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Brittainy

Os dias após o Natal foram bem... estranhos. Minha mãe virou a rainha da bondade, fez bolo, um macarrão que adoro, coisas que ela nunca faz quando não tem uma notícia que não me agrada. Me aproximei da cozinha na véspera de ano novo, curiosa pra saber a bomba da vez.

—Diz logo o que você tem pra me dizer. — pedi, a assustando.

—Não sou tão nova assim pra ficar levando sustos. — resmungou — E não tenho nada a te dizer. Não ainda.

—Vamos nos mudar de novo, não é? Bem, vocês vão. Eu não vou.

—Você não pode ficar sozinha ainda, tem só 16 anos.

—Sim, 16 anos que eu não tenho um lugar onde posso chamar de casa, porque estamos sempre nos mudando. Sei que vocês fazem isso para me dar uma vida "boa', mas vocês acham que é bom estar em uma escola nova todo semestre? Nunca poder fazer um amigo, nunca poder ter um namorado? Eu odeio isso, odeio lugares novos, odeio ter que me despedir de quem eu gosto, e não vou fazer isso de novo. Não antes de ir pra faculdade. Você diz que eu não posso ficar sozinha, que eu devo me deixar acolher pelos lugares onde moramos, mas de todos os lugares onde moramos, do norte ao sul, o único lugar em que eu me senti acolhida em toda a minha vida foi no meio do Fire Eagles.

Dito isso, subi as escadas para o meu quarto e me joguei na cama, emocionalmente abalada demais para lidar com qualquer coisa. Por isso, quando meu pai bateu à porta, coloquei a cabeça debaixo do travesseiro.

—Coelhinha? Podemos conversar? — pediu pela fresta que abriu, então julgo que me viu negando com a cabeça e ignorou isso, porquê sentou na beirada da cama — Sei que te afeta todas essas mudanças, Britt.

—Não sabe não, se soubesse não me faria passar por isso duas, três, até oito vezes no ano.

—Sim, eu sei, mas eu nunca soube o quanto afetava. Você nunca reclamou, no início adorava morar em casas novas, mas de um tempo para cá tenho percebido que você não fica muito alegre com as mudanças. Nunca me disse o porquê, e não preciso saber os outros motivos. Só quero saber o dessa vez. Sua mãe e eu percebemos que você está mais motivada a treinar, e sempre chega alegre em casa, o que me levou a pensar que você deve estar gostando de alguém. Pode ser a motivação que o seu time te dá, mas nunca vi seu irmão sorrindo pelos cantos por causa dos times, e sim por causa de garotas. Como vocês são irmãos, preciso saber se é alguém. É?

Concordei baixinho, não querendo admitir para ele.

—Fico muito feliz por você, filha. Gostar de alguém ao ponto de enfrentar outrem para ficar perto de quem gosta, significa que não é só um verbo, e sim um sentimento. Diga o que você sente para ele ou ela, e se for retribuído, muito bom, se não, você tem muita vida pra viver ainda. Pode ter a sorte de encontrar o amor da sua vida agora, ou com 30 anos, mas não descarte um sentimento puro assim. Lute para chegar na pessoa, e a ame com todo seu coração se conseguir. Se ele for quebrado, junte os cacos e comece de novo. Sua mãe me ajudou a refazer meu coração partido, sabia? E desde então, sou muito feliz por tê-la comigo.

—Se a pessoa já for próxima de mim, o que faço?

Ele riu um pouco, os olhos brilhando com um "eu sabia" não dito.

—Seja sincera e espere um pouco. Às vezes à espera compensa, então tenha paciência.

—Eu não posso ter paciência se não tenho tempo. Vamos nos mudar. — reclamei

—Não vamos não, contanto que você me prometa uma coisa. — pediu — Você vai dizer ao Zack o que sente o quanto antes.

Corei por ele saber quem era, mas anuí.

Amor em Jardas - Série Endzone - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora