Capítulo 6

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CLARA MONTEIRO 



Entramos no elevador e é apenas nós dois lá dentro e o silêncio é ensurdecedor, sinto os olhos de Enrico me observando fixamente sem se importar se é mal-educado encarar as pessoas.

— Difícil imaginar que eu escolheria uma mulher como você para casar — ele diz e sinto meu coração doer com as palavras. — Não é meu tipo em tudo.

— Obrigada — digo com a voz dolorida —, mas seu comentário é totalmente desnecessário.

Ele parece que vai retrucar, mas as portas do elevador se abrem e temos que sair, ele caminha para fora do prédio e segue para um carro estacionado.

Entramos no Bugatti preto e luxuoso e Enrico vira para mim.

— Qual seu endereço? — Ele pergunta e informo a contragosto recebendo um olhar desdenhoso quando falo hesitante. Tenho vontade de mandar ele se foder, contudo, provar que não sou louca é primordial agora. Se um dia eu amei Michel com todas as forças, estou começando a odiar Enrico Monteiro com igual intensidade. Ele é odioso.

Meu celular vibra com uma mensagem e suspiro aliviada quando vejo que é mamãe. Ela diz que não está em casa, e sim no supermercado. Mando outra mensagem pedindo que ela não volte para casa até eu dizer que pode.

— Pelo suspiro e cara de alívio imagino que seu cúmplice esteja forjando a sua prova.

— Vai engolir tudo que está falando, vai...

— Me poupe de seu discurso — ele corta —, não é a primeira mulher a querer tirar algo de mim, Senhora Monteiro, e apenas para deixar claro de uma vez, não sou esse homem que foi seu marido — continua ele —, há cinco anos eu nem estava morando aqui como posso ter casado com você e esquecido disso?

— Eu moro aqui há poucos dias, vim por causa do trabalho — comento com ênfase. — Não entendo por que está fingindo que não me conhece. Sei que tem uma marca de nascença, Enrico, e tenho certeza de que só uma mulher que dormiu com você saberia.

— É mesmo? E o que é isso?

— Tem um sinal na ponta do seu... você sabe o quê. — Fico quente e certamente estou vermelha agora, droga eu estava perdida mesmo, como eu não consigo dizer uma palavra tão simples. É apenas uma palavra sua idiota. Digo a mim mesma com raiva.

— Qualquer mulher que dormiu comigo poderia dar essa informação para você — ele rebate e me olha de soslaio e por uma fração de segundo vejo um vislumbre de Michel em seu rosto quando ele me olha divertido com meu embaraço. — Pelo visto você fez sua lição de casa, Senhora Monteiro, e conseguiu informações sobre mim, só não sei aonde quer chegar com essa história.

— Não sei com quem dorme, e nem quero saber. — Imaginar ele dormindo com outra mulher é como uma faca cortando minha carne, apesar de achar que era Michel, esse homem na essência não é meu marido, mas ainda assim imaginá-lo com mulheres me causa uma dor cegante em meu peito.

— Diz a mulher que afirma que sou seu marido morto — falou e me encolho com as suas palavras.

Não argumento, pois estou cansada de falar com ele. É irritante e maldoso.

Quando não dou a ele nenhuma resposta ele suspira me olhando de esguelha. Uma pitada de arrependimento brilha em sua íris azul hipnotizante.

Ele suspira como se fosse custoso falar.

A Esposa Esquecida do CEOWhere stories live. Discover now