Capítulo (1) - Tia Sally e eu

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"Ninguém nunca ouve a versão do demônio, porque Deus escreveu todos os livros."

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Olhei através do vidro, o céu escuro e cinzento, o clima húmido e o nevoeiro que mais parecia uma bola de fumo, como um cigarro inacabado pela manhã ou uma xícara de café fumegante.

As árvores que abraçam o colégio como um casulo inacabado, o bosque melancólico parecia gritar ao vento milhares de segredos, as montanhas cobrindo a cidade como um escudo se sentia como escalar o topo do Evereste, peguei o mapa, mochila e o meu casaco marrom, que estavam jogados no banco de trás, e suspirei.

Estava cansada, não havia dormido, tínhamos acabado de nos mudar para Valley Crowhisper, e durante quase toda noite aproveitamos para desempacotar tudo, eu e minha tia.

Fechei a porta do carro, e olhei para o mapa da escola.

Atrás de mim, era possível ouvir o ronronar de um motor potente, parando no estacionamento. Olhei de canto para o dono do carro, não consegui ver muito bem seu rosto, pois ele estava de cabeça baixa, olhando distraidamente para alguma coisa em sua mão.

Coloquei minha mochila no ombro, e continuei segurando o casaco com uma das mãos, e com a outra o mapa. Olhei para o relógio no meu pulso esquerdo, ainda tinha quinze minutos para encontrar a sala, antes de a primeira aula começar.

Dei alguns passos em frente, e voltei a encarar o mapa na minha mão de forma distraída, e nem percebi quando uma moto passou por mim em alta velocidade.

- Cuidado!

Uma mão tocou-me no ombro e puxou-me para trás.

A mão soltou-me bruscamente. Quando eu me virei, assustada, coração a mil, e vi que o garoto do carro potente era o dono da mão, ele deu um passo para trás, e discretamente eu o observei, ele aparentava ter mais ou menos minha idade, alto, e de ombros largos, cabelo loiro um pouco escuro, e olhos verdes.

Pela Deusa de todos os santos... ele era realmente muito lindo e parecia encaixar no ambiente gótico do lugar, como uma só camada

- Obrigada - eu disse, para quebrar o silêncio.

Ele não respondeu, me lançou um breve olhar de desprezo, deu meia volta e seguiu em frente sem dizer nenhuma palavra e desapareceu pelo estacionamento da escola.

Eu olhei-o fixamente.

Rude, mal-educado, presunçoso, sexy, lindo, arrogante...Gostoso

Seu jeito de andar soberbo com passos largos, firmes e cheios de confiança, como se ele fosse o dono do mundo, e nada o pudesse abalar.

Ele usava uma calça preta, camiseta gola V azul

Sai do estacionamento e parei em frente ao prédio principal de três andares onde decorreriam as aulas.

O caminho pavimentado se estendia até as escadas do prédio principal. Do meu lado esquerdo estava uma quadra de Basquete, e do outro encontrava-se um lago coberto por anjos e com um bonito jardim relvado, com árvores de grande porte, e pequenos arbustos.

Os alunos chegavam em grupos

Todos pareciam meio misteriosos

Eu me virei para um grupo de alunos que fofocavam sobre mim, falando alto ignorando minha presença, talvez pela empolgação do novo semestre na escola.

Engoli em seco.

Cada um deles exalava poder, confiança, riqueza e beleza. Uma garota soprou uma mecha de seu cabelo loiro cacheado.

Caídos: Emoções PerversasWhere stories live. Discover now