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Dustin

Tive um tempo horrível na Califórnia. A Nara gritou comigo até perder a voz, e eu sugeri um tempo para pensarmos no que fazer. Não posso culpa-la por ter entendido que queria um tempo com a Julia, mas machucou a falta de confiança sobre o que eu realmente faria aqui. Não que eu não tenha uma parcela de culpa, por isso o tempo foi a melhor alternativa.

Volto para Atlanta e vou imediatamente entregar o souvenir que comprei para a Julia na firma, mas aparentemente a Lua saiu de órbita. Que outra explicação teria para a Julia não vir trabalhar?

— Ela está bem? Você ao menos checou se está viva?

O secretário me olha com preguiça.

— Está viva, não sei se está bem. Você deveria checar isso com ela, eu só cuido dos papéis.

Me encaminho para os elevadores, esperando que esteja em casa, mas ela sai deles com um sorriso enorme no rosto.

— Bom dia aos dois. Querido, ligue para o senhor Bakerman e diga que tenho um horário às nove. Ele está me ligando como um louco. Você vem comigo. — ela diz ao secretário, e me chama, com um movimento do dedo que me faz ir atrás dela.

— Aconteceu alguma coisa? Você está diferente.

Ela esconde um sorrisinho.

— Nada. Reencontrei um colega de escola, só.

Empino o nariz, sentindo que isso não é toda a verdade.

— Só, hm? Não é o que parece com toda essa animação estranha.

— Só o que você precisa saber. Não é como se não fizesse o mesmo com a sua noiva, não preciso te explicar como os adultos se relacionam. Preciso? — ela para de se mover e me lança um olhar angustiado — Ai meu Deus, você sabe como funciona, não é? Porque eu não vou te explicar...

— Sei. Nós já fizemos isso, inclusive. — digo entredentes.

Ela mexe em uns papéis, e me olha enquanto isso.

— E por que você está com essa cara, então?

— Não sei se tenho uma noiva mais. — digo, com rancor ganhando destaque na minha voz.

Um som chocado sai da boca dela.

— O que você fez dessa vez? Foi grave? Devo te chutar daqui imediatamente? A polícia da Califórnia está atrás de você?

— Não fiz nada, Julia. Somos dois adultos que perceberam que não estava funcionando daquele jeito. Aí ela me acusou de estar interessado em você...

— Uma acusação gravíssima, de fato. — murmura.

— E eu percebi que não ia dar certo assim. Ela não confia em mim, não posso pedir para que confie, é o que é.

— É.

— "É"? Isso é a sua resposta?

— Se você quer uma resposta elaborada, há um francês bom nisso neste corredor. Não tenho o que dizer, Dustin. Sinto muito por ter causado o conflito que levou a essa batalha, mas não fui eu quem disparou a arma que te feriu. É só isso? Tenho um cliente agora.

Bufo.

— Quando é que vou poder ter uma conversa com você sobre os nossos problemas, sem que surja um cliente ou um contratempo? Não quero respostas elaboradas, quero respostas. E o Pierre não vai saber me entregar as certas, porque os problemas não são dele.

Quando em VegasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora