O fogo ardia, queimava e destruía tudo que via pela frente. Se vista de longe, parecia que tinham acendido uma extensa e grande fogueira na beira da praia. E, enquanto o fogo transformava em cinzas a sua morada, o menino corria desembestado, enfiando os seus pés na areia branca e fofa da borda da ilha. Sua cabeça já latejava por causa do sol, seus pés estavam esfolados, seu rosto e roupas apresentavam marcas de fuligem e algumas partes achavam-se chamuscadas. Seus cabelos pretos voavam em volta da cabeça. Ele começava a ficar cansado de correr, mas não podia parar.
Atrás dele, um velho também se mexia com uma espada curva nas mãos e gritava com a voz rouca.
— Para, moleque! — o senhor usava um lenço vermelho na cabeça e um gibão de couro surrado simples cobria-lhe o peito magro, que chiava conforme ele corria e se cansava. — Eu não vou te machucar, moleque idiota!
O menino se atreveu a olhar para trás, o suficiente para ver que o seu perseguidor parara, colocando as mãos nos joelhos para tomar um fôlego. Porém, quando voltou a cabeça, ele esbarrou em alguma coisa e caiu de bunda na areia. À sua frente, dois homens grosseiros riam, e o menino arregalou os olhos. De onde eles vieram?, pensou, atordoado, e um dos homens, o magro, segurou sua bata para fazê-lo ficar de pé.
— Ora, ora! O que temos aqui?
O menino não foi capaz de soltar palavras. O pirata magro possuía cabelos castanhos que batiam nos ombros e feições rudes e grosseiras, a pele marcada pelas espinhas. Os dentes de madeira, a camisa de linho suja de fuligem e o calção preto com botas até os joelhos lhe davam certo ar de autoridade.
— Uma menininha fujona. — Disse o outro. Esse era careca, troncudo, redondo e escuro, com mãos grandes e vestes pretas.
Ele riu, e o homem magro o encarou, fazendo-o fechar a boca.
— É uma criança assustada. — o magro com dentes de madeira se abaixou para ficar da altura do menino. — Qual é seu nome?
O garoto sentia o impulso de mentir, quando o seu antigo perseguidor chegou chiando como uma serpente.
— Esse moleque fugiu de mim, capitão. — ele tossiu, sem ar. — Estava levando todos para dentro do navio, quando essa criatura imbecil mordeu a minha mão e fugiu.
O fedelho se virou para o senhor e mostrou a língua, e depois ouviu a voz do homem magro.
— E vejo que ainda carrega muita coragem nesse coração, moleque. — ele sorria. — Eu perguntei qual é o seu nome, lembra?
O menino suspirou. Por mais que o rosto do capitão mostrasse calmaria e bondade, ele sabia que precisava tomar cuidado.
— Meu nome é Reagan, senhor. — mentiu, e ainda continuou. — E peço para o senhor esfolar a pele desse velho avarento. Ele violou a minha mãe, a minha irmã e tirou a vida de meu pai. Esfole a pele dele e faça um casaco para mim.
O homem à sua frente levantou as sobrancelhas, chocado.
— E você espera mesmo que eu faça isso, quando aquele velho avarento é um dos meus melhores homens?
O menino suspirou.
— Não, senhor. Minha mãe me ensinou que jamais devo desejar mal a outra pessoa.
O moleque se virou e mostrou a língua para o velho, mas o homem puxou a sua camisa, fazendo-o voltar.
— Certo. — ele ciciou e se levantou, dessa vez guiando o menino pela areia da praia, com seus homens atrás. — Nós vamos voltar para o navio agora e você vai me prometer que vai ficar quieto, ok?
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A Mulher da Tatuagem de Rosa
FantasyDançando e brilhando como as chamas de uma fogueira, uma mulher com uma singela rosa estampada no peito bailava sempre diante dos seus olhos antes de alguém morrer. Antes de uma batalha, antes de um ataque, antes de um assalto. Sempre que ela surge...