6 . A U S Ê N C I A

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Isadora estava me dando uma carona de volta. Esperei uma meia hora, com todo o exagero, para ela fazer as filmagens e atualizar os seus seguidores sobre como foram as aulas. Eu queria atrapalhar e mandar ela vir logo, mas ela estava me fazendo um favor, então sentei e esperei.

Enquanto isso, observava os alunos que iam embora. Alguns a pé, outros os pais buscavam de carro e alguns iam para o ponto de ônibus. Dentre eles estava Guilherme, seu celular no ouvido e um vinco na testa enquanto gesticulava com alguém no telefone. Eu queria ser um mosquito para saber o que se tratava e o que fazia ele ser tão sério, mas, pelo visto, não descobriria tão cedo, já que o menino me tratava como uma praga a ser evitada.

— Acabei — Isadora veio sorrindo, roubando minha atenção de volta.

— Enfim — murmurei enquanto jogava minha bolsa dentro do carro dela.

Isadora tinha seu próprio motorista, então era mais fácil ir com ela do que demorar mais de uma hora para chegar em casa pegando o ônibus, ainda mais nesse horário.

— Como vão as apostas? — perguntei, mesmo sem querer saber. Eu queria esquecer essa droga, mas não tinha mais volta. Eu cavei minha cova e seria enterrada nela se permitisse.

— Alta. O time todo está participando.

— Até Clarisse? — Virei meu rosto e arregalei os olhos.

— Puff. — Ela fez um som com a boca — Aí você foi longe demais. A Clarisse é como se nem fosse do time, ela só senta com a gente, mas vive no próprio planeta. E tem a Melissa — franziu o rosto —, mas ela não conta também.

Claro que não contava. Ninguém considerava a Melissa porque ela pouco se lixava para o restante do mundo. Isso me lembrou que eu precisava mandar uma mensagem para ela pedindo que fosse lá em casa. Heitor era danado para descobrir qualquer mentira minha.

— Então... Como anda o desenvolvimento do rolo com o Guilherme? — Ela passou o rabo de olho pra mim e focou novamente em seu telefone.

— Não anda. — Dei de ombros. — Ele foge de mim como um rato.

Isadora riu.

— E você é uma gata, né? — Seu lábio se elevou.

— Bom, ninguém nunca reclamou.

Ela rolou os olhos e deu uma risada.

— Bem, nós não colocamos exatamente um prazo, mas as pessoas são impacientes e os boatos rolam. Muita gente apostou em você, obviamente, mas depois da cena da mesa e de tantos dias sem ver nenhuma interação, têm surgido pessoas contra.

— Querem ver eu me dar mal.

Isadora deu de ombros novamente.

— Você sabe como as pessoas são. Adoram ver o outro quebrar a cara.

— E você? — Mudei minha posição, girando meu corpo para que ficasse levemente virado para minha amiga.

— Eu? — Ela franziu as sobrancelhas, o carro parando no semáforo.

— Sim. O que você espera dessa aposta?

Ela mordeu o lábio, enquanto alternava entre olhar para mim e seu celular.

— É claro que eu estou com você.

— Mas? — Arqueei minha sobrancelha e ela soltou um suspiro.

— Eu não acho legal, ok? Todo mundo colocando dinheiro se você vai ficar ou não com o garoto novo e ainda tem o Heitor...

Dei uma gargalhada, interrompendo a frase dela.

IntocávelWhere stories live. Discover now