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Brittainy

Eu ouvi o que minha mãe disse ao Zack, então eu sabia da promessa dele, e entendi que foi por isso que me evitou na escola e nos treinos, desde que voltei. Mas, no dia da viagem para o jogo do Sebastian, o Victor percebeu que eu não estava feliz.

—Tenho notado que você está mais cabisbaixa, menos alegre. Tem a ver com o gelo que o Zack está te dando? Posso conversar com ele, se sim. — sugeriu, depois de colocar minha mala no porta-malas e dar a partida. Era muito cedo, o Sol sequer tinha nascido, não achei que enfrentaria esse assunto tão cedo.

—Não, foi só uma conversa com a minha mãe, não se preocupe. — uma conversa que causou o gelo que estou recebendo.

Por falar em gelo, estava frio pra caramba em Lincoln. -2ºc nesse momento, a sensação térmica ainda pior, e mesmo muito bem agasalhada, eu sentia minha pele doer. Quando ele parou na frente da casa do Zack e abriu o porta-malas, me mostrando o que o clima tinha para nós, não quis ir mais. Estava pronta para pedir que ele me levasse de volta pra casa, mas quando o capitão abriu a porta com dois cobertores nas mãos, eu quis que ele permitisse que tivéssemos o mínimo de intimidade, para que eu pudesse dar um abraço agradecida. E quando ele me entregou um copo de chá, me segurei para não chorar.

Eu queria muito poder um abraço nele. Estou ganhando um gelo, mas ele continua atento ao que preciso, um pouco mais do que aos outros jogadores. Ninguém notou isso, só eu, por isso me pergunto se não estou ficando louca. Boa parte da viagem fiquei procurando defeitos nas minhas roupas, para que eu pudesse imaginar como conserta-los, e no resto eu dormi. Acordei só quando chegamos, e fizemos o check-in no hotel. Meu irmão já tinha pagado por tudo, inclusive pelas comidas do frigobar, mas nem olhei nada quando cheguei no quarto. Só deitei a cama, e fiquei lá. Sem chorar, sem me mexer, só respirando. Era pra ser uma viagem legal e divertida, mas se tornou chata e torturante. Eu tinha até marcado coisas legais para se fazer no Colorado no meu celular, mas agora só quero voltar pra casa e esperar que a temporada acabe logo.

Zack

Ficaríamos aqui só hoje e amanhã, mas isso era tempo demais para eu lembrar da cara da Britt enquanto me olhava no elevador. Eu sabia que não estava sendo fácil para ela, que nem entendia o que estava acontecendo, e isso partia meu coração. Foquei em um trabalho da escola que eu tinha que terminar para não acabar indo no quarto dela e contar tudo.

Seja forte, Zack. Vai ser melhor para vocês dois depois. — eu pensava para me consolar. Esse era meu mantra. Teríamos ainda onze jogos, se nos classificássemos até a final, e depois disso eu a teria como ela quisesse. Dois em janeiro, três em fevereiro, quatro em março, mais um e a final em abril, pouco antes do final do ano letivo para nós. Bateram na porta, e julguei ser algum funcionário oferecendo serviço de quarto. Abri, pronto para recusar, mas lá estava a halfback.

—Precisa de alguma coisa?

—Eu sei o que você conversou com a minha mãe, eu ouvi. Entendo porquê você não quer contato comigo, se é pra te ajudar a cumprir a promessa, eu já não estou tendo com você. Mas será que hoje, no jogo, você não pode fingir que somos amigos? O Sebastian vai notar se não estivermos um pouco entrosados, e vai ficar preocupado comigo, e preocupações bestas não são bem vindas em campo. Não quero que meu irmão se machuque.

Algo dentro de mim se quebrou com aquela declaração de amor fraterno.

—Não temos que fingir, somos amigos. Só que estive afastado pela conversa que tive com a sua mãe, e já que você ouviu, sabe que faz sentido. Podemos ser amigos por mais um tempo, até que tudo se ajeite, você sabe, fazer festas do pijama juntos, fofocar sobre aquele menino gatinho que você viu comandando o time de futebol da escola...

Amor em Jardas - Série Endzone - Livro 1Where stories live. Discover now