Capítulo VIII - A gravidez

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A guerra era interminável. Cada saída que Miles fazia, eu ficava aflita com a morte vindoura. Ele era o único que eu tinha, o único que havia sobrado em minha vida, não poderia perdê-lo. Meu marido parecia cada vez mais cansado, a quantidade de mortes havia aumentado, a destruição pelos reinos era evidente, mas, mesmo assim, Rory não parecia querer ceder.

Enquanto isso, eu sentia o falatório das pessoas em torno de mim. Todos queriam um herdeiro do sangue Kreigh antes que Miles falecesse. A guerra era fatal, ninguém poderia garantir que ele voltaria vivo das batalhas. Com Lynnette morta, eu fiquei mais aliviada, e por consequência, não tardou muito para que eu descobrisse que estava grávida, provando o fato de que aquela bruxa estava interferindo em minha vida fértil.

Miles e eu não poderíamos ter ficado mais felizes. O nosso futuro bebê era a luz em meio aquela escuridão, no meio de todas as guerras que aconteciam. Meu marido estava radiante, parecia ter acumulado mais forças para voltar vivo para casa.

Minha gestação não foi tranquila, cada vez que Miles ia embora com suas tropas e a medida que ele demorava, mais eu passava mal. Eu tentava me tranquilizar por causa do meu bebê, mas era muito difícil quando não recebia notícias dele. Ele tentava sempre mandar cartas me atualizando da situação, mas cada vez que os corpos dos soldados voltavam para casa, eu ficava esperando a hora que seria meu Miles a voltar da mesma forma.

Os meses se passaram árduos, o médico havia me dito que eu precisava ficar em repouso, pois a gravidez era de risco. Seis meses de cautela e sofrimento. Miles ficava angustiado por ficar longe de mim e me deixar da forma que eu estava, porém, eu tentava sempre fingir que estava bem para que eu não fosse o motivo da sua desconcentração em meio à batalha.

Havia momentos bons em que eu curtia a minha gravidez e outros horríveis. Hoje era um dos dias que eu sentia que havia algo errado. Estava terminando de almoçar, Cameron com a sua babá do outro lado da mesa e eu na outra ponta saboreando do cordeiro. Assim que eu terminei a refeição minha visão começou a ficar turva e senti uma onda de suor frio passar por minha pele. Pousei minhas mãos sobre a mesa para me auxiliar a levantar, mas, ao fazer isso, uma tonteira me sobreveio e eu cambaleei.

― Helena? – O pequeno Cameron correu em minha direção, assustado, mas eu o empurrei para que se afastasse de mim.

Senti uma dor profunda, como se enfiassem uma faca em minha barriga. Inclinei o meu corpo e passei a mão nela, como se segurá-la fosse ajudar. Minha respiração ficou descompassada e eu podia sentir meus batimentos acelerados. A dor ficava cada vez mais intensa e me desesperei pensando no meu bebê. Senti um líquido escorrer nas minhas pernas e gritei em alto e forte som, sendo amparada rapidamente por vários criados.

― Chamem a parteira! – um servo gritou enquanto me pegava no colo e me carregava para o meu quarto.

Eu não conseguia parar de me contorcer e gritar, a dor era forte e intensa. As lágrimas corriam pelos meus olhos, acrescido ao pânico que me atingia.

Fui colocada sobre a cama e logo Odélia, a parteira do castelo, chegou para me amparar.

― O que está acontecendo comigo? – perguntei em meio ao choro.

A mulher inclinou as minhas pernas, dobrou os meus joelhos, elevando-os, e ergueu o meu vestido. O olhar assustado dela só me confirmou que algo estava muito errado. Comecei a gritar com ela, ordenando que ela me falasse qualquer coisa que pudesse me esclarecer a situação.

Senti a mão dela tocar na minha genitália e quando ela a retirou, vi o sangue que a cobria.

― O meu bebê... - pranteei desesperada, sendo acudida por outra serva que ficou ao meu lado segurando a minha mão e pousando um pano úmido e morno na minha testa.

HelenaWhere stories live. Discover now