6.1 50 Tons

13.4K 1.1K 31
                                    

n/a: A música que eu coloquei é a que toca durante o ato do capítulo. Se interessar, ouçam durante a leitura da cena! ;)

Tudo estava pronto. A casa lotada, todas as garotas posicionadas e Papá no escritório para não atrapalhar, já que ele inventou de achar o número que criamos naquela tarde "perigoso demais".

Selena estava a postos no som, Mayra atrás do bar e Atibaia recepcionando e acomodando os poucos cavalheiros que chegavam em cima da hora para o nosso espetáculo de último minuto. Priscila ainda me quebrou um galho e ficou no camarim organizando a hora de entrada das nossas estrelas.

Lola assistia tudo do canto junto com o novo segurança, ambos atentos à movimentação e esperando quaisquer novas ordens que eu pudesse dar. Não que Lola fosse realmente obedecê-las, mas eu gostava de acreditar que era essa sua ocupação no momento. Sua cara estava emburrada, os braços cruzados, e o longo cabelo liso dessa vez não parava quieto em uma única posição, impaciente que ela estava em movê-lo de um lado a outro.

Desviei o olhar dela, me focando. A hora certa se aproximou com rapidez e eu logo fiz o sinal para que Selena trocasse a música pela que escolhemos juntos. Diminuí as luzes, deixando apenas as do balcão acesas e mandei uma mensagem para Priscila, indicando que elas deviam entrar - Graças a Deus tínhamos sinal, mas eu precisava comprar aqueles radinhos com urgência.

Earned It, do The Weeknd, começou a reverberar pelas paredes do Bordel enquanto nossos clientes se encaravam curiosos e inquietos. Eles não sabiam exatamente o que ia acontecer, visto que o cartaz de Lola deixava bastante à imaginação, e se surpreenderam quando Mercedes subiu ao balcão, usando um conjunto de lingerie branco e inocente que os fazia salivar.

Ela começou a balançar o corpo, soando indefesa e ingênua, nada de movimentos bruscos. Mexeu com um ou outro cavalheiro e eu sorri, aprovando suas atitudes ensaiadas. Ao final do primeiro verso, deitou com os cabelos ruivos caindo do bar, movimentando as mãos em movimentos fluídos, deixando a todos hipnotizados.

Uma pausa sutil na música indicou o início do refrão e foi neste momento que Ceci apareceu na outra ponta. Ela estava inteira vestida de couro, botas de plataforma e um chicote imponente. Mercedes levantou o rosto, observando a colega com interesse, enquanto ela andava em passadas certeiras por sobre o balcão, os cabelos Chanel balançando com suavidade e os olhos maquiados de preto cravados à frente.

Ceci parou em uma pose autoritária, as duas mãos na cintura. Mercedes pegou a deixa e foi até ela engatinhando, a face toda construída em curiosidade e obediência. Lambeu a bota de couro sob o comando da dominatrix e se apoiou nos joelhos como uma cadelinha pelo mesmo motivo.

O chicote passeou o corpo de Mercedes devagar. Contornando um seio, arrepiando os pelinhos do braço e acabando por castigar surpreendentemente a lateral do quadril. O som do estalido na pele alva da ruiva foi suficiente para fazer todos no salão segurarem a respiração.

Ceci acariciou seus cabelos quando a mesma mordeu os lábios de forma contida, e com um dedo em seu queixo, indicou que ela se levantasse. Uma vez em pé, Mercedes fez que estava doida para tocar sua companheira, mas foi reprimida com mais uma chicotada, dessa vez na bunda. Com as plataformas, a morena era bem mais alta, o que ajudava sua posição dominante, e dessa forma precisou se abaixar sutilmente para alcançar os lábios de Mercedes, a quem beijou de forma erótica e estimulante.

Eu estava para lá de orgulhoso quando as roupas da ruiva começaram a desaparecer sob as mãos habilidosas da outra e mais algumas chicotadas ecoavam o ar. Ela se cobria com as mãos, escondendo as auréolas e o triângulo da intimidade para o desespero de seu público, que gritava em comemoração a cada pedaço de tecido que voava. Ainda assim, seu corpo estava muito mais a mostra e isso os fazia salivar claramente. Ceci passeou a ponta dos dedos em luvas pela pele da outra, a suavidade do carinho contrastando com a ferocidade de seus atos até ali. Conduziu Mercedes até que ela estivesse de costas, as costas inclinadas para frente, apoiando o peso nas coxas esticadas. Mais uma vez passou a mão em carícias delicadas pela curva da bunda arrebitada e respirações foram seguradas. Um último levantar de braço e o chicote desceu marcando a pele da região, sendo imediatamente emendado por palmas calorosas.

Eu segui a multidão, impossivelmente realizado. Um sentimento que não esperava experienciar naquele estabelecimento, mas que parecia bem construído. Acho que, no fim das contas, Atibaia realmente tinha me ajudado a pensar diferente, a começar um processo de aceitação pela minha ocupação atual. Minha "amiguinha", como Lola tinha dito.

A música chegou a um final e foi trocada para Nine Inch Nails enquanto todo o Rendevouz ainda aclamava o ato com ovações deslumbradas, representada agora por gritos e assobios. Os homens que deram a sorte de estar sentados próximos ao bar começaram a paparicar as duas estrelas como se não houvesse amanhã, tentando amolecê-las para que aceitassem recebê-los enquanto clientes em seus quartos. A maioria, inclusive, queria as duas juntas, e estava disposta a pagar uma quantia bastante exorbitante.

Alguns cavalheiros, decepcionados por terem se acomodado em lugares distantes demais para se juntar à massa que pedia desesperada por Ceci e Mercedes, vieram até mim e ao novo segurança, percebendo que nós éramos da casa. Eles perguntavam quando um novo especial ia tomar lugar, e se já podiam reservar assentos.

Meio tonto com a procura, lhes disse que ficassem atentos à página do bordel no Facebook (lá estava como casa de strip, é claro, afinal nem todo o "molho" do mundo ia salvar a pele de Papá se expuséssemos claramente o serviço prestado ali em uma rede social), e que curtissem o restante da noite com outra das belas espécimes que ali trabalhavam e com uma bebida de qualidade. Quase como se ordenados, eles se dirigiram para o bar - agora vazio, visto que Ceci e Mercedes agora já haviam descido e conversavam com a multidão em polvorosa perto da porta do camarim.

Encaminhei o novo segurança para aquela região, para que pelo menos eles dessem espaço para Mercedes recolocar suas roupas e cruzei os braços, sorrindo. Uma grande noite aquela estava sendo.

[Degustação] BordelWhere stories live. Discover now