Capítulo 7- Ilustração Repentina

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A sensação de uma língua áspera passeando propositalmente pelo rosto despertou bruscamente o rapaz

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A sensação de uma língua áspera passeando propositalmente pelo rosto despertou bruscamente o rapaz.

- Rudá! – Damiel, com uma expressão cômica de repulsa, resmungou. Assim, ele começou a se levantar, passando as mãos calejadas pelas bochechas enquanto tentava se libertar de toda a saliva que escorria vagarosamente feito gosma por sua face. Irei me certificar de nunca mais dormir na mesma caverna que a sua.

O leão, sentado meio que sem jeito e com as órbitas oculares expirando graciosidade, deixou a cabeça pender para um lado, como se estivesse buscando compreender as palavras do jovem.

- Não adianta me lançar esse seu olhar de inocente, você sabe que isso não funciona mais desde aquela vez que você comeu escondido todos os peixes que pescamos para o inverno. – Dam falava apontando o dedo indicador para o animal, fingindo estar no controle da situação e nem um pouco desejando ceder às feições divertidas de Rudá. Bicho feio!

O leão tão logo ignorou os sermões do rapaz, pulando intencionalmente nele e, em seguida, encostando as suas duas enormes patas dianteiras e peludas sobre o peito rígido de Damiel. E, apoiando-se apenas através das patas traseiras, o animal tentava lambê-lo novamente.

- Oh! Não! Rudá! – Reclamando, Dam oscilava em assumir um semblante de nojo e também de graça. Entretanto, diante dos risos, que eram tão raros naqueles tempos, ambos tombaram repentinamente no chão, evidenciando que certamente o desequilíbrio era uma força muito poderosa.

- Olha o que você fez! – Repreendendo ironicamente, Dam não se cansava de rir do animal bobo. Por isso, agarrou-o e iniciou uma batalha nem um pouco violenta contra o majestoso Rudá, rolando de um lado ao outro. As pequenas e pontiagudas pedras, aproveitando-se da brincadeira, fincavam superficialmente as costas deles, ao mesmo instante em que as cinzas - outrora uma fogueira -, sujavam-nos sem piedade. Chega, amigão. – Ele disse entre um breve suspiro, procurando recompor o ar dos pulmões e enfraquecendo a infantil zombaria. Vamos acordar aquele "sol mal humorado".

Referindo-se a menina dos cabelos coloridos, Damiel pôs-se de pé, parcialmente sem jeito, e rolou o olhar em direção ao local que antes havia uma figura raquítica dormindo, procurando-a. Contudo, ao observar a ausência de qualquer vestígio de pessoa sobre aquele canto da caverna, ele sentiu o coração parar feito uma bateria velha de um relógio barato.

- Sunsea? – Dam chamou, com a voz receosa. Sunsea? Cadê você?

A toca não aparentava ser grande, mas havia diversos corredores que se estendiam para além de onde eles decidiram descansar. Se ela, por ventura, tivesse entrado em alguma daquelas passagens, seriam necessário horas apenas para encontrá-la.

- Sunsea! – Damiel, vociferando alguns xingamentos em consequência do sumiço da garota, clamou.

Um ruído, porém, conquistou sua atenção. Rudá, já do lado de fora do ambiente, farejava algo na paisagem gélida, possibilitando que o som de seu andar sobre a neve fosse fielmente audível. O jovem correu então atrás do amigo, trazendo juntamente as bolsas não tão pesadas devido aos poucos suprimentos que as preenchiam, as quais se chacoalhavam perdidamente em virtude da movimentação de Dam.

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