Capítulo 5

88.9K 6.3K 226
                                    

— Quer me matar de susto Terraço? — Coloquei a mão no peito acalmando os batimentos. Ele somente riu e seguiu para o outro lado da mesa. O encarei e o maldito conseguiu ficar mais bonito a luz do dia.
— Longe de mim moça. E você, sentiu saudades já?
— Sim, senti muita, só que do meu carro. — Sorri.
— Trouxe o documento?
— Está no meu carro. Vamos lá pegar. — Levantei e fui andando quando percebi que ele ficou.
— Você estava com o documento o tempo todo dentro do carro? — Ele explodiu em risadas altas, me fazendo correr para fechar a porta, tentando fazer com que ninguém ouvisse.
Me virei.
— Da pAra parar de rir? Você deve ter sérios problemas mentais. — Cruzei os braços emburrada.
— Você é engraçada garota, vamos lá ver seu carro.
— Eu não quero ver ele, quero é levar ele. Não aguento mais pegar táxi.
Segui ele até um pátio repleto de carros, alguns caindo aos pedaços até que vi meu Jeep preto. Nem acreditei. Corri para achar esse documento e realmente estava debaixo do banco do motorista. Entreguei ao Terraço.
— Bianca Albuquerque, está livre de mim. Tudo certo com o seu carro. — Sorriu de lado, fazendo com que um arrepio passasse pelo meu corpo.
— Deus ouviu minhas preces. Tchauzinho Terraço. — Entrei no meu carro e abri o vidro. — Até nunca mais. — Liguei meu carro feliz da vida e louca para hibernar.
Ele ficou me encarando até eu desaparecer da vista dele, sim, eu olhei pelo retrovisor. Sei que não deveria porque ele é um cretino, mas ele é um cretino gostoso.
Peguei a rodovia e em 40 minutos cheguei ao meu apartamento, e fiz o que mais queria, me joguei na cama do jeito que eu estava e dormi.

***

— Você quer ir nesse motel mesmo Ferraço? Desde que pegue a suíte máster eu aceito. — Fiz biquinho.
— Tudo por você Bia, afinal só vamos sair daqui amanhã de manhã. — Corei com o comentário.
Entramos e felizmente a suíte estava disponível. Pedimos um champanhe.
Ele começou a me prensar contra a parede e tirou a camisa. Ele com certeza malha, porque Deus não pode ser tão generoso com alguém. Que homem, não creio que tenho ele todo para mim.
— Hoje à noite vai ser inesquecível B. — Começou a morder minha orelha, me causando arrepios. Abriu o zíper do meu vestido e eu pulei no colo dele.
— SIM, SIM POR FAVOR FERRAÇO — Senti um impacto e uma dor de cabeça gigante. Abri os olhos lentamente, totalmente chocada. Não creio que sonhei com aquele maldito. Ai, e ainda caí da cama, só pode ser um sinal divino. Pisquei várias vezes até meus olhos se adaptarem a claridade. Olhei as horas e já era noite.
Ainda inconformada com o meu pesadelo, levantei. Ouvi o som insistente da campainha tocar e fui atender ainda sonolenta.
— Amiiiga, porque demorou tanto para atender? Tem algum homem escondido por aqui? — Era Melanie, uma das minhas melhores amigas. Ela já foi entrando e percebi pelo formato que trazia uma bela pizza. Meu estômago roncou só de ver.
— Não Mel, não tem ninguém aqui, eu estava dormindo. Mas estou morrendo de fome. — Puxei a caixa de pizza indo em direção a cozinha.
— Estou vendo, bora sair? Sábado em casa não dá né miga!
— Mel, bem que eu queria viu, mas esqueceu que eu sou interna? Tenho plantão daqui a pouco, tive que pegar o período noturno para poder conhecer minha sobrinha ontem, quer dizer hoje. — Ela riu.
— Até se perdeu no tempo. Ok, vamos comer, porque sou uma ótima amiga e trouxe até aqui para você não passar fome.
Contei como tinha sido meu dia e ela riu muito da minha cara, e acabei concluindo que ninguém tem pena de mim. Ela começou a contar que o namorado dela andava estranho, dava umas saídas suspeitas mas nunca deixava nenhum furo na história que inventava. Conversamos de mais assuntos banais e quando percebi já estava na minha hora. Corri para tomar um banho e colocar uma roupa.
Dei uma carona para ela que morava no caminho que eu pegava para o hospital e estacionei o carro um pouquinho torto no estacionamento. Pelo menos não bati em nada, não é?
Fui até o vestiário dos internos e me troquei. Essa semana eu ia ficar acompanhando a Pediatria, área que eu tenho certo interesse.
— Boa noite doutor Sampaio. — O Cirurgião chefe era um gato, e derretia o coração de qualquer uma.
— Boa noite Albuquerque, temos um caso interessante por vir.
— Sério? O que é?
— Um garoto. Sofreu um acidente e caiu de um apartamento do quarto andar. Sorte que caiu na grama, mas o trauma foi grande. — Ele já reservava uma sala para o caso de o garoto precisar de cirurgia. Eu acompanhava tudo junto com dois residentes que já estavam entrando no elevador para esperar o menino que estava vindo de helicóptero.
Enquanto aguardávamos o helicóptero, Henrique não perdeu a chance de me importunar.
— Boa noite docinho, posso te ensinar umas técnicas ótimas mais tarde no quarto de descanso.
— Fala sério Suarez, eu não quero nada com você, me deixa trabalhar.
— Acho que os chocolates importados que eu deixei no seu armário podem te fazer mudar de ideia. — Deu um sorriso meio sem jeito.
— Nem se você me desse ouro, e você mexeu no meu armário Suarez?
— Que isso Bia, nunca faria isso.
— É Bianca, e pra você é Albuquerque.
Nossa conversa foi interrompida pelo helicóptero pousando na cobertura do hospital, fazendo com que meu cabelo mesmo amarrado voasse, tamanha era a ventania.
Corri para ajudar a trazer o garoto na maca. Aparentava ter uns 12 anos, não mais que isso. Nem acreditei quando vi que ele estava consciente e conversando com os paramédicos. Ajudei a levar a maca até o elevador e corremos até o centro de trauma recebendo auxílio do Chefe. Fiquei observando e auxiliando enquanto eles trabalhavam no caso.

***

O caso acabou com o garoto tendo duas costelas quebradas, a perna direita e o braço esquerdo fraturados em mais de um lugar e uma concussão na cabeça, que foi necessária uma intervenção cirúrgica para descomprimir o nervo óptico, e eu pude acompanhar ela inteira, prestando atenção em cada detalhe. Tudo correu bem e ele ficou dormindo no quarto por um período de quarenta e oito horas em observação.
A cirurgia durou quase quatro horas e eu mesmo tendo dormido a tarde toda estava com sono. Olhei no relógio e eram duas da manhã.
Fiquei suturando uma senhora no pronto atendimento que era uma bela de uma linguaruda. Ela não parava de reclamar que o gato do vizinho miava a noite toda e não a deixava dormir, que a filha dela gemia alto com o namorado no quarto ao lado e ela não aguentava mais passar a noite em claro. Pensei em oferecer um tampão mas achei melhor não me meter, vai que ela se ofende, não é?
Depois disso acha que eu tive sossego? Nada disso. Apareceu um homem, com o pé queimado alegando que o ferro de passar caiu em cima e isso causou o ferimento.
O resto do meu plantão passou voando, por incrível que pareça. Fui até o vestiário trocar de roupa e assim que abri o meu armário percebi que o sem noção do Henrique teve a coragem de mexer nas minhas coisas. Como percebi uma certa desorganização fui checar meus itens, e eu quase não acreditei, quase mesmo, eu vou jogar ele da ponte, aquele tarado. Estava faltando meu sutiã, o rendado que eu tanto adoro. Respirei fundo. Isso não vai ficar assim. Só não hoje porque estou cansada e preciso dormir.
Cheguei no estacionamento brigando até com a minha sombra e peguei meu carro. O trânsito estava um caos, dificultando ainda mais o meu dia.
Entrei no meu apartamento e olhei o relógio: dez horas. Ótimo, amanhã tenho o dia de folga. Joguei minha bolsa no sofá e fui até meu quarto me jogar na minha bela e confortável cama. Abri a porta do quarto e dei um grito.
— O-que-você-está-fazendo-aqui?

****
Quem será que apareceu de surpresa na casa da B hein? Haha aguardem

Presa a você - (AMAZON)Where stories live. Discover now