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― Bem ali Malik, não acredito que não está vendo! ― Zayn e Hilary estavam no andar superior do celeiro olhando as estrelas pelo telescópio que a garota havia ganhado dos tios no seu aniversário de dez anos.
Assim como apostado, quem perdesse iria limpar o celeiro e como já era óbvio, Zayn perdeu. Durante toda tarde os dois ficaram juntos. Zayn trabalhando e Hilary enchendo sua paciência, indicando lugares sujos, mandando o garoto limpar o mesmo lugar mais de duas vezes, lhe jogando capim. Zayn estava pra afogar a garota no meio daquele capim seco.
― Eu não estou vendo. ― ele disse entediado. Nunca conseguia ver essas constelações com nomes esquisitos.
― Que pena, porque a Ursa Maior é realmente linda.
― Vou pra casa, estou quebrado! ― Zayn pegou sua mochila jogada no chão e começou a descer as escadas.
Hilary deu mais olhada na constelação e desceu atrás do garoto.
― Eu te levo. Peço o carro da mamãe emprestado. ― Ela sabia que tinha uma grande parcela de culpa no cansaço dele.
― Seria bom dona Oliver. ― respondeu irônico.
― Como você é irritante Malik.
A garota rapidamente correu para casa e minutos depois voltava com a chave da Picape. Ambos entraram no carro e seguiram em silêncio até a cidade.
― Entregue.
― Obrigada pela carona. Até amanhã. ― Zayn lhe deu um beijo em seu rosto e saiu do carro.
― Até. Bons sonhos. ― Hilary gritou. Zayn parou no meio do caminho e se virou:
― Tentarei sonhar com você.
Ela penas sorriu e deu marcha ré. Estava cansada demais para lhe dar alguma resposta.
Na volta para casa viu algo estranho no meio da rua. Um carro parou e uma garota saiu batendo a porta com força e xingando. Segundos depois o carro arrancou cantando pneus, deixando para trás uma garota parada na rua.
Hilary suspirou. Lá ia dar uma de boa samaritana.
― Só espero que você não seja nenhuma assassina.
Assim que Hilary ia se aproximando com o carro, reconheceu quem era. Seu coração bateu mais rápido e um sorriso se desenhou nos seus lábios.
A garota parada sozinha no meio da rua era nada mais, nada menos que Gemma Styles, irmã de Harry Styles.
Ela se aproximou de Gemma, buzinou chamando a atenção dela.
― Oi.
Gemma olhou para ela com o cenho franzido. ― Te conheço?
― Sou Hilary Oliver, estudamos no mesmo colégio e sou sua única opção de você voltar para casa. ― Hilary concluiu sorrindo.
― Agora estou me lembrando de você. A caipira. ― Gemma disse como se tivesse acabado de se lembrar de algo.
― Nossa, é assim que a realeza me chama? Muito original.
― Desculpa pelos anos de Bullying. Eu realmente não quis fazer aquelas coisas com você.
― Não foi nada. Eu cresci muito almoçando no banheiro por dois anos. Vamos Gemma te levo pra casa. ―Hilary destrancou a porta e esperou a garota entrar.
Gemma ainda ficou em dúvida, mas entre entrar no carro e morrer de frio, ela preferia a primeira opção.
Quando Hilary ia dar a marcha ré e voltar para cidade, Gemma lhe impediu.
― Não quero ir pra casa.
― Quer ir pra onde então?
― Posso dormir hoje na sua casa? ― Gemma perguntou sorrindo timidamente.
― Porque não que ir pra casa?
― Meu irmão. Ele vai encher meu saco e vai ficar dizendo "eu te avisei, o Danny é um Zé ruela" e blábláblá. ― Gemma disse bufando.
― Então o nome do garoto que lhe abandonou no meio da rua era Danny? Vocês brigaram?
Gemma olhou para Hilary e sorriu de escárnio. ― Desiste, não vamos virar melhores amigas só porque te pedi desculpas e você está me ajudando.
― Certo. Depois dessa tudo que tenho a fazer é dirigir. ― Hilary continuou na mesma mão e seguiu em direção a sua casa. Era a irmã do Harry.
Por mais que ela fosse chata e irritante, ela era a pessoa mais próxima do garoto da sua vida. Ela não ia perder essa oportunidade por nada.
― Obrigada. ― Foi tudo que Gemma disse e depois o silêncio reinou no carro.

xx

― Mãe, cheguei! ― Hilary gritou assim que entrou em casa. ― Entre Gemma.
― Nossa aqui é grande. ― A garota disse olhando a sala espaçosa e decorada de modo rústico.
― Hm... Obrigada.
― Desculpe, sei que não estou sendo muito legal, prometo melhorar.
― Seria bom.
― Nossa pensei... Oi. ― Meg, mãe de Hilary disse chegando à sala, estranhou o fato de a filha estar com uma amiga, afinal já era mais de dez da noite.
― Oi senhora Oliver. Sou Gemma. ― A morena disse apertando a mãe da mais velha e tentando ser educada.
― Não precisa ser tão formal, me chame de Meg. É amiga da Hilary? Não lhe conhecia.
Gemma olhou rapidamente para Hilary e logo sorriu para Meg. ― É que sua casa fica bem longe da cidade, por isso nunca nos conhecemos. Mas em fim chegou o dia.
Meg sorriu e olhou para filha, aquele olhar era um código: conversamos depois sobre isso.
― Mãe a Gemma vai dormir aqui, ela teve um pequeno problema na estrada e lhe encontrei, como está tarde achamos melhor que ela dormisse aqui.
― Tudo bem querida. Pegarei travesseiros e cobertores. Vão subindo.
― Boa noite Senho... Meg. Foi um prazer lhe conhecer. ― Gemma disse antes de subir.
― O prazer foi meu Gemma, boa noite meninas.
― Boa noite mãe.
O quarto de Hilary era o último do corredor.
― Não repare muito, meu quarto não deve ser tão grande e bonito como o seu.
O quarto realmente não era grande, mas em compensação tinha uma bela vista, a varanda ficava a poucos metros da enorme floresta que ficava atrás da fazenda, e do seu lado esquerdo existia uma escada em forma de espiral que levava até o terraço que era onde Hilary ficava quando estava com insônia, nada melhor do que apreciar as estrelas.
― Você tem uma vista linda. Do meu quarto só consigo ver arranha céus. ― Gemma disse rindo.
― Por isso escolhi este quarto. Ele tem a melhor vista da casa. 

― Esperta.

― Você pode dormir na cama que durmo no chão.
― Ta louca garota? Eu que me convidei. Então você não tem obrigação nenhuma. E além do mais sua cama é grande cabemos nós duas. ― Gemma se jogou na cama e bateu do seu lado olhando para Hilary.
― Ok.
― Aqui os cobertores e travesseiros. ― A mãe de Hilary disse entrando no quarto.
― Obrigada mãe.
― Tenham uma boa noite.
As duas assentiram e logo foram deixadas sozinhas.
― Sua mãe não gostou nenhum um pouco da minha visita.
― É porque eu nunca trago amigas para cá. Ou melhor, eu nem tenho amigas.
― Nossa que triste. Podemos ser amigas.
― Você disse no carro que só porque te salvei não significa que seremos amigas. ― Hilary disse olhando confusa para Gemma.
― Eu disse melhores amigas. Mas não mencionei amigas. Comece a ler nas entrelinhas Oliver.
Hilary sorriu e pela primeira vez na vida sentiu que estava no caminho certo. Ela não poderia querer mais nada.
― Você precisa jogar fora essas camisas xadrez. Elas gritam "caipira". ― A morena gemeu sentando-se na cama tirando seus Peep Toes pretos.
A garota olhou para sua camisa rosa xadrez e se virou para o espelho que ficava na porta do guarda-roupa.
― Eu não acho que minha camisa grite "caipira".
― Pois grita. Onde fica o banheiro?
― Terceira porta a direita.
Assim que Gemma saiu do quarto, Hilary suspirou.
Ela gostava de suas roupas. Mas se fosse pra conquistar o Harry, Hilary faria qualquer coisa. E tava na hora mesmo de uma mudança no visual. Com certeza Gemma adoraria lhe ajudar com isso.
Já se passava das uma da manhã e nenhuma das duas garotas havia conseguido pregar os olhos.
― Está acordada Hay? ― Esse foi o apelido que Gemma havia colocado em Hilary. Mesmo odiando apelidos, a esse ela não criou nenhuma aversão, tinha até gostado.
― Estou.
― Essas estrelas no teto não me deixam dormir, elas ficam brilhando. ― Hilary fitou o teto onde havia milhares de estrelas que brilhavam no escuro e deixou sua mente vagar para um passado cheio de saudades.
― Foi meu pai que as colocou. ― Disse ainda com os pensamentos longe.
Gemma estalou a boca e ficou desconfortável. ― E onde ele está agora?
Hilary suspirou. 

― Se não quiser dizer tudo bem.

― Não, tudo bem. Ele se separou da minha mãe assim que meu irmão morreu. Nunca mais o vi.
― Você tinha um irmão?
― Tinha. Ele tinha seis anos quando foi atropelado aqui em frente de casa.
― Nossa, eu sinto muito.
― Tudo bem, hoje em dia a dor é menor.
― Eu odeio o Harry, mas não queria que ele morresse. ― Hilary riu do modo como Gemma falou.
― Ainda bem né? E sua relação com ele é boa? ― Ok. Ela tinha que se aproveitar disso.
― Às vezes sim, às vezes não. Ele é super protetor. Sendo que eu sou a mais velha. Aff, ele quer dar um de macho alfa. Um tédio.
― Ele faz isso porque te ama.
― Deve ser. ― O silêncio predominou novamente até Gemma dizer:
― Estou com sono Hay. Boa noite. ― Gemma virou-se de costa e Hilary continuou fitando as estrelas brilhando no teto.
Agradeceu aos céus por ter jogado Gemma na sua vida.
Ela sabia que esse encontro não tinha sido por acaso. Gemma era a chave para o coração de Harry, só faltava Hilary saber como usá-la.
Sorriu antes de cair no mundo dos sonhos.



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