Capítulo 12 - Flagra

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Brenda Walker

Sábado

Pedro olhou assustado ao perceber que ela havia pedido consequência e até então ele não havia pensado nada para surpreendê-la. Passou a olhar a nossa volta, quem sabe a procura de algo que ela pudesse fazer como se fosse pagar uma prenda.

— Eu desafio você a dar um selinho na Brenda. — Desafiou.

         Minha boca ficou aberta ao ouvir o que sairá da sua boca. Ele tinha mesmo sugerido que ela me desse um selinho? Não que eu tivesse algum problema em beijar outra pessoa, mas ele deveria iniciar a brincadeira com algo forte assim?

         Olhei para Thais esperando que ela tomasse alguma atitude. De inicio suas bochechas ficaram vermelhas, ela mal conseguia nos olhar. Mas me olhou. Era como se estivesse pedindo um favor, eu a entendia bem. Queria se enturmar, não gostaria de ser a medrosa do grupo.

         Levemente balancei a cabeça para ela, afirmando que se estivesse disposta ao ato, eu também estaria.

         Thais aproximou-se um pouco sem jeito e segurou alguns segundos seu lábio no meu. Rezei que meus pais não estivessem vendo isso, porque provavelmente me encheriam de perguntas sobre a minha orientação sexual.

— Uau, eu não esperava por isso. — Fred comentou surpreso.

Foram acima de todas as minhas expectativas. — Pedro revelou. — Eu estava apenas brincando.

         E no fim, mesmo que todos estivessem perplexos com o acontecido e com as bocas abertas, caímos na gargalhada. Nós todos estávamos rindo intensamente.

         Eu jamais teria feito isso porque nunca houvera oportunidades, nem vontade da minha parte. Mas a curiosidade eu havia matado.

— Thais agora é a sua vez de virar! — Lembrou Henrique.

         Agora, depois de tanta vergonha sentida, Thais parecia estar mais solta para continuar a brincar. Girou a garrafa sem preocupação, havia um belo sorriso em seus lábios e poderia afirmar, desde que ela adentrou minha casa hoje, parecia ser a primeira vez que estava se sentindo feliz.

         A garrafa parou em Fred pergunta para Angélica. Antes mesmo dele falar eu já imaginava que não viria algo muito produtivo.

— Verdade ou consequência? — Perguntou ele animado.

— Verdade. — Pediu ela.

         Fred passou a olhar para Henrique e depois para ela. Com certeza meninos já possuem planejamentos de que perguntas constrangedoras farão nessas brincadeiras.

— É verdade que você ainda sente algo pelo Henrique? — Perguntou curioso.

         Eu senti vontade de levantar do meu lugar e soca-lo para não ocorrer novamente esse tipo de pergunta. Angélica não estava olhando para ninguém, parecia estar a ponto de chorar a qualquer hora.

— É claro que eu ainda sinto algo por ele. — Confessou encorajada. — Nós namoramos por dois anos e tudo acabou, então, é meio óbvio que eu ainda sinta.

         O olhar do Henrique para ela fora intenso. Eu não entendia muito bem sobre relacionamentos, mas para mim, aquele olhar significava muita coisa. Os dois não tiraram os olhos um do outro após aquela resposta.

         Pedro fingiu uma tosse e pediu para que Angélica virasse a garrafa, o que acabou resultando em Gabriel pergunta para mim.

         Gabriel até então estava mais calado, o que me fez acreditar que ele não faria uma maldade contra mim.

— Verdade ou consequência? — Perguntou.

— Consequência. — Respondi dando de ombros.

         Ele deu um sorrisinho malicioso, deixando-me confusa.

— Te desafio a beijar alguém daqui que você esteja com vontade. — Falou sorridente.

         Embora ele fosse um menino bonito e muitas vezes estar olhando diretamente para mim, talvez com uma forma de marcar seu território ou tentar algo, a minha vontade era beijar qualquer um dos outros garotos, o problema era que eu realmente não sentia vontade alguma de beijar Pedro ou Fred. Henrique nem se passou pela minha cabeça no momento.

         Sorri um pouco envergonhada. As meninas se entreolharam na dúvida de quem eu escolheria. Os meninos estavam todos ansiosos, menos Henrique, que provavelmente já esperava que eu não fosse o escolher.

         Levantei-me e caminhei em direção ao Gabriel. Confesso que pelo seu olhar já esperava que eu fosse o escolher, deixando-me com um pouquinho de raiva.

         O que era na verdade para ser um simples beijo, passou um pouco dos limites quando eu mal conseguia respirar e ele puxava minha cintura, fazendo com que meu corpo fosse de encontro ao dele.

         Ouvi uma falsa tosse, mas dessa vez fui surpreendida ao perceber que não era nenhum de meus amigos e sim papai que estava parado encostado na porta.

— Brenda, será que você poderia vir até aqui por um minuto? — Pediu educadamente, fazendo meus amigos sorrirem falsamente.

         Balancei a cabeça positivamente e caminhei com ele para dentro de casa.

— Eu iria perguntar se estavam precisando de mais alguma coisa, mas pelo visto acho que tem tudo lá. — Não sabia se aquilo era uma pergunta ou se estava afirmando em base do que acabara de presenciar.

— É, ainda tem pizza e refrigerante. — Respondi em concordância.

         Papai sorriu e piscou para mim. O que eu esperava que iria ser um sermão, resultou em um olhar brincalhão de papai, como se o que eu estivesse fazendo fosse bonito.

         Estranhei, porém preferi não contestar a sua reação e voltei para o lado de fora.

— Espero não ter causado problemas. — Revelou Gabriel.

— Não. — Neguei. — Está tudo bem, ele queria saber se estávamos precisando de mais alguma coisa.

         Eles sorriram animados, mas já estava chegando a hora de irem embora. O pai da Thais fora o primeiro a chegar. Os meninos resolveram que iriam embora caminhando, já que a casa deles era uma atrás da minha.

— Angélica, você quer que eu te acompanhe até em casa? — Perguntou Henrique.

— Ah, eu iria pedir para a minha mãe me buscar... — Iniciou ela. — Mas se quiser me acompanhar.

         Ele balançou a cabeça positivamente e ela concordou. Fiquei parada na porta, encostei-me e fiquei analisando os dois irem embora.

         Eles estavam andando um do lado do outro, mas havia uma distância de pelo menos mais um corpo entre eles. Pareciam conversar sobre alguma coisa, mas estavam sem jeito.

Quando O Seu Coração Chamar | TEMPORADA 01Where stories live. Discover now