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E todas as estradas que temos que percorrer são tortuosas,
E todas as luzes que nos levam até lá nos cegam.
(Wonderwall - Oasis)
Zack

Já estou a um mês aguentando essa tortura. Na escola, na piscina, dentro de casa... Estou me sacrificando para não atrapalhar a Britt. E descontando tudo no futebol. Nossos adversários estão sofrendo com a força do Fire Eagles, e cada dia que passa ficamos mais próximos da final. Faltam dois meses, exatos sessenta dias. A única coisa boa que aconteceu ultimamente foi que o frio pesado passou, então entrar na piscina com a Britt não tem sido uma tortura tão grande. Na semana que vem teremos o primeiro treino aquático, e sinto mais confiança da halfback. Ela disse na semana passada que vai continuar fazendo aulas comigo durante o verão, porquê está gostando de aprender.

Quando ouvi isso, fiquei muito feliz. Mas aí essa semana chegou, e eu fiquei doente e sem poder ir pra escola. Ainda estou doente, nesse momento deitado na minha cama enquanto estudo o que o Victor trouxe pra mim. Alguém abriu a porta, e colocou a cabeça pra dentro.

—Posso entrar? — a Britt perguntou

—Sim.

Ela sentou na beirada da minha cama, e pegou minha mão.

—Demorei a vir porquê não sabia o que estava acontecendo. Sua mãe disse que você está assim desde sábado de manhã.

—O médico disse que não vou morrer. É só um resfriado, já estou quase curado. Hoje é o último dia dos remédios.

—Que bom, então você vai voltar logo. O Timothy está sendo o capitão reserva, já que o Victor está pagando uma suspensão, e constatamos que você é a peça mais importante do time, nossos treinos são horrorosos e sempre saímos do campo rindo. O treinador não está muito feliz com a liderança dele e disse que vai trocar o reserva do reserva assim que você puder discutir isso com ele.

—Todos somos importantes. Você deveria ser a capitã, sabe o que fazer.

—Não tenho nem ideia. Ele pegou seus papéis e me pediu ajuda, quase matamos todo mundo.

Sorri.

—Que bom que volto amanhã então.

—É. Senti sua falta lá. — os olhos dela ficaram marejados, e notei que alguma coisa estava errada.

—O que aconteceu?

—Algumas pessoas estão me enchendo o saco.

—Enchendo o saco? Por quê?

—Um grupo de pessoas está fazendo piadinhas comigo. Acham engraçado zoar com o fato de eu ser a única mulher do time. Eu respondi que o fato de ser mulher não me diferencia de vocês, mas isso não os impediu. É cansativo.

—Britt, — suspirei — isso já aconteceu com o Victor, e a nossa professora de filosofia da época nos disse o termo que nomeia essas brincadeiras, que de brincadeiras não tem nada. Bullying. Para elas pode ser engraçado, mas, se te incomoda, está errado.

—Eu pensei nisso, até falei com minha mãe, mas ela disse que essas coisas são normais.

—Antigamente isso era banalizado, mas a cena mudou com a resposta de quem sofria. Algumas com violência, isso mostra o que acontece na cabeça de quem sofre. Não significa que você vá ficar com vontade de machucar as pessoas, só que vai estar te machucando. Não sofra calada. Você é uma das pessoas mais fortes que conheço, mas isso não significa que é feita de titânio.

Amor em Jardas - Série Endzone - Livro 1Where stories live. Discover now