Eles são reais, caminham entre nós, são lindos e parecem humanos, com uma beleza superior e dotados de asas brancas que nos abraçam nas piores das nossas agonias, mas eu também descobri que demônios são anjos caídos de asa quebrada, e uma alma feita...
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"Eu amo a noite, porque ela me faz lembrar de todos os meus pecados"
(Caídos: Luz & Esuridão)
Ele abriu a porta do carro, inclinou-se para fora e esfregou a ponta do cigarro no chão, o apagando, ligou o carro e voltou para a estrada.
-Meus pais e minha irmã... Eles morreram em um acidente de carro- eu não sei porque o disse, mas apenas disse, talvez por ainda estar abalada com tudo o que aconteceu minutos antes, ou porque talvez fosse a primeira vez que tinha vontade de falar com alguém sobre o acidente.
Adam ergueu as sobrancelhas
-Eu sinto muito-
Mesmo sem qualquer vontade eu sorri -Sabe o mais engraçado?- eu disse - eu me culpo todos os dias, por ter sobrevivido, e minha família não -
-Você não teve culpa -Adam falou passivo.
-Eu não sei...--
-Como assim? - Ele perguntou franzindo a testa, e me encarando, seus olhos brilhavam, enquanto esperavam por algo de mim, algo que eu não fazia ideia.
-Eu tenho uns sonhos estranhos, como se tudo fosse por minha...- Essa era primeira vez, que eu falava sobre isso.
Suspirei - Deixa pra lá- eu disse encostando a cabeça na janela.
-Eu virei as costas para quem eu era muito tempo atrás. - Ele falou de repente - Tomei decisões erradas perante aqueles que esperavam tanto de mim. Não me arrependo, porque no meio dessa tempestade que escolhi, posso ser eu mesmo. O que quero dizer é que nunca tenha medo de ser quem você é Katie. Não tema a vida, apenas viva rápido, com intensidade, aproveite cada momento como se fosse o último- Ele falou isso com calma, escondendo suas emoções, com uma autoridade impassível.
-Vou tentar não esquecer seu sábio concelho -falei sincera
Adam não deu mais palpite, nem tão pouco puxou novamente o assunto sobre a mortes de meus pais, pra falar a verdade, ele parecia sério, preso em pensamentos!
Pensamentos esses tão sombrios, quanto os meus.
Adam fez a curva com cuidado, talvez por minha causa, pelo acidente de meus pais, e o que isso pode me causar, ao estar no carro com alguém que conduzia sem qualquer noção do perigo.
Ele pegou seu iPod e colocou uma música, para tocar no som do carro.
"Eu apenas amo o jeito que você está perdendo sua vida"
Cerrei os olhos e fiquei ouvindo cada palavra, eu não sabia se isso era uma música ou uma poesia gótica e melancólica.
"Minha querida, completamente quebrada"
Eu comecei a cantar com os lábios fechados, e Adam aumentou o volume.
Num instante ambos, cantavamos juntos a todo volume, eu balançava minha cabeça de um lado para o outro, enquanto Adam me acompanhava nesse lento movimento.
