DOIS ALFAS E EU (COMPLETO)

CAPÍTULO 03

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   Tyler River deveria ter no mínimo uns 1:90 de altura. Ele tem olhos de um tom claro e vívido de cinza meio nebuloso. Sua pele é bronzeada e bonita, e ele tem um rosto anguloso, com maçãs do rosto arqueadas, um maxilar trincado, nariz empinado e sobrancelhas grossas e pretas — A da esquerda tinha um piercing prateado —. Seu cabelo chegava até quase os ombros e era tão escuro quando breu, assanhado de um jeito descolado. Ele tinha lábios rosados e uma pequena pinta do lado de direito deles, um centímetro acima. O lábio inferior estava cortado no canto, por onde escorria um pequeno filete de sangue.

    Kaic Torres é praticamente do mesmo tamanho que o outro alfa. Ele tem uma pele marrom escura e retinta, é atlético e está vestindo uma calça de moletom fina e um casaco do time de futebol americano. Ele tem um cabelo crespo absurdamente lindo, raspado dos lados e com um topete alto. Seus olhos são castanho escuros e ele possuí lábios bastante cheios, além de um nariz grande e reto.

     Como se sequer estivessem brigando poucos segundos atrás, os dois levantam do chão e avançam na minha direção, me fazendo dar um passo para trás e ficar encurralado contra a porta do banheiro.

    — E-ei!! — Exclamo assim que Tyler fica de frente para mim, me precioando contra a porta. Kaic dá um empurrão brusco nele e toma seu lugar, colocando uma mão de cada lado do meu rosto e me encarando de cima com uma intensidade absurdamente sobrenatural, enquanto pressiona seu corpo no meu. Tyler solta um rosnado furioso e se junta a ele, ficando lado a lado com o outro alfa e também pressionando seu corpo no meu, me deixando completamente preso entre os dois.

     O cheiro dos feromônios fortes deles me deixa completamente bêbado. São fortes e sedutores, fazendo o meu corpo responder de maneira involuntária à eles. Os feromônios de Kaic eram levemente mais nebulosos, enquanto os de Tyler eram pesados e tão fortes quanto os do outro. Não era exatamente um cheiro, mas sim como se a própria essência deles estivesse sido transformada em uma espécie de gás invisível que emana dos seus corpos. Kaic se aproximou ainda mais e se abaixou para roçar o nariz na minha orelha, me fazendo soltar um gritinho e erguer as mãos para tentar empurra-lo para longe, apesar dele continuar exatamente no mesmo lugar, como se fosse preciso um guindaste para retirá-lo dali.

     Tyler agarrou minha cintura e enterrou o rosto do outro lado do meu pescoço, inspirando o meu cheiro de forma profunda e vibrando levemente.

     — S-SAI, CARALHO!! — tento dar uma joelhada nele, mas o desgraçado é mais rápido que eu e dá um pulinho para o lado, me dando a deixa perfeita para passar por debaixo do braço de Kaic atrás fresta que Tyler acabou de abrir, saindo daquele ponto em que estava encurralado.

     — seu nome é Otto, não é? Você é meu predestinado! — Kaic da um passo na minha direção, abrindo um sorriso largo e completamente eufórico, deixando à mostra seus dentes retos e as presas pontiagudas e levemente maiores do que as de um beta ou ômega normalmente seriam.

     — Meu também! — Tyler empurra o outro alfa com o ombro, sem desgrudar olhos de mim. Os dois são tão altos que me fazem engolir em seco, respirando pela boca para tentar evitar ao máximo possível os seus feromônios. Consigo sentir a maldita ligação formigando na minha cabeça como se fossem bichinhos, e pela primeira vez consigo perceber que não é apenas um elo, e sim dois. Se me concentrar em Tyler, uma parte da ligação pulsa em resposta, enquanto se eu olhar para Kaic, a outra parte vibra alegremente. Se eu simplesmente fechar os olhos e não pensar em nada, as duas partes se fundem em uma ligação absurdamente poderosa. Acho que esse negócio não serve para saber o estão pensando, mas sim o que estão sentindo.

     — Olha aqui, caras. Eu não sei o que vocês acham que deve acontecer ou que VAI acontecer. — Começo nervosamente, enfiando as mãos nos bolsos do Jeans surrado e dando um passo para trás de forma disfarçada. Os dois continuam me encarando com tanta intensidade que sequer percebem isso. — E-eu não conheço nenhum de vocês. Talvez tenha trocado um "bom dia" nos corredores e tal, mas definitivamente não vou transar com ninguém por causa dessa coisa estranha na minha cabeça, okay? Podem ir tirando o cavalinho da chuva.

     — A gente pode se conhecer melhor, Baby. Só você e eu. Nós estamos ligados de forma definitiva. — Kaic apoiou o peso do corpo em apenas uma das pernas e abriu um sorriso radiante, completamente ciente do quão bonito ele é com essa pele escura e deslumbrante, o cabelo afro e o rosto anguloso.

    — Ei!! Ele não vai a lugar nenhum com você sem mim! — Tyler rosnou, tentando agarrar o pescoço do outro cara e estrangula-lo, mas Kaic desviou no último segundo.

     — E-escutem aqui, eu não pertenço a ninguém. Não sou ômega de ninguém e não quero conhecer ou dormir com ninguém . Nós vamos tomar supressores e ficar longe uns dos outros até tudo isso acabar, entendido? — Gaguejo, dando outro passo para trás, mas pelo visto eles perceberam dessa vez, pois dão um passo para a frente e mantém a mesma distância de antes entre nós.

     — Você não vai sequer nos dar uma chance? Isso é um laço de predestinação, Otto. Não é algo insignificante. E eu também não quero só transar com você. É muito mais que isso. — Tyler mordeu o lábio, que já havia parado de sangrar por completo.

     — Olha, não me levem a mal. S-sei que vocês podem ser gente boa, mas eu realmente não pretendo me relacionar com ninguém agora e nem daqui à um bom tempo. Vai ser mais fácil para nós se mantermos distância. — engulo em seco e sinto um sentimento estranho, que definitivamente não é meu, invadir minha cabeça e fazer meu coração dá um salto. É uma mistura de decepção com incerteza.

     — Não vamos te forçar a nada, Otto. Eu... Também fiquei espantado no começo, mas depois fiquei feliz! Principalmente quando vi seu rosto. Você é lindo e fofo, e esses olhos verdes são os mais lindos que já vi!! — Kaic diz, dando um passo para a frente, enquanto Tyler assente freneticamente com a cabeça, tirando almas mechas do seu cabelo preto e meio longo do rosto. O elogio me faz corar, mas ainda estou me sentindo um pouco estranho, com medo de tudo isso e de ser amarrado à pessoas que não conheço pelo resto da minha vida.

     — E-eu... Desculpa, mas preciso ir embora. — Digo, e antes que consigam interpretar as palavras, disparo em direção a saída com toda a velocidade que tenho, tentando não tropeçar e cair de cara no chão.

    — Espera!! — A voz dos dois chega vagamente até mim, mas os ignoro e continuo correndo sem sequer olhar para trás.

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