Semimorta

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''Cuidado com o destino, ele costuma a brincar com as pessoas.''

Charlie Brown Jr


Eu gostava da forma que os homens me olhavam. Depois de tanto tempo sentindo nada além do torpor,qualquer sensação era bem vinda. Até chegar a essa cidade tinha quase certeza de que permaneceria naquele vazio para sempre e,quando, nem mesmo as drogas que eu forçava em meu corpo faziam aliviar,por vezes no desespero recorri a autoflagelação .Foi somente muito depois que,meio que sem querer,acabei descobrindo que dar meu corpo para alguém também poderiam me fazer reagir.No entanto,sexo com estranhos não tinha nada haver com prazer,era apenas outra forma de castigo.

Equilibrei a bandeja em uma das mãos e estufei o peito enquanto caminhava em direção a mesa do carinha que estava me secando a semana toda. O uniforme laranja e vermelho da lanchonete era feio, mais com os dois primeiros botões da camisa polo abertos a renda negra do meu sutiã era muito eficaz. Agora, vai ou raxa...


- Posso fazer mais alguma coisa por você? - Fiz questão de me curvar para ele além do necessário enquanto o servia de sua cerveja.

Deslizando as mãos da minha coxa até meu bumbum sussurrou contra a pele do meu braço - Seu telefone,delicia.- O cara não era bonito, também não poderia descreve-lo como atraente. Seu corpo era magro e curvado e o pouco de cabelo que tinha era gorduroso e sujo. Mais iria servir, eu já estava sentindo-me sufocada. Não agia guiada pela atração.

- Meu turno termina daqui meia hora, por que não vai até lá atrás e me espera?- Não lhe daria meu número,nunca dava. Era uma coisa de uma vez só, não os queria me importunando para outra rodada.

Mexendo bastante o quadril lhe dei uma piscadela antes de voltar para a cozinha. Depois de retirar o avental guardei minhas gorjetas e bati meu ponto. Eu sabia que o normal antes de ter relações seria tomar um banho e se perfumar. Eu não iria, pouco me importava que ainda estivesse cheirando a fritura,cerveja e suor.

- Vejo que seu gosto para homens só tem piorado ao longo dos dias. Agora além de asquerosos também anda trepando com os drogados?!

A voz julgadora de minha- não tão colega- de trabalho soou ao meu lado. Me virei para encontrar um olhar de nojo. Eu ainda não intendia bem seu ódio por mim desde o primeiro dia, seis meses depois e o apedrejo não tinha diminuído em absoluto. Em contrapor,em nada me atingia. Sophie era ruiva e esbelta como uma modelo. Também tão rude quanto um marinheiro,eu podia lidar com tipos assim. Vinha lidando com eles minha vida toda.

- Vejo que anda enfiando o dedo na garganta outra vez?!

Bufando Sophie passou por mim, mais não sem antes trombar forte contra meu ombro.Parece que seu método de emagrecimento ainda era um assunto delicado.Sorri presunçosa, era tão fácil tira-la do sério.

✞ ✞✞


- Você é tão gostosa. - Seu halito podre e quente soprou em minha bochecha. Afastando meu rosto do contado, desviei minha boca para longe de seu alcance. Nem morta aceitaria seus lábios fedidos contra os meus. Eca...

Acelerando a tortura, subi minha mini saia e enfiei as mãos entre as pernas colocando minha calcinha para o lado. E antes de deslizar seu membro ainda meio mole em mim, conferi se a camisinha estava bem colocada. Podia trepar com qualquer desconhecido que me desse um segundo olhar,mais não era estupida. Tinha televisão em meu pequeno apartamento compartilhado. Doenças sexualmente transmissíveis ainda eram um grande problema,infelizmente . Além do risco de um bebê indesejado,logico .

Seus grunidos pareciam animalescos, como um bicho com dor. Fechei os olhos novamente com aquele leve formigar nas pontas dos dedos dos pés,a dor de sentir-lo empurrar contra mim com força, sem delicadeza. Flutuava para outro lugar, era muito melhor do que os efeitos das drogas que uma vez usei.Os apertos e arranhões que ardiam , as mordidas que deixariam marcas. Quase sorri...

Não posso dizer com detalhes como de fato tudo aconteceu, mas em um segundo ele estava agarrado aos meus cabelos tão forte que minha cabeça pendia para o lado e, no próximo,não estava mais. Abri os olhos e vi seu corpo magrelo deitado no chão em um angulo estranho.Confusa com a mancha vermelha que do nada começou a se formar em sua camisa, me agachei ao seu lado e toquei seu pescoço. Sem pulso.Que diabos?!

- Merda, você é uma beleza,não é? Odeio que tenho que atirar em você.- Proferiu uma voz rouca antes da dor me atingir na cabeça e a escuridão me sugar para longe.

Soldiers MC - Soldado Sem AlmaWhere stories live. Discover now