Capítulo 12

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— Que história é essa Dona Bianca? Se eu descobrir que alguém anda se aproveitando da minha irmã eu vou quebrar os dentes do sujeito. — Todos riram, mas eu sabia que ele estava falando sério então tratei de mudar o foco.
— Me dá as coisas que eu troco ela. — Olhei pra Kate em busca de socorro.
— É isso aí B. Toma. — Kate me passou a bolsa e eu a coloquei na cama em cima do trocador que a Kate me avisou para colocar. Deve ser para proteger a cama dela, se não ia deixar eu me ferrar.
Levei algum tempo, coloquei a fralda ao contrário arrancando risadas da minha plateia. Minha tia ficava "dando dicas" como se fosse expert no assunto, me fazendo respirar fundo. Olhei para minha estimada amiga e ela estava tirando fotos da situação. Depois de algumas tentativas, finalmente deu tudo certo e olhei orgulhosa de mim mesma para eles.
— Nunca me subestimem. — Sorri entregando a Diana a Kate.
*****
A festa foi um sucesso, Nick e Kate contaram para toda alma que passava na frente deles o que eu tinha feito e ainda mostravam as fotos para eles, que olhando bem não saiu no meu melhor ângulo.
Kate cortou o bolo e não deu duas horas todos já tinham ido embora, e eu depois de fazer as honras fui também.
A semana passou em um piscar de olhos, e minha mente muitas vezes se dispersava até um cretino que eu queria esquecer. Assim que conseguiu o que queria, mesmo comigo bêbada, desistiu rapidinho. Passei a semana inteira emburrada, e só sabia discutir com as enfermeiras. Seria a TPM chegando? Preciso de chocolate. O fim de semana passei vendo Greys Anatomy na Netflix e chorando com as tragédias. Nem a Melanie apareceu para dar uma animada no meu fim de semana. Ela estava toda enrolada com uns projetos da faculdade.
Na segunda feira acordei atrasada, o que não é do meu feitio, mas dormi tão tarde ontem que não ouvi o despertador. Corri para colocar uma calça jeans e uma blusa preta manga longa com uma echarpe verde enrolada no meu pescoço.
Cheguei ao hospital correndo como sempre para trocar de roupa. Encontrei os outros internos que esperavam ordens do Doutor Rodrigues pra ver em qual área iríamos ficar essa semana. Ele foi distribuindo os internos a seus respectivos chefes de departamentos e eu fui sobrando. Assim que ele disse que tinha terminado eu entrei em pânico.
— Doutor, eu vou ficar com quem? — Questionei, recebendo muitos olhares curiosos.
— Ah sinto muito Dra. Albuquerque, você pode ficar no pronto-atendimento hoje, estamos com poucos atendentes. — Sério? Porque eu meu Jesus? Resolvi não questionar. Fui rezando para conseguir um bom caso antes dos outros, mas topei com Mariane, residente chefe e que organiza tudo por ali. Ela já havia me designado um caso, nada cirúrgico. Uma simples sutura. Insisti para ela me deixar ficar com um caso que havia acabado de chegar, um cara com uma faca enfiada na cabeça que com certeza daria uma cirurgia e tanto. Mas a maldita disse que o paciente do leito seis tinha pedido exclusivamente por mim. Acabei indo, mesmo a contragosto.
Abri a cortina que escondia meu mais novo paciente e levei um susto. Jake, sem camisa, deitado e ainda sorrindo. Cretino. Quero é costurar a pele sem anestesia. Coragem a dele aparecer justo aqui. Chequei o prontuário dele. Jacob Ferraço. 25 anos. Se envolveu em uma perseguição onde acabou atingido causando um corte no braço. Grande coisa.
— Deixa eu ver isso. — Sentei ao seu lado e examinei o corte. Havia um pouco de sujeira que eu teria que esterilizar antes de fechar. Vi sua camisa enrolada ensopada de sangue. Peguei a gaze com um pouco de soro. — Vou ter que limpar isso. Vai arder um pouco.
— Tudo bem Doutora, só de ver você nem sinto mais a ... — Enfiei a gaze sem avisar e ele se contorceu me fazendo rir.
— Tudo bem por aí Sr. Ferraço? —Sorri pra ele.
— Você é muito má Dra. Albuquerque, e é por isso que eu não paro de pensar em você. — Fechei a cara.
— Nem vem com esse papinho porque por sua culpa eu não peguei o caso do cara com a faca na cabeça. — Fiz bico.
— Fala sério, é muito melhor me ter seminu aqui do que isso. — Convencido. Mas isso me fez descer o olhar para os músculos muito bem definidos dele. — Não disse? — Ele percebeu, é claro.
Eu ia começar a costurar, mas fui interrompida por Elaine, a enfermeira que eu mais odeio em todo esse hospital, e que parece gostar de me atormentar.
— Precisa de ajuda Dra.? — Toda sorrisos pro Terraço. Idiota.
— Não Elaine, é só uma sutura, eu sei fazer. — Disse de má vontade.
— Tem certeza? — A tapada olhava para o Jacob e mordia o lábio tentando ser sexy. Eu disse tentando, porque estava parecendo apertada pra ir ao banheiro.
— Eu já disse que não Elaine, se puder me dar licença? — Ela saiu visivelmente nada satisfeita. Olhei para o cretino e ele sorria para mim.
— O que foi hein? — Peguei a agulha e comecei a suturar tirando aquele sorrisinho do rosto dele.
— Porra mulher, não desconta seu ciúme em mim.
— Deixa de ser mulherzinha Terraço, se quiser chamo ela para fazer a sutura. — Ergui uma sobrancelha.
— Prefiro você. — Meu Deus que homem direto. Mas ainda não perdoei o que ele fez.
— Não confio em você. E muito menos acredito nisso. — Continuei a sutura focando apenas na pele cortada. Ele permaneceu calado até eu terminar a sutura. Graças a Deus, porque se eu ouvisse essa voz a linha reta iria se tornar diagonal em dois tempos.
— Quer jantar comigo hoje à noite? — Ele soltou essa sem aviso nenhum, me fazendo deixar a tesoura cair.
— Não. — Nem olhei para cara dele.
— Ótimo, te pego as oito. — Olhei para ele indignada, mas ele só saiu com o braço enfaixado e sem camisa pelo hospital, chamando muito a atenção das enfermeiras. Bando de urubus. Se ele acha que eu vou abrir a porta está muito enganado.
Continuei trabalhando e nem acreditei quando consegui acompanhar um transplante de coração. Sério, foi emocionante.
Fui até a cantina almoçar. Sentei com a minha bandeja em uma mesa reservada e ataquei meu hambúrguer. Sim, eu comia besteiras muitas vezes, mais do que deveria na verdade. Eu estava pronta para sobremesa quando meu celular começou a tocar. Ignorei, afinal a vontade de comer aquele brigadeiro era maior do que de atender seja lá quem for. Continuou a tocar insistentemente e eu tiver que largar meu doce para atender.
— Alô? — Disse já impaciente.
— Olá minha sobrinha. Como vai? — Merda! Tia Cris! Porque não olhei o visor antes de atender?
— Boa tarde Tia Cris, estou bem, obrigada. A que devo a honra da sua ligação? — Fui direto ao assunto.
— Ai, vocês jovens de hoje só sabem querer as coisas, sempre com pressa. Tsc tsc, só liguei para convidar você para o jantar beneficente que eu estou organizando no sábado.
— Não sei se vou poder ir tia, mas obrigada pelo convite.
— Oh querida, espere, leve o seu namorado. Se tiver um realmente, é claro. — Merda. Theo. Quero pegar aquele pestinha.
— Claro tia, se eu for eu o levo ele sim.
Tratei de desligar aquela ligação e o celular o mais rápido possível. Como eu fui estúpida a ponto de atender e me meter nisso. Vou fazer o de praxe, não confirmar e no dia inventar que caí dentro do meu guarda-roupas e parei em Nárnia sem querer.

***


Andei de um lado para outro, quase furando o chão do meu apartamento pensando no dia louco que foi hoje. Jake não viria até aqui se eu disse não, não é? Ele nem sabe onde eu moro. Devia estar tirando onda com a minha cara. Cretino.
Resolvi ignorar isso e me joguei no sofá para ver um filme. Fiquei um tempão fuçando nas várias categorias da Netflix até escolher um. No meio do filme ouvi o som da campainha. Dei um pulo do sofá olhando as horas. Oito em ponto. Não, não e não. Impossível. Pausei o filme e fui correndo olhar pelo olho mágico. Ele estava plantado na minha porta. Todo arrumado, com uma jaqueta de couro preta. Senhor amado. Fiz silêncio para tentar parecer que eu não estava em casa. Mas ele insistiu tocando novamente a campainha. Só olhei para minha roupa e lembrei do quão horrível meu cabelo estava. E ainda sem maquiagem. Continuei espiando pelo olho mágico.
— Eu sei que você está me olhando gata, abre logo essa porta. — Ele sorriu.
— Não vou abrir coisa nenhuma, muito menos sair com você. — Sim, eu era um pouquinho teimosa. Não ouvi mais nada por um tempo e fiquei desconfiada. Chequei e não havia ninguém do outro lado da porta. Claro que ele foi embora, eu praticamente o enxotei. Passou-se alguns minutos e nada, resolvi olhar o corredor. Abri a porta devagar colocando apenas a cabeça para fora e constatando que não tinha ninguém. Suspirei. Olhei para o lado e quase caí dura. Jake estava encostado na parede ao lado da porta me olhando e sorrindo.
— Sabia que ia me procurar gata. Achou que eu ia embora assim?
— Convencido. — E lindo.
—Vai me deixar entrar? Eu trouxe comida. — Levantou as várias sacolas que carregava. Olhei sem entender, mas abri a porta.
— Você me convidou para jantar, na minha própria casa? — Perguntei enquanto ele colocava as coisas na mesa da cozinha. Quem chama alguém para jantar na casa da pessoa?

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Então gente, por hoje é só, espero que gostem, votem e comentem, o que acham que vai acontecer? O que estão achando do rumo da história?

Presa a você - (AMAZON)Where stories live. Discover now