Que Saudade Da Minha Ex | cyj + csb

8. O Virgem de 17 anos

O Virgem de 40 Anos (2005)

|🎉|

Acredito eu que existem mil e uma formas de escapar da detenção se você tiver coragem e muita força de vontade.

A primeira delas é tentar convencer a diretora, usar uma solução lógica para o seu castigo e acabar fazendo algum outro serviço que te impeça de ficar com a bunda colada por quatro horas numa salinha sem ninguém. Tia Jieun não é imbecil, então você precisa ser esperto e fazer um puta discurso para ter pelo menos uma chance, tipo encarnar um candidato à presidência ou arrumar uma desculpa pra sua falta de atenção, tipo que a sua mãe morreu ou que seu pai joga no bicho, umas paradas sentimentais assim. Não sejam idiotas, só se fode quem não manja da chantagem emocional, tá na hora de usar e abusar da sem-vergonhice.

E então temos o segundo método: pular o muro da escola. Você se camufla entre as paredes lisas, adentra o canteiro abandonado perto do ginásio, tenta não morrer entre os arames farpados e a possível existência de aranhas venenosas e pronto! Já tá botando o pezinho em alguma tralha pra pegar impulso e correndo livremente pelas ruas de Busan. Pode quebrar alguns ossos se tacando daquela porra de murro gigantesco, mas após experimentar a liberdade, nem liga pra conta do hospital.

Mas se você for burro e nada atlético como eu, aí é outros quinhentos.

Eu poderia estar na praia com Shuhua e as outras meninas da banda da escola, ouvindo Soyeon tocar violão e sentindo Minnie baforar alguma erva de procedência duvidosa na minha cara, poderia colar num rolezinho no Shopping pra assistir algum filme de herói besta que Juyeon insistiu que eu visse, ou simplesmente aparecer num café novo que abriu no centro com Gaeul, que me chamou pouco depois das aulas acabarem.

O engraçado é que o mundo todo só me chama pra sair quando eu tô cheio de coisa pra fazer. Bem que dizem que a juventude passa num piscar de olhos, porque agora em vez de aceitar todos esses convites, tudo que eu quero é ser uma pessoa decente e aceitar meus erros, me redimir como pessoa, encontrar meu pico de iluminação… Ainda que eu ache uma puta injustiça aparecer nessa porra só porque assustei um pirralho. Eu nem bati nele! A praga da Arin que sempre tira tudo de contexto, pra ela eu sou pior que Judas, mas é ela que me vendeu por 30 moedas de prata.

Enfim, é difícil ser um aluno exemplar, mas alguém precisa ser, não é?

E é por isso que eu estou andando despreocupadamente pelos corredores, procurando algo que me faça ter uma boa justificativa para o meu futuro atraso. Não que eu odeie a professora Mina, mas quando se trata de passar a tarde inteira ouvindo-a rabiscar a agenda enquanto tento me concentrar em uma porrada de fórmulas matemáticas, eu prefiro adiar o cenário pelo maior tempo possível, eu não sou de ferro, né? Você não fica duas horas na detenção se faltar a primeira uma hora e meia.

Dito isso, viro o corredor para chegar na máquina de venda automática. Eu normalmente não sou de ficar perambulando pela escola, na verdade, eu prefiro só esquecer que ela existe na maior parte do tempo. Quer dizer, eu só vou pra dormir e olhar pra cara dos meninos, então eu não perco muita coisa.

Caralho, parando pra pensar, sou mais inútil que a Elena Gilbert nas oito temporadas de The Vampire Diaries. Se bem que ela tinha dois gostosos brigando por ela, o que eu tenho? Um pau murcho e 37 distúrbios mentais.

Minha barriga ronca e fico pensando se compro salgadinho apimentado ou algum com sabor de churrasco. Já tinha comido doce demais no almoço, "demais" entre aspas, porque todo mundo roubou meu milkshake de morango e quando eu tava prestes a encher a cara no meu de chocolate, Soobin me obrigou a cuspir tudo e jogar minha bebida no lixo.

Num instante quero quebrar a cara dele, mas ainda fico pensando se a peste conseguiu almoçar depois de todo aquele lance. Porra, até quando eu tô puto da vida, eu ainda tenho essa mania de me preocupar com ele, o que eu sou? Um trouxa?