7 . V I S I T A S

190 25 3
                                    

Por volta das seis da noite, minha mãe saiu para trabalhar, deixando a janta pronta para minha irmã e eu. Tatiana trabalhava de dia e fazia faculdade à noite, então ela só colocou tudo na marmita e levou com ela. Eu passaria mais uma noite sozinha se Melinda não tivesse combinado de dormir aqui em casa. Mandei uma mensagem para ela mais cedo explicando a situação e não precisava de muita coisa para que ela dissesse sim. Melinda era esse tipo de pessoa, sempre disposta a ajudar.

Heitor

Tem certeza que não quer que eu vá aí?

Eu:

Não precisa. Obg

Melinda já chegou ;)

Desliguei a tela do meu celular e soltei um suspiro, enquanto eu descia as escadas para atender a campainha que havia acabado de tocar. Abri a porta e deparei com minha amiga, de mala e cuia, pronta para uma noite de meninas.

Sim, nós tínhamos noite das garotas no meio da semana, e daí?

— Cheguei! — Fez uma pose, jogando seus óculos para trás no seu cabelo e balançando a sobrancelha.

— Onde eu deixo essas tortinhas que minha mãe fez? Ela disse que é uma receita nova locarb e que nós íamos amar. — Revirou os olhos.

Eu ri. A mãe da Melinda era cheia das receitas malucas, mas gostosas, e sempre mandava para mim também.

— Se puder ficar fora da geladeira, só colocar em cima da mesa.

Ela foi, já familiarizada com o ambiente, enquanto eu ia até o armário pegar um negócio que havia comprado uns dias atrás para ela. Assim que voltou, joguei o embrulho em suas mãos.

— O que é isso? Pra mim? — perguntou, revirando o saco.

— Sim, abre aí.

Melinda arrancou a fitinha e tirou de dentro um cubo mágico temático dos vingadores. Cada lado tinha um super herói diferente.

— Eu achei um camelô vendendo e lembrei de você.

Minha amiga amava jogos de raciocínio lógico e matemático e era fascinada com cubos mágicos. Ela sempre tinha o dela na bolsa, sua intenção era sempre bater seu próprio recorde de montagem.

— Você sabe mesmo me agradar, hein? Vem me dar um abraço, vem! — Ela se jogou contra mim, me apertando, enquanto eu lutava em seus braços rindo para me soltar.

Ficamos depois conversando e colocando algumas fofocas em dia. Eu tinha sorte de Melinda não ser muito a par das coisas, basicamente eu que contava para ela as novidades da escola, caso contrário, coisas que eu não gostaria já teriam chegado aos ouvidos dela.

Não havia passado meia hora e a campainha tocou, interrompendo-nos.

— Estranho. — Franzi a testa. — Já volto.

Eu não esperava ninguém e minha casa não era muito visitada. Abri a porta devagarinho, só o suficiente para poder olhar pela greta. Tomei um susto ao ver o corpo esguio com as mãos no bolso, despreocupado, ali. Ele arqueou a sobrancelha como se me desafiasse a não abrir a porta.

— O que você está fazendo aqui? — Abri o suficiente para que meu corpo estivesse exposto e pudesse receber Heitor.

— Olá, boa noite pra você também. — Seu lábio se inclinou com ironia.

— Desculpe. — Passei minhas mãos sobre meu short jeans, meio desajeitada. — Você me pegou de surpresa, não te esperava aqui — respondi, ainda no caminho da passagem.

IntocávelOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz