Capítulo 6 - Acampamento

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Brenda Walker

Sábado

O simples fato de poder dormir por algumas horas a mais durante a manhã, já fazia com que meu dia todo valesse a pena. Mesmo sentindo o cheiro do café quente logo pela manhã, permitir-me ficar por mais duas horas na cama.

O melhor de ser final de semana, é que todos os trabalhos e atividades já haviam sido concluídos durante a semana. Ou seja, isso significava que poderia aproveitar esses dois dias tranquilos.

Eu não poderia ser considerada a melhor aluna do mundo. Mas sabia que não deixava a desejar quando o assunto era as minhas notas. Fazia o essencial para passar de ano acima da média, mas sempre com algumas notas mais altas por charme.

É claro, que mesmo sendo fim de semana, mamãe não me deixaria exagerar muito tempo naquela cama. Afinal, eram os dois únicos dias que os dois estavam em casa para fazermos algo os quatro juntos.

— Mocinha, já está na hora de levantar. — Avisou, deixando a caneca de café sobre a pequena cômoda que ficava ao lado da minha cama.

— Só mais cinco minutos. — Pedi.

— Nada disso. — Discordou. — E não esqueça de organizar seu quarto.

— Mas mãe, hoje é sábado. — Resmunguei, forçando os olhos para fecharem.

Ela suspirou e soltou uma risadinha.

— Você não tem vergonha? — Perguntou. — Sua amiga veio até a nossa casa e entrou nesse quarto que parece ter sido invadido por um furacão.

Que exagero.

Ela só poderia estar enxergando coisas que meus olhos não conseguiam ver.

Está certo que algumas roupas estavam espalhas pelo chão, assim como dois travesseiros que eu havia atirado da cama, mas não era muito. Quer dizer, tinha alguns calçados que eu não havia guardado na lavanderia, até mesmo coisas de Evelyn, e no fim eu quem sofria.

Ficava imaginando, enquanto guardava cada coisa em seu lugar, a mordomia em que Evelyn se encontrava. Aos dez anos não se preocupava em arrumar o quarto, seus brinquedos, seu material e toda a bagunça que sempre estava lá dentro. Mamãe fazia tudo por ela.

A única coisa que era responsabilidade dela, era ir para a escola.

Com a idade dela, eu já havia aprendido até passar roupa. Mas tudo bem, as coisas são assim, não?

— Deixou tudo arrumado lá em cima? — Ela perguntou, assim que coloquei meus pés no último degrau da escada.

— Sim. — Respondi, sentando-me para preparar um sanduíche.

— Trouxe uma coisa para você. — Ela cochichou baixo, como se estivesse contando um segredo.

Com essa sua descrição, a minha curiosidade ia a mil. Afinal, tudo que tivesse que ser segredo entre eu e ela, sempre valia a pena.

Com a sua mania estranha de me mandar fechar os olhos, como se eu ainda fosse uma criança, lá estava eu. Tentando espiar de maneira que ela não visse.

— Pode abrir. — Avisou.

Primeiro olhei diretamente para ela, que me encarava com os olhos arregalados, aguardando a minha reação.

— O que é isso? — Perguntei, apontando para o papel que ela havia deixado sobre a mesa.

— Sua entrada para aquele acampamento de dois dias, lembra que me pediu? — Perguntou.

E então eu lembrei sobre o pedido que havia feito há quase dois meses atrás. Em Florianópolis iria acontecer um acampamento de dois dias, em um local de frente para a praia. Tudo bem, eu entendo que normalmente isso ocorre em locais totalmente distantes, e rodeados por árvores, mas lá não era assim.

Apesar de ter algumas árvores por perto, ficava diante do mar azul e tranquilo.

Corri para abraçá-la e enche-lá de beijos. Não demorou muito para que seus braços estivesse em volta do meu corpo.

— Ainda falta um mês, espero que não me decepcione até lá. — Pediu.

Não, eu não pisaria na bola. E agora, todos devem estar imaginando que sou a maior vacilona após esse comentário. Eu não era, não sou. Na verdade, esse recado tem haver com as minhas brigas com a caçula.

— E mais uma coisa, não conte para a sua irmã. — Avisou.

É claro que eu não contaria nada. Não aguentaria seus comentários maldosos sobre o quão as coisas poderão dar errado. Simplesmente pelo fato dela ser nova demais para entrar lá.

Agora, ficava imaginando como Marisa reagiria com a minha volta, ainda mais para participar de algo que nós havíamos combinado por tanto tempo.

No momento não havia como trocarmos mensagens, já que ela havia feito uma viagem para o meio do mato. É maldoso falar assim? Mas era a pura realidade. Os seus pais são aventureiros e acabam a carregando para vários lugares, ou seja, sem internet.

Marisa fora a minha melhor amiga e continua sendo mesmo com o fato de eu ter ido embora. As pessoas precisam partir o tempo todo.

Esperei alguns minutos até chegar em meu quarto, trancar a porta atrás de mim, e pular em cima da cama como comemoração, super madura, eu sei. Mas precisava comemorar de alguma forma, mesmo que fosse sozinha. Quer dizer, talvez, caso eu entrasse em contato com Angélica, poderia comemorar ao seu lado.

Em vez disso, tentei uma ligação para minha melhor amiga, não custava nada tentar. Mas como o esperado, não funcionou.

Deitei frustrada, imaginando como serial o meu dia, poderia quem sabe ir até a lanchonete encontrar Thais.

— O que acha de almoçarmos fora? — Papai sugeriu de trás da porta que ainda estava trancada.

Levantei rapidamente para abri-la. Olhou-me sorridente, sabendo o quão eu adorava programas em família.

Não era necessário me arrumar tanto, principalmente porque sempre frequentávamos lugares simples e confortáveis.

Quando cheguei no andar de baixo, deparei-me com Evelyn e sua super peruca pink. Dei risada com a sua roupa também exagerada. Uma saia jeans, uma blusa de alcinha rosa e seu par de botas de lantejoulas prateadas.

— Mãe!!! — Chamei aos berros.

— O que foi agora Brenda? — Perguntou, chegando na sala, deparando-se com a caçula.

— Ela não vai sair conosco com essa roupa. — Falei.

Mamãe revirou os olhos, sabia que a vergonha alheia que eu estava sentido, ela também passou a sentir.

— Filha, você precisa mesmo ir com essa roupa? — Perguntou ela, encarando Evelyn.

— Está na moda mãe, eu não vou trocar de roupa. — Respondeu.

Nós tivemos que ignorar toda aquela tortura. Era provável que em todos os lugares que nós fossemos todas as pessoas iriam ficar olhando, era normal, nós estávamos acostumados, mas sempre tentávamos fazer com que ela mudasse de ideia.

✖ ✖ ✖

Seus irmãos já saíram com alguma roupa que deixou vocês envergonhados?

O que espera esse acampamento?

O que estão achando da história? Querem mais capítulos?

Espero que gostem.

Quando O Seu Coração Chamar | TEMPORADA 01Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu