Caídos: Emoções Perversas

Capitulo ( 3 )

Sabia que deveria me afastar, mas por alguma razão desconhecida, não o consegui fazer.

--Você dança realmente mal, ou apenas um pretexto para me sentir perto? Provocou ele

Revirei os olhos

- Como se você fosse tudo isso. Soltei desdenhosa

-Eu sou anjo, te garanto que você ira deitar na sua cama essa noite, e sonhar comigo, desejando que eu fizesse muito mais com seu corpo, do que simplesmente tocar - sussurrou

Meu queixo quase caiu, mas eu o mantive no lugar.

--Isso nunca vai acontecer. - Garanti

Nossos olhos se encontraram e eu podia sentir que ele estava rindo -Veremos- a malicia em seu sorriso era tanta, que chegava a me incomodar.

A força com que apenas uma de suas mãos depositava em minha cintura, fazia com que ele continuasse a controlar nossos movimentos, que eram fracos.

Seus dedos deslizaram suavemente para baixo, e por um segundo, eu podia jurar, que sua mão havia entrado dentro da minha camiseta, seus dedos frios, tocando a pele nua da minhas costas.

--Você é muito abusado- disse tentando parecer completamente segura, completamente à vontade.

Ele abriu um sorriso. Eu fiquei convencida de que estava rindo da minha cara.

--Mas você adora, não negue-

--Babaca- Rosnei entre dentes. -Eu não adoro nada de você, eu não quero ter nada com você - Minha irritação fluía por todo o meu corpo.

--Você é uma péssima mentirosa - ele murmurou em meu ouvido, mordendo o lóbulo de seguida.

Dei um passo para trás, desconcertada, surpresa por parte do meu corpo reagir àquilo de forma tão positiva.

Percebi que todos os olhos estavam sobre nós dois, a professora encontrava-se atônica e boquiaberta.

E me dei conta que a música já havia terminado, eu só não sabia responder em que momento ela terminou.

Estava tão perdida em Adam, como se ele tivesse criado um mundo a parte, onde só nos dois estávamos.

--Bem...--A professora disse meio sem graça--- vocês fazem... Quer dizer dançam muito bem.

Todos soltaram uma gargalhada, senti minhas bochechas começarem a queimar.

E isso era justamente o que faltava, pensarem que eu estava interessada em Adam.

O sinal tocou.

Salva.

Peguei minha mochila, e aproximei-me de Adam, que continuava a me encarar com um sorriso presunçoso - Por essa você me paga- Murmurei e empurrei-o.

--Estarei aqui pra ver boneca -- Percebi uma levíssima ironia nas palavras.

--É melhor não abusar da sua sorte -- contra-ataquei.

Abriu aquele sorriso de cafajeste e balbuciou -Estarei esperando-

Senti um tremor de raiva, mas mordi a língua, para não responder. E virei nos calcanhares.

***

Ava girou o pulso para examinar o relógio, olhei para o estacionamento, tentando adivinhar qual o seu carro.

Na outra extremidade, estava Adam, com ar de tédio, encostado na porta de seu carro.

--Encontrei -Ava disse num sorriso -Nossa carona -

--Onde?-Olhei em volta do estacionamento, apressando o passo, para acompanhar os de Ava.

Não estava ninguém além de Adam.

--Aqui-ela disse parando na frente do mesmíssimo diabo.

Sério? Sacanagem.

Qual a probabilidade de entre todos os caras, Adam ser primo de Ava?

Minha sorte, ia descendo cada vez mais pra baixo. Se bem que eu nunca fui uma garota de sorte

- Acho que vocês são da mesma turma não é mesmo? Ela perguntou abrindo a porta do carona.

Sua mão brincava com o isqueiro em um movimento de acende e apaga, seus olhos brilhantes através da pequena chama

Notando nossa presença ele se livrou do isqueiro com um piparote.

--Além de me amar, adora minha prima-- A voz de Adam era ácida.

--Acho que já deixei bem claro que não vou com a sua cara de demônio - O corrigi asperamente.

--Não foi essa a impressão que você deixou na aula de dança - ele disse retirando o blusão e o jogou na parte traseira do seu CHEVROLET CHEVELLE SS 454 1970

Eu já não tinha tanta certeza se seria boa ideia ir com Ava.

Tudo o que eu menos quero nesse momento, é sentar no carro de Adam, com Adam.

Suspirei só com o pensamento de que ele era afinal meu vizinho.

Ava abaixou o banco para que eu pudesse entrar na parte de trás do carro. -Vamos logo - ela disse impacientemente.

Reticente, deslizei para o banco de trás.

--Ainda quer jantar um hambúrguer?- Ava perguntou a Adam

--Sim, porque não - ele respondeu olhando para mim, através do espelho retrovisor.

Revirei os olhos, e encostei a cabeça na janela.

--Quer jantar com a gente? Ava perguntou

Respondi um enfático "não" e continuei a encarar a estrada.

Adam, fez um desvio, e virou a esquerda. -Onde vamos? Perguntei cautelosa

E se confiar neles fosse um erro?

E se eles vendessem meus órgãos no mercado negro?

Ou Adam me estuprasse?

--Preciso colocar gasolina, e comprar hambúrguer - Adam respondeu

Respirei aliviada

OK, sem estupro.

Sem órgãos no mercado

Através do espelho retrovisor, nossos olhos se cruzaram, havia algo, algo intenso e perigoso em Adam.

Era extremamente atraente, mas de uma forma que me perturbava.

Ele parecia ver através de mim, desnundando minha alma, e gozando demasiado com o que via.

Os seus lábios lindos serviam como uma distração para qualquer garota, oferecendo mais caretas de desdém, do que sorrisos, sua expressão era mais sombria do que afável, um misto de perigo e escuridão, e seu olhar   era profundo e cheio de más intenções e emoções perversas

Como se ele representasse em carne viva a própria luz e escuridão.

Adam era um misto de rebeldia e aventura, um perigo para qualquer menina e um desgosto para qualquer pai.

--Esta me avaliando Katie- Obviamente ele estava tentando me provocar.

-- Isso é o que você deseja-- Sorri, rígida, porém educada.

--Cuidado, eu desejo muitas coisas. -- O sorriso dele parecia tão educado quanto o meu -- E normalmente tudo que eu quero, eu consigo

Eu não sabia se aquilo tinha soado mais como uma ameaça, ou uma afirmação, mas quem me culpa?

Adam era enigmático e terrivelmente misterioso

Suas intenções nunca estavam claras para ninguém

E seus sorrisos jogavam falsas verdades

Adam era imprevisível, a mentira e a verdade.

E você nunca, nunca sabe o que vai obter dele