Capítulo Sete.

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Isabella narrando:

Ao fim da tarde os três vão pra sala de estudos que também era na mansão. Eu os acompanho olhando tudo ao redor de queixo caído, ali era enorme.

A sala de estudos era meio que uma biblioteca, havia vários livros, uma lousa branca, duas mesas com cadeiras ao redor, computadores, mapas e um globo. Parecia coisa de escola e como em todo local da mansão, era bem friozinho e confortável.

Quem nos recebeu foi o professor deles, era aparentemente simpático e bem novo. Seu nome era Caio, ele era professor formado no Canadá e as crianças pareciam gostar bastante dele.

Me sentei em uma cadeira e fiquei de olho neles e no professor. Ele era legal e extrovertido, fazia piadas e brincadeiras, o inglês dele era perfeito mas não entendia nada do que ele falava. E as crianças... tinham uma fluência na língua estrangeira magnífica.

Ao fim do reforço, por umas seis da tarde, as crianças arrumaram seus materiais em suas mochilas e se despediram do "teacher Caio", ali parecia ser meio que um local onde eles gostavam de estar. O Caio conversava e brincava com eles, coisas que o pai não fazia.

Eu ia saindo atrás das crianças mas o Caio me chamou, me virei o fitando e o mesmo me encarava de olhos cerrados.

─ É a nova babá? ─ questionou e apenas assenti séria. ─ Prazer, sou Caio.

Ele caminha até mim, segura em minha mão e a sacode. Eu trato logo de desfazer nosso singelo aperto de mão, não gostava muito de ficar em contato físico com homens, ainda mais homens que acabara de conhecer, mas o Caio parecia ser um cara legal, esbanjava um ar bem social, tinha os cabelos castanhos e olhos na mesma tonalidade, usava óculos e roupas formais. Quem o olhasse na rua o confundiria com um moleque de dezoito anos que destina sua vida aos games e não um professor de letras formado internacionalmente.

─ Sou Isabella... ─ fazemos uma pausa meio constrangedora, ele olha em meu olhos e desvio o olhar. ─ As crianças se dão bem com você, se quiser me ensinar esse técnica eu agradeço.

Ele venta, rindo. Se afasta pra arrumar seu material e começa, sem olhar.

─ São crianças difíceis, a mãe morreu quando ainda eram recém-nascidos, por isso são bem rígidos, como o pai. Além de não terem uma mãe, também não tem um pai, digo, a mãe morreu, mas o pai era como se tivesse morrido junto... ─ ele fala sem me olhar, está concentrado em seus materiais didáticos que guarda dentro da mochila, outros nas prateleiras vermelhas e azuis. ─ Mas são crianças, não são impossíveis... talvez Clarisse seja um pouco mais, mas Clara é uma boa garota.

─ Todos falam bem da Clara, bem, esse é meu primeiro dia de emprego... e cá entre nós, está péssimo ─ sussurro com uma expressão de desespero e ele gargalha.

─ Já passei por isso... mas é só conversar com as crianças, conquista-las ─ ele comenta por fim guardando sua apostila, ele me encara e cruza os braços ainda sorrindo.

─ Bem... vou indo atrás deles, foi bom lhe conhecer, Caio.

─ Nice to meet you, Isabella ─ ele diz e apenas lhe lanço um sorriso em resposta, era péssima na língua inglesa, e não entendia, literalmente, nada que eles falavam.

Penso nas crianças, no quão elas eram sem vida. Logo Sebastian, um homem com condições de dar o bom e o melhor não dar pra elas não dava. Era triste vê-las assim, a mercê de um pai rigoroso e prepotente. O que custava dar amor aos filhos? Eram apenas crianças, três crianças que eram como bonecos na mão do pai. Lucas não havia crescido com o pai, mas ele tinha todo o amor do mundo, isso definitivamente não era algo faltoso, por isso ele era tão carinhoso e atencioso. Sei bem da profissão de Sebastian, mas sua profissão não era sua única obrigação e sim seus filhos, em primeiro lugar.

Meritíssimo [DEGUSTAÇÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora