Quarta Carta

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Fevereiro de 2010.

Lucas,

Semana que vem é a prova para Unicamp. É, aquela prova para a especialização, que eu sempre falava que achava legal, mas não me achava capaz de fazer. Resolvi arriscar. Com todas as loucuras e horas excessivas de estudo, que fiz na minha grade, adiantei minha formatura em seis meses. Pelo menos nisso valeu a pena me dedicar e investir meu tempo.

Se eu conseguir e tudo sair como o planejado, em julho estarei em Campinas, em uma tentativa de recomeçar e deixar o passado, e suas dores, para trás. Eu resolvi voltar a viver. Viver por mim!

Talvez eu precise me reencontrar para te reconquistar. Talvez, se eu te mostrar do que sou realmente capaz, você perceba a besteira que você fez. Talvez, seja necessário você me perder, para aprender a me valorizar.

Talvez o adeus seja apenas uma vírgula, não um ponto final. Tenho me agarrado a essa frase, como uma ponta de esperança para me manter firme e conseguir seguir adiante.

Não tem sido fácil, reconstruir os meus pedaços... Principalmente porque a única pessoa que me entendia e eu confiava para me abrir completamente,era você... Como faço agora?

As pessoas estão perdendo a paciência comigo, e às vezes, até eu mesma me irrito com essa situação. Só que agora eu coloquei na cabeça que preciso lutar: se você pode continuar vivendo sem mim, eu vou reaprender a viver sem você.

Você é o amor da minha vida, mas não posso mais viver centrando a minha vida em você. Você fez a sua escolha, por mais que ela me doa, vou ter que aprender a conviver com ela. Amar me dá direitos apenas sobre o que eu sinto, e por mais que eu queira, amar você não basta para te fazer me querer. Amor precisa ser recíproco.

Às vezes parece que tudo isso é apenas um pesadelo. Eu ainda sonho com você, quase todas as noites. Nos meus sonhos, conversamos como sempre e você até me dá conselhos. Somos amigos, confidentes, como sempre. Nos meus sonhos, tudo é mais fácil...

O ruim é quando eu sonho com você me deixando... Acho que não é um sonho, mas uma memória que eu tento apagar e ela insiste em aparecer. Toda a dor daquele momento ressurge. É como reviver um pesadelo, revivendo aquela cena, suas palavras martelando em meus ouvidos e parecem pesar uma tonelada, não apenas em meus ouvidos, como em meu coração, reabrindo e recriando feridas, como uma faca afiada cortando fundo na pele.

Depois desses sonhos, acordo sem ar e com muita dor no peito, como se algo o apertasse sem piedade, fazendo com que meu coração fique pequeno e dolorido. Antes eu costumava acordar gritando, mas isso sempre acordava e assustava minha avó, então eu aprendi a engolir meus gritos. Perto de toda dor que tenho aprendido a engolir para fingir que estou bem, abafar alguns gritos chega a ser até fácil.

Eu penso em te ligar, disco seu número, bem tarde quando o sono foge e a dor invade... Solto um longo suspiro e largo o telefone. Se você não me procurou durante todo o dia, por que haveria de me procurar à noite, quando outra, provavelmente, já deve estar ocupando o meu lugar...

A realidade dói e não é pouco. Porém, sei que encontrarei forças para ser capaz de superar a dor, ou pelo menos conseguir disfarçar o que sinto e resistir as dores e recaídas.

Eu ainda vou vencer, Lucas. Ainda que demore, ainda que os anos passem, sua ficha vai cair e você vai se arrepender. Eu espero que, quando este dia chegar, eu já esteja forte o suficiente para ser capaz de perdoar você.

Daquela que costumava ser sua pequena, Rebeca.

                          ***

Então chegamos a mais uma carta. O tempo está passando e parece que Rebeca pretende recomeçar a viver... Porém o amor que ela sente por Lucas não diminui, mas talvez comece a misturar-se com outros sentimentos.

Achei uma música que me parece ser a cara da Rebeca para o Lucas:
Outra vida - Armandinho.
Vou postar no grupo Leitores da Guerra.

decidi a data do início das postagens do livro do Miguel:
18 de dezembro.
Espero por vocês!

Não esqueçam do voto e comentário!

Até semana que vem o/

Cartas de Rebeca (Degustação)Where stories live. Discover now