01 | A homenagem

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Vivienne Barbieri

Todo vício esconde um vazio amargo e dilacerante

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Todo vício esconde um vazio amargo e dilacerante.

Era o que eu pensava enquanto enchia meu terceiro copo da noite com vodca, água e gelo, porque não tinha mais nenhum outro líquido para usar no drink.

Eu passara o dia todo dizendo a mim mesma que não beberia quando o sol se pusesse, uma vez que ainda tinha muito para fazer. Entretanto, o mau hábito já tinha se firmado em mim, ele era intenso e irrecusável. Em uma tentativa tola de justificar minha incompetência para controlar minha compulsão, mentalizei que precisava de uma dose de coragem para as horas que viriam a seguir, e o álcool sem dúvidas me trazia isso.

Engoli o líquido de uma só vez, tampando a respiração antes para não sentir com tanta veemência o gosto cru da vodca barata. Eu sentia falta da tequila. Do gin e até do whisky, mas as coisas ficaram difíceis financeiramente desde que papai nos deixara, então eu tinha que me contentar com a Orloff. Ao menos, eu não tinha me rebaixado à cachaça. Ainda.

Não demorou muito para que eu parasse de me perguntar o que diabos estava fazendo com minha vida e entrasse no estado inebriado que considerava perfeito. Meus pensamentos se tornaram mais absortos, meu cérebro se programou a acalmar na medida certa seu funcionamento frenético, e até minhas pernas relaxaram.

O problema era aquele. Eu nunca me arrependia de beber. Nem nos dias seguintes quando eu acordava, ressaca já não consumia meu corpo há tempos. Tudo que eu sentia era uma incômoda secura na boca, nada mais. Consequências não existiam. Esse era um fator importante para testarmos limites, a falta de sequelas que nos fariam pensar duas vezes antes de tomarmos decisões drásticas. Honestamente, nos últimos anos de ouro, eu dera meu melhor para esquecer como era experimentá-las. Agora, com exceção da bebida, tudo voltara a ser consequente. Minha vida voltara a se tornar consequencial.

— Vivienne?

Uma voz familiar me chamou a atenção, e eu me virei em sua direção. Era Theodora, que ainda tinha o uniforme branco de sua escola envolvendo sua pele preta brilhante. Era provável que ela tivesse que mudar da instituição que frequentara a vida toda para uma escola pública nos próximos meses. Estava parada no meio da escada que levava ao segundo andar.

— Começou cedo hoje. — Ela arqueou as sobrancelhas, transferindo o olhar para a garrafa de vidro na bancada que dividia a extensa sala de nossa cobertura da cozinha.

Ela estava certa. Eu geralmente só começava a beber às nove, na intenção de dormir à meia-noite. Não passavam das sete ainda.

Apenas dei de ombros. Não me importava, não com o álcool em minha corrente sanguínea.

— Quer?

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