Capítulo ( 7 )

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-Katie?— A voz suave da minha tia chama do fundo do corredor

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-Katie?— A voz suave da minha tia chama do fundo do corredor.

-Estou indo— Eu grito de volta, correndo os dedos pelo meu cabelo molhado de suor

-Querida, você está atrasada.

Eu gemo. Eu quero ficar na cama. Eu não quero ir para a escola. E muito sinceramente detestava mais ainda, ter que morar nessa nova pequena cidade.

Em Crowhisper todos sabiam da vida de todos.

Eu suspiro e jogo as pernas para fora da cama. Eu me arrasto pelo corredor até ao banheiro, tomo um banho rápido e escovo meus dentes

Com meu corpo enrolado sobre a toalha de banho, eu entro na sala, vejo minha tia na cozinha com uma senhora que eu não tinha visto antes. Ela está andando, pegando as cartas e murmurando alguma coisa.

A senhora está encostada ao balcão, sorrindo, os braços cruzados.

-Bom dia querida—Minha tia diz quando eu entro.

Eu lhe dou um sorriso cansado –Bom dia.

-Fique pronta para a escola logo

Eu torço o nariz –  Eu queria que eu pudesse simplesmente estudar em casa.

Ela sorri –Você não tem poder de escolha.

Ergo as sobrancelhas –Não vai trabalhar?

-Não.

-Vai me levar na escola?

-Hoje sim. --Ela diz parando na minha frente – Você ainda tem que tomar seu café da manhã.

Ela olha a senhora e faz sinal com a cabeça, para que essa a siga.

-Eu vou ler as cartas para a senhora Miller – ela diz prendendo o cabelo negro – é o tempo de você comer.

E com isso ela sai apressada da cozinha, a senhora de meia-idade segue-a até a sala.

Mesmo depois de todos esses anos, em que vivia com minha tia, ainda era difícil, acreditar que ela, sendo uma médica, se sentisse tão atraída pelo oculto, pelas previsões, pelo que o destino lhe reserva.

Minha mãe sempre dizia que a paixão de minha tia pelo esoterismo havia começado no dia em que ela conheceu uma cigana, que vivia na rua em frente da sua casa.

Meses depois, ela já estava aprendendo com a cigana a fazer leituras de cartas, lendo o futuro através das borras de café.

Qual era o ponto em você fazer leituras para pessoas que conhece?

Ou porque o ser humano deseja tanto saber por antecipação o que a vida reserva, como posso mudar o que pode ser mudado e aceitar o inevitável?

Cerrando os olhos, lembrei-me do dia em que minha tia leu as cartas para minha mãe, dias antes do acidente.

Caídos: Emoções PerversasWhere stories live. Discover now