Zack

Ser capitão do time de futebol não é só comandar no campo. Você tem que ganhar o respeito dos jogadores, e passar uma imagem exemplar para eles seguirem. Em festas da escola, nas notas, nos projetos escolares, em tudo que diz respeito a instituição que defendemos em campo. Caio em alguns deslizes de vez em quando, mas na maior parte do tempo, honro minha posição.

Virei o quarterback no primeiro ano do ensino médio. Minhas notas são perfeitas, sou engajado nos projetos, mas quando é sobre festas...

Não vou a muitas por causa disso, apesar de achar ter aprendido a lição. A do Halloween é a única que nunca perco. Com tanta gente vestida de monstro, não dá para sair da linha. Quase todas as meninas não se metem comigo, pelo meu histórico com o Peter, um idiota que resolveu brincar com a minha prima. Eu quase fui preso, se um professor não tivesse conversado com o delegado defendendo o meu lado, eu teria sido mesmo. Ele foi o único que depôs a meu favor, e o nome de peso aliviou bastante minha punição.

O mais engraçado foi isso. Eu fui punido por ter gritado, já o Peter saiu como um herói depois de ter mexido com uma criança. A punição assustou as garotas, então são poucas que tentam. A mais próxima de mim ultimamente foi a Britt, porque trabalhamos juntos. Gosto de ver o esforço dela. Ela luta pra jogar futebol, para mostrar que pode fazer o que quiser.

— Zack? Já está na hora da escola, filho. — minha mãe disse do outro lado da porta do banheiro, me tirando dos meus devaneios.

— Já vou.

Passo uma água no rosto e saio do cômodo.

— O Halloween tá perto, já escolheu sua fantasia para a festa da escola?

— Sim. E não, você não vai saber até a hora.

— Eu não ia perguntar. — ela mentiu.

— Uhum.

— Como está o time?

— Bem. Perdemos um jogador, e ganhamos uma jogadora. Brittainy.

— Hum, e como ela vive no meio de vocês?

— O vestiário dela é o que a gente não usa, e em dias de jogos ela toma banho em casa depois da partida. Vamos nos adaptando aos poucos.

— Ela tem namorado?

— Eu vou saber, mãe? Ela é minha jogadora, não minha melhor amiga para sempre. Estou atrasado. Te amo, chego à tarde. — beijei a bochecha dela e fui pra escola.

Praticar futebol tirou metade da minha vida social. Ser o capitão tirou a outra metade. Saio para me divertir bem de vez em quando, o que exclui qualquer chance de ter namoradas na minha vida... pelos próximos cinco anos, pelo menos. Conciliar estudos, esporte, relação amorosa e relação familiar é um malabarismo que é complicado de fazer. Ter uma namorada que me ajude nos estudos seria um bônus grande, mas aí ficaria um buraco na relação pelo tempo que me dedico ao futebol. O certo seria arranjar alguém do futebol, mas a única que conheço é a Brittainy.

E ela está fora de cogitação. Misturar relação amorosa e jogadores não é algo que passe pela minha cabeça. Para eles sou o capitão, e só.

Brittainy

Cheguei na escola super atrasada, porque não conseguia achar meu trabalho de Física em lugar nenhum, e o tempo todo estava na mesa da cozinha. Perdi meia hora procurando pelo óbvio. O primeiro horário estava acabando, e tive que passar na diretoria. O diretor aceitou minha explicação, e pediu mais atenção da próxima vez. Prometi que deixaria pregado na geladeira, se necessário, e fui correndo para o meu armário pegar minhas coisas da próxima aula. O Zack estava no dele, ao lado do meu, e me olhou.

Amor em Jardas - Série Endzone - Livro 1Where stories live. Discover now