Capítulo 27 ✔

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Estou sentada nesse chão a uns bons minutos e toda a minha desastrosa vida com Júlio se passou diante de meus olhos.

Desde o momento em que meu pai arranjou esse noivado até o último dia dele.

Por mais que tenha sido meu pai a trazer Júlio a minha vida eu não o odiava e nem o odeio, ele não sabia que Júlio era doente. Eu amo meu pai e sempre irei amar.

—Eloah? Está tudo bem? — Victor se abaixa a minha frente e tenta me levantar mas me esquivo de suas mãos.

Não estou me sentindo bem para ser tocada agora, não mesmo.

—Nunca esteve bem Victor, nunca, desde de o dia em que ele colocou o maldito anel no meu dedo, desde a primeira vez que ele me bateu, desde a primeira vez que ele me forçou a transar, desde a primeira vez em que pus os meus olhos nele. —meus olhos estão fixo no chão sem piscar, Victor se senta e cruza as pernas me dando total atenção.

—Ele te estuprou? — sussurra completamente chocado.

—Sim... — sussurro ainda mais baixo. Ouvi seu suspiro pesado, como se estivesse com raiva.

O silêncio caiu sobre nós e eu resolvi perguntar:

—Você sabe o que é apanhar Victor? —olho para ele que nega com a cabeça e eu volto a encarar o chão. —É uma merda, principalmente apanhar de alguém que você "gosta". —faço aspas com o dedo e resolvo olhar para ele.

—Você gostava dele? —pergunta perplexo.

—No começo sim, quando ele era romântico mas depois foi ficando horrível e ele foi me convencendo de que tudo o que fazia era por amor. E quando essa desculpa não colou mais ele começou com as ameaças. — digo o encarando. —Eu tentei reagir, eu juro pra você que eu tentei mas eu sempre travava, porque quando eu era uma menina má, que menina má quer dizer ir ao shopping sem avisar ou sorrir no momento "errado". As punições eram sempre piores.

—Que tipo de punições? — ele me olha com preocupação.

Não sei porque estou contando minha vida pra ele mas estou me sentido um pouco mais leve, estou me sentindo como um vaso quebrado mas que tem conserto.

Me levanto do chão e ele me olha com atenção, caminho até a porta e a fecho, Volto para sua frente e tiro minha calça jeans e minha blusa de manga comprida, ficando apenas de lingerie.

Ele me olha com atenção e quando nota o que quero mostrar ele fica de joelhos chegando mais perto de minhas coxas.

—São queimaduras de cigarro? — seu tom é de raiva mas seu olhar é uma confusão de sentimentos.

Ele aproxima os dedos e toca minha coxa bem lentamente e se levanta, me viro de costas para ele e mostro mais algumas delas espalhadas.

—São mais nas pernas, ele dizia que era para as pessoas não verem. E que estava fazendo isso porque me amava. — minha voz é apenas um sussurro.

Victor não fala nada por um tempo e eu continuo de costas para ele, depois de mais algum tempo ele pega em meus ombros e me vira para ele.

Eu o olho e em seus olhos vejo algo que eu pensei nunca ver.

—Sai, sai agora do meu quarto. — aquele olhar some e agora da lugar a confusão.

—Eloah eu... — ele vem encostar em mim mas me afasto.

—Sai agora. — abro a porta e fico olhando até que ele saia e quando sai bato a porta e tranco.

Eu sabia que não deveria ter mostrado a ele, sabia, agora ele tem nojo de mim.

*****
Dia seguinte.

Acordo cedo e desço indo para a cozinha chegando lá todos estão na mesa e à somente lugar ao lado de Victor.

—Bom dia. —meu tom e seco e duro.

—Bom dia. — todos respondem ao mesmo tempo.

Pego uma bandeija e começo a arrumar meu café na mesma.

—Não vai se sentar a mesa? — Roberta pergunta enquanto mastiga o pão de queijo.

—Não. — saio da cozinha e volto para o quarto.

Não demora muito e Elo entra no quarto e se senta de frente para mim.

—O que aconteceu?

—Nada. — minto.

—Eloah Rivera eu te conheço muito bem, o que aconteceu? — meus olhos se enchem de lágrimas e ela vem me abraçar. Começo a chorar em seu ombro e ele alisa minhas costas.

—O Victor ontem, eu mostrei as marcas pra ele Elo e ele me olhou com nojo. — digo soluçando, ela me afasta e me olha incrédula.

—Ele fez o que? — seus olhos agora são de raiva e ela sai do quarto correndo.

Sei o que ela vai fazer então tranco a porta e vou para o banheiro, ligo o chuveiro para fingir estar no banho.

Escuto uns gritos de Eloysa no andar de baixo, mas não entendo o que ela diz por conta do chuveiro ligado. Depois de uns minutos Elo está batendo na minha porta dizendo que Victor quer falar comigo. Ignoro os dois.

A insistência de Eloysa foi tanta que eu acabei tomando banho de verdade e fiquei lá horas, depois que minha irmã saiu da minha porta desligo o chuveiro e me deito na cama apenas de calcinha e sutiã e acabo cochilando.

***

Não sei por quanto tempo dormi mas acordo com um barulho na janela, me viro já com a arma em punho, sempre a deixo embaixo do travesseiro.

Victor está em pé ao lado da janela com a respiração ofegante.

—Abaixa esse treco, eu ainda não tô cem porcento desse. Depois você me dá outro se quiser. — eu até riria se não fosse pela mágoa. Continuo com a arma apontada para ele. Me levanto.

—Você está me assustando. — em sua voz notasse o medo.

—O que quer aqui? — coloco a arma na cama e continuo de pé, me lembro que estou somente de roupas íntimas e pego um lençol para me cobrir.

—Eloah para. — ele puxa o lençol de mim. —Você tem um corpo lindo, e não são essas marcas que vão dizer ao contrário. Eu não olhei pra você com nojo, não mesmo. Nojo eu tenho dele que fez isso com você. Desculpa se entendeu errado. — em seus olhos vejo sinceridade e em seus lábios minha redenção e ela está me gritando.

Encaro os lábios de Victor e ele parece me entender, ele se aproxima e me beija, um beijo rápido e cheio de desejo, quero puxá-lo para mais perto porém lembro de seu machucado e me contento com o espaço que estamos.

Os pecados vem em peso em minha mente e mais uma vez sei que Victor não é pra mim.

—Não Victor, não isso não pode acontecer. — estamos ofegantes ele me olha e sai do quarto sem dizer mais nada.

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Vigésimo sétimo capítulo com atualizações 🌹

Eloah Rivera: A Rainha da Máfia. Where stories live. Discover now