Capítulo Dois - O Início do Fim

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A noite encontrava-se belíssima. Tão bela e encantadora como o canto de uma sereia, que fascina e seduz, mas que também engana.

Jassana, entretanto, aparentava não se preocupar com isso. Ela estava ao centro de uma roda formada por pessoas, as quais batiam palmas e, despreocupadas, cantavam a velha canção dos aventureiros; e ela, com seus longos cabelos cacheados cor de pêssego rosado, sorria compulsivamente enquanto cativava atenção devido aos seus leves passos dançantes.

Havia também alguns vinhos avermelhados que desabavam sobre a grama verdíssima, provocando uma sujeira desagradável quando os pés descalços deslizavam inocentemente pelos líquidos gelados. Mas nada daquilo de fato importava, pois, assim como Jassana, todos apenas pensavam em festejar e acompanhar infinitamente o ritmo da dança.

Acompanhar o ritmo da dança. Sim, era exatamente isso. Era um passo desajeitado para lá, outro para cá e mais outros acompanhados por diversas doses de risadas. Ao mesmo tempo, a música, feito um vírus incurável, invadia os ouvidos do público, alcançando o coração desse e emitindo uma energia vibrante. E a moça de cabelos um pouco alaranjados e rosados expirava alegria, enquanto levava desajeitadamente uma taça arredondada preenchida por certa bebida azul fluorescente até os lábios cor de mel, que eram tão macios quanto às nuvens que fingiam serem algodões pendurados no céu turquesa.

O fluído escorria queimando pela garganta, obrigando-a a abrir seus olhos e, consequentemente, revelar dois grandes globos oculares escuros. No entanto, seus círculos extremamente pretos ficaram frios com o que rapidamente avistou, e em seu olhar pode-se perceber a chegada da pior das companhias: A morte.

Jassana parou de dançar e tentou manter-se em equilíbrio, porém, seu corpo estava trêmulo demais. Não demorou muito e a taça, que antes os finos dedos contornavam com tanto prazer, chocou-se com o chão e se transformou em pequenos fragmentos cortantes e brilhantes. Assim, logo depois, ela gritou apavorada, sentindo o peito arfar e acompanhar a ânsia repentina. Fora um grito ardente e muito alto, como de quem pressente a própria queda em um abismo sem fim.

A multidão aquietou-se bruscamente, e todos olharam assustados para a moça petrificada.

- Jas? O que houve? Você está bem? - Sobressaltado, perguntou Mirandir, um dos presentes na comemoração - Jas? Jassana! O que está acontecendo?

Mas a mulher não respondeu. Ela continuava imóvel, não acreditando no que acabara de ver.

- Jassana, por favor, nos responda. - Tina suplicou, enquanto chacoalhava a jovem, como que querendo acordá-la de um sonho terrível.

Quem dera fosse somente um sonho.

Jassana novamente não desatou os lábios, contudo, ergueu tremendo o braço direito e, com o dedo indicador, apontou em direção à Manacá.

CadentWhere stories live. Discover now