Parte 1

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- Boa noite, Sr. Mitchell. Não, ainda não. É provável que até segunda-feira já tenha chegado na loja. Pode deixar que aviso sim, Sr. Mitchell. Até mais.

- Era aquele velho chato de novo? Ele deve ter ligado umas quinzes vezes de ontem pra hoje, e em todas as vezes eu disse que a porra da editora ainda não enviou a porra dos livros. E além do mais, que tipo de gente velha lê John Green? Me poupe.

Trabalhar com Maddie não era uma tarefa fácil. Desde que comecei a trabalhar na livraria, tinha de passar seis horas do meu dia convivendo com uma adolescente rebelde que só sabia mascar chicletes e reclamar da vida.

Madison Grazel era neta do Sr. e da Sra. Johnson, proprietários da S&J Bookstore & Coffee, a livraria mais famosa da cidade, que ficava no shopping do centro. Maddie era obrigada a trabalhar lá, já que havia saído da escola.

Ela frequentou nove colégios e foi expulsa de oito deles. Do último, saiu por conta própria. Ela era uma verdadeira garota-problema, e vivia metida em brigas ou matando aula.
Criada pelos avós, eles deram a ela um ultimato: ou começava a ajudá-los na livraria ou eles a mandariam para um colégio interno, o que não era uma ótima opção, ja que ela provavelmente seria expulsa dele também.

Já fazia um ano desde que eu havia saído de Mainytown. Os seis primeiros meses de meu retorno foram um verdadeiro martírio: quando eu não estava chorando em posição fetal pelos cantos da casa, estava me embriagando no bar da esquina, o que no final dava no mesmo, já que eu chorava durante todo o tempo em que estava lá. George, o proprietário, me confessou que, uma vez, quando eu já estava meio alta, ele trocou minhas doses de tequila por água, e eu nem sequer percebi. Além disso, ele sempre me levava pra casa no final da noite.

Eu não estava nem comendo nos primeiros dias, e foi então que a preocupação dos meus pais se atenuou. Para rejeitar comida, eu deveria estar realmente um caco, já que em um estado normal seria capaz de comer até o reboco da parede. Porém, essa tristeza não durou muito tempo, já que, três meses depois, Mary Anne nasceu.

Com quase três quilos, Mary era simplesmente o bebê mais lindo do mundo. E não digo isso apenas por ser minha sobrinha. Com os olhos claros, bastante cabelo, gordinha e bochechuda, ela era a alegria da casa. Sempre sorridente, já completara seu 8° mês, e engatinhava pela casa toda.
Josh e Treena faziam uma espécie de guarda compartilhada: Mary ficava uma semana com cada um, e como nós morávamos perto, era bem mais fácil.

Josh, assim como eu, estava numa foça danada. Relutou muito nos primeiros meses em que estava separado de Treena, já que ele achava que havia alguma esperança de voltarem. Porém, quando Treena começou a sair novamente com o ex-namorado (que adorava postar fotos a abraçando), Josh percebeu que não tinha mais volta. A foça sincronizada na casa serviu para unir mais papai e mamãe, que sentiam a necessidade de cuidar de seus filhinhos que acabaram de ter seus corações partidos.

- Ô de casa, cheguei!

- Olha quem está aqui! Vai com a titia!

- Mas que linda que ela tá a com esse body... A titia ama tanto! Cadê o papai?

- Josh teve que voltar para a empresa. O chefe dele ligou e o mandou comparecer à uma reunião de emergência que aconteceria.

- Esse chefe do Josh adora marcar reuniões, né? Os funcionários não podem ter um dia de sossego? Deus me livre! Agora a titia vai tomar banho, meu amor. Vai lá com a vovó.

Naquele dia, tomei um banho, fiz uma maquiagem linda e coloquei o vestido que havia comprado na semana anterior.
Por muita insistência de Rebecca, que claramente não gostava de me ver sozinha, eu havia me inscrito em um site de relacionamentos.

Mr. Lovely JonesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora