras pessoas, e meus seguranças fingem bem mal que não estão trabalhando quando se misturam na multidão para me dar privacidade. Sento na banqueta e peço uma água.

— Não vai pedir nada que te leve a se casar comigo de novo? — o Dustin pergunta atrás de mim.

Abro a boca para responder, mas... o Dustin está atrás de mim? Viro e ele está ali, em carne e osso.

Quando em VegasWhere stories live. Discover now