Capítulo Trinta e Dois.

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Hoje era uma terça-feira nublada, mas relativamente agradável ao meu ver. As nuvens acinzentadas lutavam arduamente para impedir que os poucos raios de sol atravessassem por sobre elas, a grama molhada do parque principal da cidade fazia barulho ao ser esmagada por pés ligeiros e apressados das poucas crianças presentes.

Mães e Pais pareciam distraídos demais em seus aparelhos elétricos para prestar atenção em suas crianças, sem notar seus sorrisos singelos ao pisar em possas d'água. Por outro lado, algumas poucas crianças pareciam distraídas demais para participar da divertida brincadeira de seus mais novos amigos. O que quer que fosse, parecia se aproximar Impressionantemente rápido, dando longos passos pesados e determinados em direção a pequena garotinha morena de pele escura e olhos amendoados.

Uma silhueta metálica e disforme se aproxima rápido demais para que qualquer um ao redor consiga pensar. A garotinha, de no máximo sete anos, não parece ter nenhuma reação ou movimentação rápida o suficiente para processar sua atual situação. A lata reforçada de ferro e aço, movesse com paciência, como se soubesse que mesmo se tentasse, a garotinha não escaparia de seu julgamento, como se tivesse vida própria.

Os pés ocos e sólidos cobrem a cabeça da menina como um teto de caverna, a sombra é grande o suficiente para alcançar até mesmo árvores velhas a quilômetros de distância. Um grita sufocado e interrompido em sua garganta para que ela possa fechar os olhos no último momento. Embora à um silêncio oscilante posso preencher seus tímpanos no último momento, a garota o imagina como uma eternidade, ela gostaria que houvesse barulho, gritos, uivos e choros.

Qualquer coisa.

A única coisa que ela consegue pensar antes do impacto é em sua mãe, e no que sentirá falta se realmente for o fim. Ela nunca mais poderá comer sanduíche de queijo, nunca mais poderá brincar com seu cachorro, que ela carinhosamente chama de "cachorro", porque não tem criatividade suficiente para inventar um nome melhor, e definitivamente sentirá falta de assistir desenhos animados enquanto sua mãe pentea seu cabelo.

Mas não a medo...

Porque afinal, ela é só uma criança de sete anos, e não entendia o que era a morte. Uma vez sua avó viajou para longe e nunca mais voltou, ela perguntou a sua mãe se um dia a senhora voltaria e elas poderiam fazer biscoitos juntas enquanto sua avó a contava histórias, sua mãe disse que ela foi a um lugar muito bonito, cheio de flores e animais correndo pela grama verde. Ela não entendeu porque não podia visitar sua avó, mas acreditava que um dia a veria de novo.

Então ouve barulho...

Um som alto o suficiente para machucar suas orelhas pequenas, um rangido alto e um vento forte. Ela não lembra se registrou o exato momento, mas tem certeza que sentiu o impacto. Diferente do que ela acreditava porém, não foi um impacto forte e bruto, mas um gentil e delicado. Braços fortes e firmes seguravam sua cintura com precisão, não fortes para machucar mas firmes para segurar, um estranho aperto seguro que a fez imaginar se morrer era assim, tão quente e reconfortante.

Ela não sabe quanto tempo está de olhos fechados, nem se terá coragem para abri-los novamente, mas sabe que ficará tudo bem se os braços desconhecidos não a largarem. Ela não sabe como nem quando, mas seu rosto se contorce em uma estranha careta quando percebe que seus pés não estão tocando o chão, o vendo parece ainda mais forte quando bate em seu rosto, mas ela não se importa, a faz se sentir bem, uma vaga esperança de que os braços e o vento a levem de volta a sua mãe.

Só mais uma vez...

O vento perde a sua força e os braços parecem afrouxar, o calor familiar que a penetra e a completo se aproxima como chamas no inverno, quente, mas limitado, então se afasta, como se nunca tivesse existido. Seus pés encontram estabilidade e parecem tremer sobre a falsa esperança de um recomeço, mas se afirmam e parecem pesar uma tonelada quando percebe que os braços desapareceram.

- N-não! Não vá embora anjinho! Estou com medo! - grita desesperada, com medo de finalmente abrir os olhos e ver que o seu anjinho se foi.

- Ei, ei, tudo bem! - diz uma voz suave, um claro sinal de confiança e preocupação, mas tem algo mais, algo que ela não consegue identificar. - vai ficar tudo bem, eu não vou deixar nada acontecer com você.

Ela quer acreditar, porque sabe que pode, mas algo profundo em seu coração tem medo que ele vá para o lugar bonito onde a vovó foi morar. Mas a menina sabe que precisa soltalo, sabe que seu anjinho precisa lutar, sabe que não é a única que precisa de ajuda. Então ela solta, e ele suspira, ri e bagunça seus cabelos escuros. Ela ouve a grama se mexer a sua frente e sabe que seu anjinho está se preparando para ir embora.

Mas ela precisa fazer uma coisa antes...

Seu olhos tremem sobre as pálpebras pesadas e ela se arrepende de ter os fechado com tanta força, a pouca luz do dia já é o suficiente para fazer seus olhos doerem, mesmo que tivesse achado que nunca mais os abriria, e as coisas parecem estranhas e borradas antes que seus olhos voltem a funcionar. Seus cílios parecem pesados sobre as bochechas, ou talvez fosse o cansaço dificultando sua determinação em abrir e fechar os olhos, mas então ela pode ver.

Vermelho vivo, entrelaçado com o preto e o azul, seu corpo é forte mas fino, suas pernas são grossas mas ele não é um homem alto, sua máscara impossibilita de ver seu rosto, mas sei que à um sorriso carregado de esperança, e não é preciso ver seus olhos para saber o que eles dizem.

Amor, esperança, bondade...

Aconteça o que acontecer, sei que o meu anjinho vai proteger essa cidade, com tudo que tiver, porque diferente de mim, ele parece conhecer a morte de perto, e mesmo assim não teme ela, pelo contrário, usa ela a seu favor. Se fortalece e se alimenta dela, aprende e se doa ao máximo, só para manter aqueles que importam sãos e salvos. Não é como ela imaginou, mas não é decepcionante

Na verdade é...

Heróico!

Oii, como vão vocês meus amores? 🙃

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Oii, como vão vocês meus amores? 🙃

Então, o que vocês acharam desse capítulo? 🥺👉🏻👈🏻

Ela tá um pouco diferente do que eu costumo escrever, mas é porque a gente já tá quase no final da história e eu queria testar minha escrita. Desculpa se ficou ruim... 😔👍🏻

Mas e aí, vocês sabem qual dos homens-aranhas salvou a garotinha? 😉👌🏻

Até a próxima amores! 😊❤️
        

Como (não) ser um heróiTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon