Capítulo 48

223 47 8
                                    

Harry paralisou, seu sangue virando gelo em suas veias.

Ele se virou, levantando a varinha para enfrentar Voldemort.

Ele parecia exatamente o mesmo. Olhos malignos e escarlates, meras fendas como o nariz, a boca sem lábios e a aura...aquela aura inconfundível, escura e assassina que o fazia ter certeza de que estava a segundos da morte. Sua respiração ficou presa na garganta.

Harry tinha parte da alma desse monstro. Ele se sentiu mal.

Um movimento rápido de seu olhar notou que algumas dezenas de novos Comensais da Morte haviam aparatado em um círculo ao redor dele e de Tom. As expressões assombradas e insanas de seus semblantes sugeria que eles haviam acabado de sair de Azkaban. Merda. Harry deveria estar ciente de uma fuga de Azkaban...mas a conexão foi bloqueada pela parede mental. Aprender Oclumência era realmente uma boa ideia?

- Salazar...- ele ouviu Tom murmurar, antes que a voz do outro se tornasse mais alta.- Como você está aqui? O para...

- Tom.- veio a saudação sedosa. Harry percebeu com um sobressalto que esta era a primeira vez que Tom e Voldemort se encontraram cara a cara, e eles certamente estavam avaliando um ao outro com um fascínio extasiado.

Houve aquele incidente com a possessão, não repetido devido à clara presença do paradoxo...o paradoxo. Como Voldemort poderia estar aqui com o paradoxo?

- Como você está aqui?- Tom repetiu, ferozmente, soando mais do que um pouco irritado.- Você percebe que está interrompendo minha conversa novamente? É muito rude.- os olhos de Voldemort brilharam.

- O paradoxo só funciona com almas idênticas.- explicou o Lorde das Trevas, friamente.- Parece que as nossas não são mais.

Não? Tom estava se afastando do caminho de Voldemort? Deus, Harry esperava que sim.

- E você está aqui para corrigir isso, eu presumo?- Tom perguntou, casualmente.

- Indiretamente, talvez.- Voldemort disse, com um sorriso melancólico.

No segundo seguinte, Harry descobriu que aquela varinha tão familiar apontava na direção de seu coração. Ele apertou sua varinha de azevinho em resposta. Sua garganta estava seca.

- Avada...

Harry se preparou para interceptar a maldição, mas o feitiço de Voldemort já havia parado abruptamente quando Tom entrou na frente dele, erguendo as sobrancelhas em desafio. Os Comensais da Morte ao redor se mexeram, mas não se moveram, retidos pela falta de ordens de seu mestre. Voldemort estudou sua contraparte mais jovem silenciosamente por um momento.

- Afaste-se.- ele ordenou. A cabeça de Tom inclinou-se curiosamente.

- Você realmente acredita que eu vou concordar com isso?- Tom perguntou, zombeteiro.- Ou você simplesmente ama o som da sua própria voz?- ele fez uma pausa, parecendo pensativo.- Não importa, não precisa responder, vovô.

Uma Comensal da Morte com grossos cachos negros sibilou, murmurando algo que Harry não conseguiu ouvir.

Voldemort deu um passo à frente, quase pressionando a varinha contra o peito de Tom, mas sem tocá-lo...Harry assumiu que o paradoxo não estava enfraquecido o suficiente para permitir contato real...isso incluía magia? A mão de Tom disparou atrás dele, agarrando a de Harry em um aperto indutor de hematomas, puxando Harry para ficar ainda mais atrás dele, simultaneamente girando-o para enfrentar os Comensais da Morte em vez de Voldemort.

Era como uma versão distorcida de sua postura normal de duelo, usada nas raras ocasiões em que duelava com Tom em vez de contra ele. Harry se perguntou se Voldemort sabia disso, ou se ele tinha...esquecido. Ok. Não. Harry não iria por esse caminho de pensamento. A teoria de Tom era besteira de qualquer maneira. Ele não se tornou Voldemort. Harry se recusou a deixar a história terminar assim.

- Afaste-se.- Voldemort repetiu perigosamente.

- Ou o quê, você vai me matar?- Tom sorriu, desafio imbuído de arrogância.

- A maldição cruciatus pode ser mais adequada.- Voldemort respondeu friamente.

Harry sentiu um arrepio de medo, separado de seu próprio pânico, e percebeu que tinha que ser de Tom. Sem pensar, ele usou o aperto de Tom em seu braço para girá-los, então ele estava enfrentando Voldemort novamente, e Tom estava enfrentando os Comensais da Morte. Voldemort sorriu horrivelmente.

- Bom garoto, Harry.- ele sibilou, traçando a varinha de teixo sobre o coração de Harry.

Harry pressionou sua própria varinha de volta. Mesmo que ele não pudesse matar Voldemort, Harry poderia espalhá-lo em um milhão de pedaços para que ele pudesse vagar como espírito novamente.

Mas ele ia morrer...e com dor, porque Harry tinha certeza de que um pequeno osso quebrou em sua mão (não na mão da varinha, misericordiosamente) quando Tom tentou inverter suas posições mais uma vez, mas se manteve firme.

Um segundo depois, a pressão furiosa desapareceu, mas Harry não soltou, esperando manter Tom no lugar. Em vez disso, um choque elétrico percorreu seu braço esquerdo, uma queimadura intensa em seu antebraço que automaticamente fez com que seu próprio aperto se afrouxasse. Tom soltou seu braço, virando-se para encarar Voldemort.

Agora ambos estavam de costas para os Comensais da Morte, mas Harry percebeu que Voldemort era de longe a maior ameaça. Além disso, se Voldemort fosse parecido com Tom, provavelmente não permitiria que os Comensais da Morte matassem nenhum deles. Ele não tinha feito isso no Cemitério. Ele próprio queria matar Harry, embora esta fosse definitivamente a primeira vez que Harry descobriu que isso funcionava a seu favor.

Era a primeira vez em muito tempo que ele procurava as semelhanças, não as diferenças.

- Você não quer matá-lo.- disse Tom rapidamente. Os olhos de Harry se arregalaram ao perceber o que Tom iria fazer. Ele ia falar sobre as horcruxes.

- Cala a boca.- ele sibilou, em advertência, a náusea borbulhando em seu estômago.

- E por que não?- Voldemort questionou, em um tom de voz entediado, soando como se estivesse perdendo a paciência.

- Ele é...- Harry apontou sua varinha para Tom em vez disso.

- Silencio.- as palavras de Tom ficaram mudas por causa do feitiço. Harry sentiu-se vagamente ciente de que, se eles saíssem vivos, Tom iria matá-lo.

- Alguém que sobrevive a maldições da morte, ou você já se esqueceu?- Harry terminou, provocativamente, apontando sua varinha de volta para Voldemort.- Acho que a verdade dói.

Como previsto, a aura do Lorde das Trevas explodiu de raiva e sua cicatriz explodiu de agonia. Levou todo o esforço de Harry para permanecer de pé e não desmaiar. Ou vomitar. Embora vomitar em Voldemort tivesse algum valor de entretenimento, a vida tinha mais.

- Esqueça o assassinato.- Voldemort disse, suavemente.- Você vai cometer suicídio e implorar pela morte quando eu terminar com você, menino de ouro.- um arrepio percorreu sua espinha. Ele estava muito perto. Harry não conseguiria se esquivar.

- Crucius.

- Confrigo!

Nada como um déjà vu cinquenta anos depois.

O Favorito do DestinoOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz